terça-feira, 5 de agosto de 2008

Big Bang e Cientologia. Ou “das explicações absurdas”.


Essa semana recomeçaram as aulas. As minhas? Não. As dos meus alunos...

Sentada na mesa com os demais professores, disse em tom de piada: vou começar do começo: minha primeira aula será sobre o Big Bang.

E foi sim. Nesta aula sempre pergunto logo no começo o que os alunos acham e quais explicações já ouviram sobre o surgimento do Universo. O objetivo disso é dar ensejo a uma explanação sobre as diferenças entre ciência e religião, que elas se pronunciam sobre esferas diferentes da existência, que o Big Bang não significa que a Bíblia esteja errada, que os cientistas não se baseiam em “achismos”, mas em observações e estudos aprofundadíssimos, enfim, introduzir uma certa consciência crítica nos alunos a respeito do debate criação x evolução.

Tenho que usar os termos que eles compreendem, e não há exemplo melhor para quebrar a literalidade bíblica que o segundo relato da criação do homem, aquele que diz que o homem foi modelado do barro (Gn 2:7). Digo: Ora, sabemos que esse trecho não é literal, pois não somos feitos de barro, e não é lama que corre em nossas veias. Somos feitos de carne, e em nossas veias corre sangue. A Bíblia está “mentindo”? Não. Ela usa uma linguagem parecida com a poesia para explicar como os homens da época de Moisés compreendiam a forma como o homem foi criado.

Muito bem, me parece que eles compreenderam a mensagem de alguma forma. Mas antes dessa digressão eu estava no momento em que pergunto aos alunos como eles acham que o Universo foi criado.

Normalmente escuto apenas: “Ah, o Universo foi criado por Deus em sete dias” ou “Ah, teve uma explosão que deu origem a tudo”. Mas dessa vez ouvi algo mais. Um menino disse em tom jocoso: “Ah, eu acho que foram os ET’s que criaram a Terra.”

Até pensei em rir, mas meu cérebro foi mais rápido e me impediu. Tom Cruise e John Travolta começaram a espocar em minha mente em algum filme inexistente que eu acabara de inventar.

Eu não ri, e pelo contrário até disse: “È, quem sabe não foi assim?”

Lembrei-me da cientologia. Pra quem não conhece, a cientologia prega algo parecido com o que surgira espontaneamente na mente engraçadinha do meu aluno: foram alienígenas os responsáveis por isso tudo. Vejam só que matéria superinteressante :D

http://super.abril.com.br/revista/254/materia_revista_285219.shtml

Hehehe, mesmo para o espiritismo seríamos todos exilados de Capela... Coisas da vida...

Em determinado ponto da aula, referi-me à recente descoberta pela NASA de água (ou gelo, não lembro) em Marte. Muito legal. Assim, seria mais possível criarmos uma colônia humana lá. Disse a meus alunos que toda a vida na Terra é baseada na água, e que por exemplo um ser humano não sobrevive em média mais de 3 dias sem ingerir água. Isso não levantou mais comentários até que bem no finalzinho da aula o aluno-bonzinho padrão (é, até na FEBEM tem...) me chama e me pergunta baixinho: Mas, professora, se um ser humano agüenta só 3 dias sem água, como é que Jesus passou 40 dias no deserto sem beber nem comer?”

:o

Boa pergunta, Felipe.

Ah, mas aí foi milagre... :)

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