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sexta-feira, 8 de julho de 2016

Quatro motivos porque somos contra a compra e venda de filhotes de raça.


Você tem uma cachorrinha fêmea de raça. Ela é muito linda, fofa, meiga, uma gracinha. Aí você pensa "Ah, que mal tem? Vou cruzar minha cachorrinha, vender os filhotinhos, fazer algumas famílias felizes e de quebra ganhar uma graninha extra, que mal tem?" 

Aí você compartilha o anúncio da venda dos filhotinhos, tão lindinhos, e não entende porque aparecem uns malucos que se dizem "protetores de animais" te criticando. O que é que você está fazendo de errado, trazendo lindos filhotinhos de raça ao mundo? Que mal tem isso? 

Ou você leva os filhotinhos pra uma feira de pets e aparecem uns loucos protestando contra os maus-tratos aos animais, contra os canis de fundo de quintal, mas você não tem nada a ver com isso, né? Seus filhotinhos são "puro fruto do amor", ainda que vez por outra você saiba que alguns deles morrem logo depois de vendidos. Que pena, né? São tão pequenos e frágeis... Mas não dá pra devolver o dinheiro...

Os protetores de animais nada têm contra cachorros de raça. Amamos cachorros. E gatos. E todos os pets. Sem raça, com raça, de meia raça, de qualquer jeito. O que somos contra é a irresponsabilidade, a exploração e o abandono. Vamos, portanto, tentar explicar pra você, que nós acreditamos que goste de cachorros, porque você deveria parar de cruzar o seu e vender os filhotes.

1 - Você está arriscando a vida, e explorando biologicamente, seu próprio cachorro, a cada gestação. Cada gravidez traz inúmeros riscos de complicações e problemas, ainda mais em raças pequenas. Por melhores que sejam os cuidados que você dedica à fêmea matriz, cada gestação sacrifica o corpinho da sua fêmea.

2 - Você está causando danos psicológicos à fêmea matriz e aos filhotinhos prematuramente desmamados. Imagine o que é uma mãe ser engravidada uma vez por ano, amamentar só até os três meses e ter seu bebê arrancado de si e vendido, como se fosse mercadoria. E para o bebê, ser separado da mãe tão cedo... Não parece legal, né? Se não é legal pra você, porque seria legal para aquela que você chama de "filha"?

3 - Cada filhote vendido é um cachorro de rua a mais que nunca encontrará um lar. Cada pessoa que compra um cachorro, se não fosse possível comprar, adotaria um, que seria retirado da rua. Portanto, cada lindo filhotinho que você traz à vida tira o lugar que poderia ser ocupado por um cachorro de rua.

4 - Cachorros não são mercadoria, e muitas vezes são comprados por pessoas irresponsáveis, que os abandonarão assim que derem "problema". Tome-se por exemplo o filhotinho presenteado no auge da paixão, num dia dos namorados. E depois que o namoro acaba? E o filhotinho lindo, que cresce demais para morar em apartamento? E aquele que late demais, e os vizinhos reclamam? Sim. Muitos desses acabam simplesmente abandonados na rua, pro dono "se livrar do problema". E, na rua, acabam se reproduzindo sem controle. Mas seus filhotes mestiços não serão adotados, porque  a "avó matriz" continua produzindo lindos filhotinhos, até morrer.

Nós, protetores de animais, acreditamos que você seja uma pessoa boa, que realmente ama seus cachorros, e pedimos que você reflita sobre esse texto e se questione se realmente é certo continuar cruzando seus filhinhos e vendendo seus netinhos.

Porque para nós o amor não tem preço. E filhos e netos não se compra nem se vende.





domingo, 24 de agosto de 2014

Pequeno guia com 12 dicas para os iniciantes na Internet



1 - Não aceite a amizade de estranhos. Tem gente que sai adicionando os outros "de bobo", outras que adicionam para passar vírus e dar golpes virtuais. E outras ainda que adicionam desconhecidos por motivos ainda mais escusos, criminosos mesmo. Simplesmente não aceite a amizade de ninguém que não seja previamente seu amigo na "vida real".


2 - Se você for menor de idade, não use uma foto de perfil (avatar) em que isso seja perceptível. Infelizmente, a internet está cheia de pedófilos e fotos que você acha normais e inocentes podem ser vistas de outra forma por esses tarados. Se você é menor, use como foto de perfil uma foto de um desenho, uma flor, uma paisagem, um personagem, de forma a que simplesmente pela foto o pedófilo não identifique que você é uma criança ou adolescente. Outra forma de evitar pedófilos é informar no seu perfil outro ano de nascimento, mais antigo, de forma a que os desconhecidos achem que você já é maior de idade. 


3 - Se algo é segredo, você deve ser o primeiro a guardá-lo. Não conte a NINGUÉM. Se você mesmo "espalha" o seu segredo, como pode achar que os outros vão guardá-lo? Procure, você mesmo, não espalhar fofocas nem publicar nada que ofenda a terceiros. Você poderá ser acionado judicialmente e processado no "mundo real" pelas coisas que publica na Internet.


4 - Nunca, jamais, em nenhuma circunstância, faça fotos "sensuais" ou nu. Nem com seu namorado, noivo ou marido. Pode parecer que "não tem nada de mais", mas tem sim. As pessoas são muito neuróticas com sexo e nudez. Uma única foto sem roupas poderá transformar sua vida num inferno, te tornar alvo de chacota e destruir sua reputação... para sempre. 


4 A - Pense: as pessoas cobram, muito caro, para posarem nuas... Por que você faria isso de graça... a menos que pretenda "divulgar seus serviços sexuais"? É justamente isso que as pessoas pensarão ao ver suas fotos nuas: que você é um profissional do sexo.


4 B - Pense nisso antes de tirar fotos com seu namorado ou marido na hora da "empolgação". Hoje vocês se amam de paixão, mas e quando esse relacionamento acabar? As pessoas são vingativas e aquele que você acha que é o "amor da sua vida" pode no futuro, por raiva, vazar na net suas fotos íntimas. Ele vai parecer um "garanhão conquistador", e você sairá dessa como uma "prostituta". Imagens que para você são de "amor", para os outros são pornografia.


4 C - Mesmo que você não seja vítima de um ex vingativo nem você mesma publicar as fotos "sensuais" que tira escondido de si mesmo, pense: e se você perder ou alguém roubar seu celular, tablet ou pen drive com essas fotos? E se um hacker invadir seu computador? Você acha que o ladrão terá algum escrúpulo em vender suas fotos para sites pornográficos ou de pedofilia? Com certeza, não. A única forma de se proteger disso é nunca, jamais, em nenhuma circunstância, tirar fotos sugestivas ou sem roupa. E até de biquíni.


5 - A internet é uma praça pública. Tudo o que você publicar será usado contra você, mesmo 50 anos depois. Tome muito cuidado com publicações polêmicas, brincadeiras "aparentemente inocentes" e "zoações" em geral. Se um dia, daqui a 30 anos, você for candidato a presidente, aquela sua foto entornando uma garrafa de vodka, ou com o "dedinho na boca" pode, e fará, você perder a credibilidade diante dos eleitores.


6 - Não faça postagens públicas, selecione "só para amigos". Proteja-se dos curiosos e dos haters (gente que te odeia). Seja cioso de sua intimidade, explore e se informe sobre as opções de configuração de privacidade com cuidado para que não "vazem" informações suas por aí sem o seu conhecimento.


7 - Se você for publicar algo e perceber que seus pais, ou seu chefe, não aprovariam, não publique. Nenhuma piada ou gracinha vale você "queimar seu filme" com aqueles que determinam o seu sustento.


8 - Pense se vale mesmo a pena atualizar seu "status de relacionamento" toda vez que trocar de namorado ou "ficante". Pense que no futuro quando você encontrar sua "cara metade" você pode até perdê-la se ela pesquisar e descobrir que você já teve 20 ou 30 outros parceiros. E também no que seu "grupo de amigos" vai pensar de você se você troca de parceiro engatando um novo relacionamento "sério" mês sim, mês não.


9 - Quando estiver namorando, não exagere nas "fotos românticas" e não publique fotos beijando. No futuro, se o relacionamento acabar, você vai odiar essas fotos, bem como seus futuros parceiros. Você poderá deletar as suas, mas e se houver várias dessa fotos, com dezenas de diferentes parceiros, nos perfis de outras pessoas? Nessas você não conseguirá "dar sumiço" e podem ser fruto de grande desconforto, dores de cabeça e crises de ciúme.


10 - Pense que um dia você terá filhos, netos e bisnetos. E talvez, se você não viver muito, eles só te conheçam a partir dos seus perfis nas redes sociais. Não publique coisas que poderiam envergonhar seus bisnetos daqui a 50 anos. Na internet tudo é eterno.


11 - Não perca o sono. É tentador "virar a madrugada". Não vale a pena. Não há nada que seja publicado depois da meia-noite que não possa esperar o dia seguinte para ser curtido, comentado e compartilhado. O sono é fundamental para nossa saúde e bem estar. Dormir poucas horas te fará se sentir mal e produzir pouco no dia seguinte. Durma pelo menos 8 horas por noite. E mais, se possível.


12 - Cadastre no seu perfil do Facebook todos os livros que ler e filmes que assistir. É uma forma legal de divulgar que você tem interesses culturais, de passar uma imagem positiva para todos. E, em nosso mundo, infelizmente, mais importante do que "ser" é "parecer" ou "divulgar". Cuide para que as informações que divulga sejam positivas, falem bem, e não mal, de você.


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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Da Máfia chinesa



Em texto anterior, mencionei que minha segunda experiência profissional foi em uma firma de videokê comandada por chineses, e au passant que meu desligamento desta empresa não foi tão pacífico. Vamos aos detalhes.


Os japoneses, ao que me consta, criaram uma forma de entretenimento denominada "karaokê", termo que significaria "sem banda". Pelo mundo espalhou-se o hábito de, em bares e locais de entretenimento, haver uma máquina que, com o acionamento de moedas, tocava a trilha de uma música, possibilitando aos clientes o entretenimento de cantá-la.


Na passagem entre os 1990 e os anos 2000 o karaokê "evoluiu" para o videokê, com o avanço de que agora havia uma tela que mostrava a letra da música a ser cantada. Rapidamente começaram a pulular pelos bares as "jukebox de videokê". E justamente no fornecimento de "máquinas de videokê" a empresa King Star entrava no mercado.


Entrei em contato com ela através do meu então colega de cursinho, e para sempre grande amigo, Henrique "Figura". Ele morava no mesmo prédio do dono da empresa, e assim conseguiu o emprego. No curso pré-vestibular Figura verificou que meu domínio do português era muito bom, e me convidou, a princípio, para um trabalho freelance como revisora da grafia da letra das músicas. Me forneceu um equipamento e por alguns finais de semana gastei todas a minhas horas livres nisso, entregando o trabalho antes do prazo.


Meu trabalho causou boa impressão e me convidaram para um trabalho fixo na King Star. Adorei pois seria minha segunda experiência empregatícia, e o local de trabalho ficava a 300 metros da minha casa no Tatuapé. Sem registro em carteira, receberia, em 2001, 300 reais por mês, o que creio que fosse próximo ao salário mínimo da época.


O dono da empresa atendia pelo nome "brasileiro" de Fernando, meu xará. Era um taiwanês de 26 anos com esposa e filho pequeno, empreendedor arrojado que também empregava seus irmãos, que atendiam por Cris e Mário. Soube que antes de se dedicarem ao videokê trabalhavam com máquinas de caça-níquel, mas que haviam abandonado esse ramo por conta da proibição legal e subsequente fiscalização.


Figura rapidamente me ensinou seu métier, que era bem mais simples do que eu pensava. As máquinas, semelhantes a DVD players, vinham prontas da China. A nossa parte era desenvolver o software. Ou, mais precisamente, adicionar o máximo de músicas ao acervo do software do videokê. Baixávamos pela internet arquivos .mid com a melodia e também pesquisávamos a letra dessa canção. Nosso trabalho era simplesmente o de sincronizar letra e música, acertando compassos, timbres e tons.


Mesmo sem saber quase nada de música e sendo incapaz de tocar qualquer instrumento, era muito simples esse trabalho. E até o de multiplicar músicas, se gravadas por mais de um artista. Nosso trabalho frutificava, e as vendas iam bem até o ponto em que foi contratado um terceiro membro para nos ajudar. Após algumas entrevistas, selecionaram Roberto Mautone Jr., que frequentava minha sala do cursinho pré-vestibular.


Tudo ia muito bem... Até que... A China chamou.


Nosso chefe Fernando não nos explicou muito bem os pormenores, mas pelo que pude entender, o capital que havia usado para iniciar o negócio viera de Taiwan, de parceiros comerciais que, portanto, eram sócios no seu negocio na King Star. Aparentemente seu sócio em Taiwan estava passando por problemas, ou desconfiava de sua retidão na condução da empresa, e portanto enviaria "emissários" para um tipo de "auditoria"


Os chineses que vieram eram 2, um homem e uma mulher, esta aparentemente esposa do superior de Fernando, e aquele aparentemente seu "testa de ferro". Só falavam chinês e um pouco de inglês. Sendo nós contratados numa firma com 3 chineses e 3 subalternos brasileiros, ouvir chinês para nós era corriqueiro. Fernando, com seu sotaque pesado, veio me perguntar se eu "realmente falava inglês de verdade" e quando disse que sim, me pediu que fizesse um "meio de campo" com os visitantes, os levasse para passear no bairro, almoçar, etc, e assim fiz.


Foi numa dessas oportunidades que descobri que minha primeira tatuagem não era em japonês, mas em chinês. No dia de meu aniversário de 18 anos eu comparecera a um estúdio de tatuagem. Folheara o portfólio e selecionara duma folha onde se lia "Letras japonesas" o ideograma sob o qual estava escrito "verdade". Estava tranquila desse fato até que o "testa de ferro" do chinezão, ao vê-la, abriu um sorriso e disse: "nice, honesty!"


Eu disse "I beg your pardon, what did you say?" E ele disse "I just read your tattoo". Repliquei: "can you read it? Is it in chinese? I thought it was 'truth' in japanese". E ele disse meio que rindo da minha cara "well, it's chinese, and says 'honesty', wich also can be translated as 'truth'." Me senti meio tranquila e meio lograda. Pelo menos eu não havia tatuado "conteúdo 300 gramas" ou "sopa de cebola".


Após algumas semanas chegou da China, ou de Taiwan, pois para eles "era tudo a mesma coisa" o chefão cuja esposa eu estivera ciceroneando, mesmo com seu péssimo inglês. Aparentemente vinha para "tomar o negócio" do Fernando. Num sábado de janeiro de 2002, logo após eu fazer as provas da segunda fase da FUVEST o Fernando nos disse para ir ao trabalho "normalmente", mas para ficarmos alerta, pois algo de importante aconteceria. Eu, Figura e Beto permanecemos no andar de cima, em nossos computadores, enquanto "a chinesada" fez uma reunião no andar de baixo. No meio do expediente, ouvimos do andar de cima barulhos que pareciam de uma briga física entre eles.


Quando se aproximou a hora do fim de nosso expediente, Fernando subiu as escadas, foi à nossa sala, nos dispensou e me entregou, numa caixa, uma fita de vídeo VHS. Me pediu que a ocultasse em minha bolsa, a levasse para minha casa, e disse que mais tarde, ainda neste dia, a iria buscar. E que eu a guardasse enquanto isso como a minha vida. Ok. Enquanto íamos embora, o testa de ferro do chinesão chamou o Figura para uma conversa particular.


Beto me acompanhou no curto trajeto até minha casa e, lá chegando, não nos contivemos em colocar a fita no meu videocassete, rebobiná-la e assisti-la. Era uma gravação de uma câmera escondida colocada na luminária do teto da sala onde acontecera a reunião, no andar de baixo. A "chinesada" obviamente só falara em chinês, mas mesmo não compreendendo uma só palavra, assistimos tudo, vidrados.


A linguagem corporal não deixava dúvidas. Travavam nosso chefe Fernando, o chinesão seu superior e seu testa de ferro que reconhecera minha tatuagem uma discussão aguerrida, por conta de dinheiro ou da condução da empresa. Assistimos ao momento em que o "chinesão big boss" deu uma série de socos na mesa, e este fôra o barulho que nos alarmara, ouvido do andar de cima.


Ao fim da tarde nosso chefe Fernando veio bater à porta da minha casa, perguntando com ansiedade e insegurança de menino "onde estava a fita". A entreguei na mesma caixa, sem lhe informar que a assistira, e ele a abraçou como a uma joia preciosa.


Abriu um sorriso, me agradeceu pela discrição e disse:


"Essa fita vai salvar a minha vida".


Na semana seguinte recebi a notícia de havia sido aprovada no vestibular da USP para o curso vespertino de História e pedi meu desligamento da King Star. E soube que o "chinesão big boss" não era o "big boss" after all. Que havia, acima dele, lá na China, um "chefão" superior, e que essa fita da discussão em chinês lhe havia sido remetida por Fernando como uma forma de provar sua honestidade na condução do negócio, no intento de "queimar", lá na China, com o "verdadeiro chefão" aquele que socara a mesa da King Star.


Nesse meio tempo o Figura nos revelou o conteúdo de sua conversa com o chinês. Ele sofrera uma tentativa de suborno. O chinês lhe dissera que a King Star seria desfeita, e o convidou para "virar a casaca": abandonar o Fernando e passar a trabalhar diretamente para ele, o que lhe valeria um reajuste salarial de 50%. De 300 passaria a ganhar 450 reais. Só ele, eu e o Beto não. Não havia espaço para nós. Figura nos disse que por nenhum momento cogitou aceitar isso. Que conhecia o Fernando há anos e não colaboraria com essa "puxada de tapete". Que não aceitaria essa proposta, levando o know-how que aprendera com o Fernando, para seus agora "inimigos" e futuros concorrentes. Que não faria parte deste "golpe empresarial" que resultaria no fim do emprego meu e do Beto, seus "trutas". O Figura sempre foi muito "firmeza".


Depois disso, não mais soube que rumo levou essa contenda. Com o avanço da tecnologia, e o fim da moda, essas máquinas de videokê que vendíamos caíram no ostracismo. Não há mais quem as compre. Não sei que rumo tomaram Fernando e seus irmãos. Mas tenho certeza que estão enriquecendo, empreendendo, trabalhando diligentemente, como os chineses, ou taiwaneses, sabem fazer tão bem.


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sábado, 5 de abril de 2014

Como faz bem fazer o bem



Como faz bem fazer o bem. Como fazer o bem nos faz sentir bem.


Percebi isso hoje.


Sempre tive medo/receio de mendigos, pedintes e moradores de rua. O típico medo da classe mérdia de ser assaltado, explorado, feito de bobo.


Embora os "valores cristãos" nos recomendem praticar a caridade e ajudar ao próximo, essas "boas ações" costumam ser cerceadas por diversos motivos:


1 - Recomendam não dar dinheiro aos pedintes. Pois dar dinheiro não apenas os estimula a continuar na mendicância, como a sua doação pode ser usada para a compra de entorpecentes que prejudicarão ainda mais a saúde, física e mental, destas pessoas.


2 - Recomendam, ao invés de doar diretamente aos pedintes, fazer doações a instituições de caridade, que usarão esse dinheiro em assistência social. Porém, grande parte desta verba é revertida para o pagamento dos funcionários dessa assistência, como os operadores de telemarketing que nos ligam e motoboys que vêm buscar nossas doações. Além de que grande parte dessa população de rua se recusa a ser "institucionalizada" pelo Estado ou ONG's.


3 - Recomendam até não dar comida em pacotes fechados aos pedintes. Era meu costume comprar pacotes de bolacha e miojo extra para dar aos pedintes. Porém em diversas ocasiões fui informada que é comum pedintes coletarem esses mantimentos e os trocar por pedras de crack nas "biqueiras".


4 - Recomendam não "dar trela" para moradores de rua. Pois grande parte deles apresenta problemas psiquiátricos e a última coisa que alguém quer é um morador de rua que "encafifou" com você. E, se você lhe der atenção ou doações uma vez, pode ser que ele bata na sua porta a toda hora, no estilo "você dá a mão, quer logo o braço."


Então, embora em algumas ocasiões tenha dispensado moedas apenas para me livrar rapidamente de pedintes, minha práxis comum tem sido ignorá-los, por mais mortificada que isso me fizesse sentir. 


De certa forma esse é um sentimento de culpa. Pela percepção do quanto somos abençoados por uma segurança financeira que se sustenta sobre a exploração e exclusão (ou inclusão perversa) dessas pessoas na sociedade.


Em São Paulo capital é tão grande o número de mendigos que eles chegam a fazer parte da paisagem, e tropeçamos neles sem pedir desculpas, considerando "um fato natural da vida" a existência de meninos de rua cheirando cola ao meio-dia na praça da Sé. 


Em Rio Claro - SP não há "meninos de rua" e mendigos como em SP. Estamos relativamente bem servidos por entidades de Assistência social. Temos orfanato, "Casa das Crianças", "Casa da Aldeia" (com "mães sociais") e a Casa Transitória que abriga moradores de rua. Portanto é raro, em Rio Claro, ver um mendigo jogado na calçada. E é de se supor que ao encontrar algum, ele esteja na rua justamente por se recusar à institucionalização, a ser "fichado e rotulado".


Esses andarilhos não querem "se enquadrar" no esquema de vida burguesa. O que sempre leva aos membros da "classe média", como eu, a passar por essas pessoas com ar de superioridade e desprezo, ignorando-as. E, ao sermos abordados, frequentemente nos sentimos aviltados "como ele ousa me dirigir a palavra, esse bêbado, esse drogado? Ai, que medo!" E passamos por eles correndo, virando a cara.


No dia de hoje estacionei meu carro em frente a um supermercado e perto dele havia uma casa lotérica, onde aproveitei para ir pagar umas contas. Nesse trajeto, passei a meio metro de um morador de rua. Ao passar por ele, me dirigiu algumas palavras, à quais me recusei a ouvir, passei direto, balançando minha cabeça em negativa, enquanto reparava em sua excessiva magreza. 


Prossegui meu caminho até a lotérica, pensando sobre ele, percebendo que seu jeito idiossincrático denotava que ele provavelmente era possuidor de transtornos mentais. E que estes poderiam ser o motivo de ele prosseguir na rua, recusando as possibilidades de Assistência Social que nossa cidade oferece.


Um bêbado, um louco, um drogado, um desajustado...


Pensando sobre isso na fila cogitei que direito tinha eu de julgá-lo. Netinha do vovô militar que sou, em tudo o que tive estímulo, ele teve desilusão. Em tudo o que tive oportunidades, ele teve barreiras. Em tudo o que tive conforto, ele teve dureza. Em tudo o que tive aconchego, ele teve violência.


Pequeno e magro, jogado na calçada, minha negativa em ajudá-lo começou a me incomodar. Era meu conforto que me incomodava. Era minha arrogância de superioridade que me incomodava. Era a percepção de que na verdade, pequenas circunstâncias da vida dos separavam, que me incomodava. Mas, sobretudo, que eu teria que passar de novo por ele, na volta a caminho do mercado, que me incomodava.


Resolvi que "daria uma chance às circunstâncias": se no trajeto de volta ele falasse comigo de forma que eu não me sentisse ameaçada, o ajudaria. Não com dinheiro. Isso seria pedir demais.


Na volta, mais uma vez ele falou comigo, baixo e timidamente, já antecipando ser ignorado por mais uma patricinha arrogante. Mas, para sua e minha surpresa, parei e o olhei, como a um ser humano, como talvez nem ele mais me sentisse e poucos (inclusive eu) o considerassem. Me dissera sussurrando:


- Me dá uma ajuda...


Parei e lhe disse com a maior simplicidade que pude:


- Você está com fome, sede? Estou indo no mercado, me fala do que você está precisando.


Ele abriu um sorriso amplo, mas com poucos dentes, e disse "Uma Coca". Talvez tenha pensado que se tivesse pedido uma aguardente, eu recusaria, mas eu não teria recusado. Teria-lhe sim comprado um litro de pinga, se pedisse. Na sua condição, é mais do que compreensível que queira se entorpecer. Mas só me pediu um refrigerante e isso me fez ter vontade de também lhe comprar algo de comer.


Fui ao mercado e peguei uma Coca de 600 ml pensando que depois que poderia usar a garrafa para guardar água. Fui à padaria do mercado e peguei uma bandeja de bauru de forno, quentinho, com guardanapos e sachês de maionese e mostarda. Passei pelo caixa e fui levar até ele.


- Comprei uma Coca e uma coisinha pra você comer também.


Ele abriu um sorriso um pouco mais largo, com um dente a mais e disse:


-Deus lhe abençôe!


Tenho certeza que isso me trouxe mais bem-estar do que a ele. Que este ato, quantitavamente, mais aliviou a minha própria culpa por me sentir abençoada e pouco solidária do que a fome objetiva dele. Ele se sentiu um ser humano, mas eu me senti um pouco mais "superior e boazinha".


Ao fazer essa "boa ação" que me fez sentir tão bem, me lembrei de todas as vezes nas quais, em circunstâncias similares, passei reto, ignorei, não ajudei quem previsava, e rapidamente essa intercorrência cotidiana foi esquecida. Como poderia tudo ter sido tão mais simples. E humano...


Graças a Deus, há vários anos tenho emprego fixo, segurança financeira e comprar um refri e um salgado de vez em quando para um pedinte não me custa nada nem faz rombo algum no meu orçamento, cada vez menos apertado. O que me impedia era o medo, tudo aquilo que, com certa sabedoria da experiência, nos recomendam para nossa salva-guarda.


Não escrevo isso para esfregar na cara de quem quer que seja que "sou boazinha" ou alardear "minha caridade", mas justamente para dizer que não costumo praticar caridade diretamente aos que dela necessitam, me abordam pelas ruas e pedem. E que hoje o resolvi fazer, pela primeira vez. E que, com isso, percebi que a oportunidade que esse mendigo me deu para lhe "fazer o bem" trouxe um benefício maior a mim do que a ele. Acho que, a partir de agora, rompida essa barreira, poderei fazer coisas simples como essa mais vezes. Com menos medo da próxima vez.





sábado, 6 de julho de 2013

Dos poodles brancos

Em postagem anterior, relatei a "história de vida" de dois cachorrinhos que tive ( http://inadvertidamente.blogspot.com.br/2010/11/prosaica-elegia-de-jade-e-lucca-meus.html ), como viveram e, tristemente, morreram.

Mas a vida dá muitas voltas, e às vezes parece que torna a nos colocar diante das mesmas situações, como se o tempo fosse cíclico.

Desde o falecimento de Jade, em outubro de 2010, guardei-lhe um longo luto. E por um bom tempo ter outro cachorro pareceu-me fora de questão. Sentia como se ao pegar outro cachorro eu estivesse sendo infiel a Jade, como se ela fosse substituível. E não é, nunca foi.

O espaço que meus cachorros tiveram, têm, em meu coração, jamais poderá ser preenchido por outros, quais sejam. Cada um tem seu lugar em minhas memórias, em meu afeto, e sua falta jamais cessará de apertar meu coração.

Eu nunca comprei um cachorro a dinheiro e sou pessoalmente contra o se comprar filhotes. Lucca, ganhei de presente de meu ex-sogro. Jade foi encontrada perdida na rua. Nenhum deles foi comprado. E eu não compraria jamais um cão.

Quando minha avó Tula faleceu em fevereiro de 2013, me vi completamente sozinha numa casa enorme, que faz eco, cheia de 30 anos de lembranças e muita saudade não só dela, mas também de meu avô Vicente, falecido há 6 anos e meio.

Logo minha mãe Maria José Tomasella, que tem 5 cachorrinhas adotadas da rua, me disse que eu deveria ir atrás de um cachorro, para ajudar com a minha solidão, aplacar um pouco da minha tristeza. Fiquei meio na dúvida, temerosa. Mas aos poucos fui me acostumando à idéia e pensei comigo: "assim que minha situação se resolver e eu mudar de casa, então vou no Centro de Zoonoses e pego um cachorrinho abandonado".

Nós sempre achamos que podemos programar, planejar, "nossa vida". Mas a vida, ah, a vida, sempre nos surpreende, nos atropela, ignora completamente e passa por cima dos nossos projetos. O "nosso tempo" nem sempre é simultâneo, sincronizado, com "o tempo" e os fatos que a vida nos oferece, possibilita. 

Eu não planejava pegar um novo cachorro tão logo, mas a vida me atropelou, com a amorosa intervenção de minha mãe.

Me disse que já há algum tempo ela observava que um casal seu vizinho tinha uma cachorrinha que não era bem tratada. Certa feita, conforme me relatou, estava na porta, quando viu os vizinhos saindo de casa, e a cachorrinha deles fugiu. A esposa, displicentemente, disse ao marido apenas:

- Não corre atrás não, deixa fugir...

Maria José não teve dúvida, correu atrás da cachorra, foi até eles e disse:

- Se vocês não querem a cachorrinha, eu quero! Eu fico com ela.

A o que sua "dona" disse simplesmente:

- Então pode ficar!

Um dia depois o marido dela veio à porta dela e disse que "tinha pensado melhor" e que a queria de volta. Devolveu, mas continuou "de olho". Alguns dias depois, num feriado prolongado, foram viajar, e deixaram a cachorrinha, sozinha, trancada do lado de fora, no quintal. Enquanto estavam fora, a cachorrinha tanto que fez que conseguiu fugir mais uma vez, mas providencialmente Maria José viu, correu atrás e a resgatou, de novo.

Me ligou. Disse que tinha resgatado uma cachorrinha pequenininha, e me perguntou se a queria. Sem titubear, eu disse que sim. Passei no supermercado, comprei ração, latinhas de "patê" para cães, um ossinho de couro, e fui à sua casa pegar minha nova filha.

Maria José me esperava no portão, com um cãozinho branco no colo, em péssimo estado. Me aproximei, ela me passou o cãozinho ao colo e a primeira coisa que pensei foi: "que bom, ele não rosnou, é bem dócil". Ao senti-la nos meus braços, percebi "como está magra, devia estar passando fome". Seus ossinhos saltados cutucavam. Estava emaciada, esquálida.

Lhe dei uma boa olhada então e pensei: "ora bolas, parece ser poodle, será que é mesmo ou vira-lata mista com poodle?" Não tinha como saber, dado seu estado lastimável. Estava muito feia. Tinha o pelo bem longo, todo emaranhado, cheio de nós e bolotas. Em seus olhos, 2 enormes pedras pretas de ramelas de meses, que ninguém limpava. Fedia. 

A meti no carro e levei para casa. No trajeto, pensava em qual nome lhe daria. Após cogitar vários, veio-me um à mente: vendo como era pequenina, cabia-lhe também um nome pequenino, cheio de charme, delicado. Lhe disse em voz alta, como se a estivesse a chamar:

-Amy!

E imediatamente ela atendeu, virou a cabeça e me olhou. O vi como um sinal de que gostou e aceitou este nome, e depois disso nenhum outro poderia ser cogitado. O reputo como homenagem à falecida cantora Amy Winehouse e à personagem do seriado "The Big Bang Theory" Amy Farrah Fowler (Mayim Bialik).

Chegando em casa, como estava suja, não a pude acarinhar como queria. Era feriado, primeiro de maio, e só por isso não a mandei imediatamente ao banho e tosa. Lhe ofereci água e ração. Comeu e bebeu como se não comesse e bebesse há vários dias. Senti meu coração se apertar por isso.

Já estando farta e parecendo mais alegre, lhe disse, mesmo sabendo que ela nada entenderia:

- Olha, agora vc é minha filhinha. Eu te prometo que vc nunca mais vai passar fome nem nenhuma necessidade. Vou cuidar bem de vc, mas em troca vc tem que prometer que vai "durar" pelo menos 10 anos. Vc está PROIBIDA de morrer antes que eu complete 40 anos, viu?!

Como eu ainda não a conhecia bem, nem como seria sua rotina de xixis e cocôs, a mantive a princípio apenas no quintal. Em sua primeira noite, peguei um travesseiro velho para lhe servir de cutcho. "Cutcho" e "cutchar" é uma das poucas expressões italianas que persistiram em nossa família. Equivalem ao "dormir" ou "deitar". Nos primeiros dias, antes de ganhar minha confiança, dormiu no quintal, e não lhe permiti acesso à cozinha.

No dia seguinte de sua chegada, já dia útil, a levei ao pet shop, para banho e tosa. Ao ir buscá-la, era outra! Eu deixara lá uma cachorra bege que eu suspeitava ser mista de poodle. E de lá retirei uma poodle branco-gelo, perfeitinha.

A moça do pet shop, que se lembrou ao me ver da época em que lá mesmo eu deixava o casalzinho Jade e Whiskey, disse:

- Eu acho que essa cachorrinha nunca tinha sido tosada, teve medo da maquininha, do secador. E ela estava cheia de carrapatos. Tiramos, mas vc deve ver isso.

Fui direto ao melhor pet shop da cidade, com a pequena Amy no colo. Por primeiro, comprei-lhe um carrapaticida. Depois, como ela não aparentara simpatizar muito com o travesseiro velho, talvez por estar cheio do cheiro do suor de várias pessoas que ela jamais irá conhecer, me pus a selecionar-lhe caminhas.

Como minha idéia a princípio era de que ela dormisse do lado de fora, no quintal, mas não queria que passasse frio, fui ver as em formato de iglu. Não queria uma "caminha", mas uma "casinha". As de madeira não me pareceram suficientemente confortáveis e fui ver as de tecido, todas acima dos 100 reais. A vendedora disse que os cachorros costumam "não gostar muito de casinhas fechadas", preferindo caminhas, mas atalhei: "é que ela vai dormir no quintal, quero protegê-la do frio".

Com sua ajuda, escolhi uma grande, bonita, bem quentinha. Na seção de coleiras, experimentamos algumas até nos decidir por uma bem "gracinha", lilás. Eu já estava no caixa quando a vendedora que me ajudara a escolher o tamanho certo da casinha, me abordou:

- Ela assim tosadinha não vai passar frio dormindo no quintal? Pq vc não leva também uma roupinha?

Normalmente eu não aceito nenhuma dica de "vendedores", sempre na sanha por vender mais e mais. Mas na inflexão de sua voz percebi uma preocupação genuína de um "dog lover"; e aquiesci. Com sua ajuda, experimentamos na pequena Amy algumas roupinhas até chegar a uma rosa-choque, xadrez, que levei.

De volta em casa, ela agora limpinha e bem tosada, a pude abraçar, pegar no colo e acarinhar. Em alguns dias, auferi que ela tinha algum nível de "consciência" sobre higiene, fazendo suas necessidades no ponto extremo do quintal, onde deveria, mesmo que eu não a tivesse instruído a isso.

Quando percebi que ela não faria suas necessidades no meu quarto, passei a permitir que dormisse comigo, no quentinho, na intimidade do "quarto da mamãe". Apesar da preocupação da vendedora, Amy a-do-rou sua casinha em formato de iglu, nela se sente muito confortável e segura. É com certa alegria que quando ralho com ela por algo que não gostei, a vejo correr e se refugiar na casinha, pois lá se sente segura de todos os "perigos".

Percebi nela alguns traumas, como o de vassouras. Logo da primeira vez que peguei vassoura e pá para recolher suas necessidades, ela fugiu, com medo. Meu coração apertou. Também, ao trocar de sapatos, quando ela me viu com o chinelo na mão, imediatamente fugiu, se refugiando na casinha, tremendo de medo. Hoje, que ela já está comigo há 2 meses, isso não mais acontece. Ela já sabe que eu não usarei nem a vassoura nem o chinelo para lhe bater, e não mais fica com medo quando me vê com eles na mão. 

Foi com muita dor no coração que então constatei o quanto ela era terrivelmente maltratada em seu antigo lar. Não só passava fome, mas também era agredida, e abandonada à ação livre de parasitas, sem os devidos cuidados de saúde e higiene. Como tinham coragem de tratar tão mal a uma cachorrinha tão boazinha e delicada, com menos de 3 quilos?

Maria José me disse que quando finalmente voltaram de viagem seus vizinhos, foi lhes perguntar da cachorrinha, a o que a antiga dona disse com displicência:

- Ah, fomos viajar e ela fugiu. Achei até bom, uma preocupação a menos, ela tava cheia de carrapatos, dava muito trabalho.

Trabalho?!... Depois disso, vi que seus antigos donos não sentiam nenhuma falta dela, e que a partir de então podia ficar descansada de que não a queriam de volta. Isso somado aos maus tratos de que era anteriormente vítima, por parte deles.

Desde a chegada da pequena Amy, percebi nela apenas 2 "defeitos":

1 - Ela é fujona MESMO. No começo, acostumada que sempre estive a cachorros "tranquilos", que jamais tentaram fugir, abria o portão e a deixava livremente "dar uma conferida" na rua. No primeiro mês, ainda insegura e temerosa, nem saía da frente de casa.

Mas logo aprendi que não devia "dormir no ponto" com ela. Ao receber amigos de visita, enquanto eles entravam com as malas, Amy se afastou na rua. A chamei "Amy!" E ela prosseguiu a se afastar. Chamei de novo e de novo. Minhas chamadas apenas pareciam fazer ela ir mais longe. Quando a vi 5 casas adiante, fui atrás. Ela correu mais longe, em direção à Avenida Perimetral. E quanto mais eu ia em sua direção e a chamava, mais longe ela corria.

Cruzou a avenida, para meu desespero. Corri atrás dela, deixando atrás meus visitantes desconcertados. Vendo-a ir em direção ao Rheder Netto, vendo que gritar "Amy!" em tom de desespero apenas a fazia correr mais longe, disse bem alto, em tom doce:

- Vem colinho!!!

Como mágica, ela deu meia volta e veio em direção aos meus braços. Ufa!

Semanas depois, recebi a visita de outra amiga. Resolvemos sair, à pé, até a rotisserie da esquina, pegar um marmitex. Enquanto saíamos, decidi deixar a pequena Amy na garagem, pois voltaríamos em coisa de 10 minutos. Saímos. Enquanto escolhíamos dentre as opções, Amy entrou no estabelecimento e meu sangue gelou:

- Como vc chegou aqui?!

Achei que tinha deixado o portão aberto. A peguei no colo. O segurança da rotisserie disse:

- Ela é sua? Foi por sorte que não foi atropelada. Cruzou a avenida 3 vezes antes de entrar no restaurante.

A trazendo de volta pra casa, encontrei uma vizinha, com quem pouco converso:

- Ela te achou? Graças a Deus! Vi ela passando pelo portão, e não consegui pegar, pois ela correu!

Chegando à porta, vi que o portão permanecia trancado. Perguntei à vizinha:

- Mas ela passou por entre as frestas do portão? Mas como?!

- Não sei como, mas vi ela se espremer, se retorcer, até passar!

Então vi que não poderei, jamais "dormir no ponto" com a pequena Amy. E minha amiga falou:

- Vc escolheu o nome certo! Ela é loki, maluquete tal qual a Amy Winehouse!

2 - Amy tem instinto caçador. Especialmente a respeito de passarinhos. Desde o primeiro dia deixou claro que acha apetitoso e tem muita vontade de comer o canário do meu vô, Frank Sinatra. Ela lambe os beiços quando o vê e fica pulando, tentando alcançar sua gaiola. Também aos pardais e pombas da rua quer comer.

Quando saímos para passear, fica en-lou-que-ci-da com todos os pássaros que vê. Quer correr em sua direção e devorá-los. Talvez pq em sua casa anterior passasse fome e "complementasse sua alimentação" caçando passarinhos. É com muito esforço e cuidado que tenho mantido o pequeno Frank longe do seu alcance, tentando em vão convencê-la de que ele é "irmãozinho" e não comida.

Fora ela ser fujona e querer comer meu canário, só tem qualidades. É dócil, amorosa, carente, obediente, higiênica, linda e carismática. Mas, sobretudo, me ama. Incondicionalmente.

Chegar em casa e ter "alguém" que se alegra, efusivamente, em me ver, trouxe um novo colorido à minha vida. Eu já tinha meio que esquecido o quanto isso é bom. E de como é doce o som de um cachorrinho se sacudindo, fazendo aquele barulho típico das orelhinhas batendo.

Eu havia me esquecido de como é boa a sensação de acarinhar um cachorrinho entre os braços. De como é gostoso ver um cachorrinho se espreguiçar, bocejar e se abandonar, bem leso e molinho, entre seus braços, seguro de que está "no colinho da mamãe". De como é bom virar e revirar um cachorrinho no colo enquanto ele te lambe a abana o rabinho.

Mas, além disso, de como é bom, ao fazer tudo isso com minha pequena Amy, lembrar-me que também o fazia, de igual forma, com Jade e Lucca. De certa forma, ao abraçar Amy, me sinto também abraçando aos dois poodles brancos que tive antes dela.

Ao ter essa sensação nostálgica, a cada vez, agradeço o belo gesto de minha mãe ao reservá-la para mim. Ela poderia ter pego a Amy para ela. Mas, ao vê-la poodle branquinha, sabendo que eu já tivera 2 poodles branquinhos, soube que ela seria perfeita para mim.

E é. Racionalmente, eu teria preferido pegar um vira-latas, sem raça definida. "Cai melhor" a uma pessoa com meu discurso e postura ter um vira-lata. Pois quem me ver ao lado de Amy jamais pensará que ela foi resgatada, mas sim comprada, e como disse acima, sou contra o se pagar dinheiro, comprando, um cão, como se fosse mercadoria.

Meus 2 poodles anteriores, não os peguei por serem "de raça". Lucca ganhei. Ser "de raça" (duvidosa) foi surpresa. Jade fôra resgatada, prenhe. Ser "de raça" também foi surpresa. Igualmente, Amy não "escolhi por ser de raça". Ganhei de presente da minha mãe. Ser "de raça", poodle toy, branquinha, foi uma feliz e bem-vinda, "coincidência".

Sei que tê-la me fará ser obrigada a alugar casas um pouco maiores e mais caras, e isso custará alguns milhares de reais a mais por ano. Mas já não consigo imaginar minha vida sem ela, que já considero minha filhinha. É com prazer que trabalharei dezenas de horas a mais, para sustentá-la.

Amy me traz alegria, sorrisos, paz, tranquilidade. Aplacou minha solidão. Desde sua chegada, comecei a ver a vida de outra forma, vislumbrando um futuro. Agora tenho um compromisso ao qual não pretendo faltar, jamais. Tenho uma obrigação com ela. Assumi um compromisso de lhe proporcionar um lar confortável, seguro, comidinha da melhor, e muito carinho.

Ao menos pelos próximos 10 anos, enquanto minha pequena Amy viver, tenho um bom, um ótimo, motivo para continuar na luta. Antes dela, voltar pra casa era melancólico. Tudo o que me esperava era o vazio, a saudade, a tristeza, o luto, os fantasmas do passado.

Hoje, quando volto pra casa cansada do trabalho, já chego com um sorriso. Antes de terminar de estacionar o carro ouço os latidos de Amy, alegre de que a "mamãe" voltou. E me sinto feliz em voltar e ter "alguém" que está a me esperar e me recebe com felicidade. E ela é contagiosa!

Obrigada, mãe, obrigada, Amy, por tornarem minha vida muito mais feliz!

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domingo, 9 de junho de 2013

Dos melhores presentes que já dei a namorados

Presentear alguém é um ato muito especial. É uma declaração de que a pessoa tem sentimentos verdadeiros pela outra, que sempre a tem em mente, que ponderou profundamente sobre o que lhe poderia agradar, e, além disso, "despendeu" seu dinheiro, muitas vezes escasso, para simplesmente trazer alegria a alguém de sua profunda estima.

Sempre gostei de dar presentes verdadeiramente especiais às pessoas preciosas em minha vida. Não importava o valor monetário. Sempre considerei o se presentear um ato de dedicação bonito entre duas pessoas. E sempre caprichei bastante. Muito mais quando o receptor era meu parceiro romântico.

Em 1998 eu tinha 15 anos e um orçamento limitadíssimo. Acostumada a isso, já sabia ser necessário ter um "colchão de dinheiro", uma certa reserva, para imprevistos e momentos especiais. Eu tinha um namoradinho, muito apaixonado por mim, chamado Daniel.

Embora o sentimento que dedicava a ele fosse em menor intensidade, eu sabia valorizar o quanto ele me tratava bem e fazia todas as minhas vontades. Ao se aproximar o dia dos namorados, 12 de junho no Brasil, precisava lhe dar um presente especial, pois era realmente digno de mérito todo o amor adolescente que me dedicava.

Era ano de Copa do Mundo, na França. E ele não fugia ao clichê da "paixão pelo futebol" que brasileiros comumente têm. Não havia presente melhor a lhe dar que uma camisa da seleção brasileira. Fiz pesquisa. A "falsificada" de camelô, vagabunda, era 15 reais. A "falsificada" de loja, usável, era 30 reais. A original, em tecido dry fit, custava no shopping 80 reais a canarinho e 98 reais a "reserva", azul, muito mais bonita.

Meu dinheiro era muito, muito pouco. Me questionei qual era o "nível de amor" que Daniel me dedicava, e quanto deveria ser o "gasto justo" que deveria corresponder ao seu presente de dia dos namorados.

Ao dar presentes às pessoas de minha estima, sempre procurei não ser miserável, mesquinha, e sim lhes dar o que mereciam. E Daniel não merecia uma camisa falsificada, nem de baixo valor. Seu amor por mim era verdadeiro, profundo. E eu não trairia sua dignidade lhe dando um presente "inferior". Embora a camisa amarelo-canário oficial não fizesse feio algum, e custasse 18 preciosos reais a menos, pensei que uma blusa amarela não "combinaria com tudo" e que a azul, mesmo sendo mais cara, poderia ser usada em muitas mais ocasiões.

Não tive dúvida, mesmo que aqueles 98 reais me doessem, comprei a camisa oficial azul. E gigantesco foi o sorriso de Daniel ao recebê-la.

- Não acredito que vc me deu uma camisa oficial, azul, da seleção. Vc não acredita o quanto eu queria ganhar ela!

Em 2001, aos 17 anos, engatei meu segundo "namoro sério", com James. E a ele dei dois presentes durante os 4 anos de nossa convivência que tb considero verdadeiramente especiais. O primeiro teria sido de Natal, mas só o pude dar em princípios de Janeiro.

Até hoje me lembro da expressão de surpresa em seu rosto ao ganhá-lo. Não esperava um presente "tão bom". Eu ainda vivia das poucas notas que conseguia receber de Regina, cada real era suado, duramente negociado ou mesmo "arrancado" de suas mãos com chantagens. Apesar disso, sempre tinha escondidas "minhas reservas", sem que disto ela tivesse a mais vaga idéia.

Era descomedido meu amor por James, e embora eu soubesse que a recíproca não fosse verdadeira, queria lhe dar um presente que, de forma palpável, lhe demonstrasse a profundidade de meus sentimentos.

Sendo ele historiador e geógrafo, não podia ser alguma coisa banal, mas algo que ele visse como precioso, e útil.

Era muito, absurdamente, caro para mim. Mas na livraria encontrei o presente perfeito, e depois de achá-lo, nenhum outro serviria. Lhe comprei o livro "Trabalhadores" do fotógrafo Sebastião Salgado, em encadernação de luxo, com capa dura. Ele simplesmente não acreditou, e ficou muito feliz. Eu, mais ainda.

No ano seguinte lhe dei outro mimo precioso. Assistira recentemente ao filme "Um homem de família" (The family man) no qual Nicolas Cage interpreta um especulador de Wall Street que é "transportado" a uma realidade paralela, uma outra virtualidade do rumo que poderia ter dado a sua vida, como "pai de família". Ao abrir o armário de seu "outro eu" ele deplora o conteúdo de roupas baratas e sem grife. Apesar disso, seleciona as roupas "menos piores" para ir a uma festa, e na cena seguinte aparece com um belíssimo sweater de lã azul clara, com gola V.

Ao ir a Campos do Jordão em 2002, embora ainda longe do Natal, vi na vitrine de uma loja aquele mesmo suéter de lã azul com gola V, muito elegante. Custou caro, mas era perfeito. O comprei e dei a James. Ele não achou "assim" muito especial, mas gostou e imediatamente vestiu. Coube-lhe perfeitamente, e ele ficou muito charmoso, à la Nicolas Cage. Como um verdadeiro "homem de família".

Em 2003 namorei Felipe. Nosso enlace não chegou até o Natal, mas mesmo assim, se não lhe dei, lhe deixei um presente. Pouco versado em culinária e gastronomia, quando ia a sua casa eu lhe preparava muitos pratos, e para isso levei e lá deixei um livro de "Receitas Vegetarianas". Ao fim de nosso compromisso, não o pedi de volta, lá ficou, e o reputei como um presente dado a uma pessoa deveras especial. Espero que ainda hoje dele faça uso.

Em 2007 namorei Gabriel. 6 anos mais jovem que eu. Ele me amava com mais intensidade do que eu a ele. E da mesma forma como se passara com Daniel, queria homenagear o sentimento que me dedicava com um presente que "correspondesse" em sua preciosidade à consideração que eu tinha por ser alvo de sua "grande paixão".

Lhe comprei seu primeiro vidro de "eau de toilette", de "perfume de verdade", Kaiak de Natura, com estojo metálico e tudo. Foi esfuziante sua expressão de agradecimento. Ele gostou MESMO. Quando terminamos, mais de 1 ano depois, o frasco não estava nem pela metade. Creio que ainda o use.

Desde então não mais tive nenhum namoro sério, e nenhum parceiro romântico que de mim merecesse algum presente especial. Conforme os anos se passam, fico mais "fresca" e seletiva, procurando ínfimos defeitos para descartar quem quer que seja que se candidate a ser o próximo nesta lista.

Da mesma forma que apenas dou presentes especiais, apenas aceito parceiros românticos que eu considere especiais, dignos de receber presentes que "abram um rombo" em minhas finanças, agora mais "folgadas", com um "colchão" bem mais confortável.

O próximo a conseguir lugar nesta lista há de ser muito, muito, especial. Não aceito nada menos que isso.

Alanis Morissette - Unsent http://www.youtube.com/watch?v=8Wlhw_HJLts 

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domingo, 2 de junho de 2013

A mansão de bonecas


Quando criança ganhei um presente indizivelmente maravilhoso, com ele brinquei à exaustão, e dele ainda hoje lembro com muito carinho.

Filha caçula, de 3, estava mais do que acostumada a "herdar" os brinquedos velhos e empoeirados, já aposentados por minhas irmãs mais velhas. E os somava aos presentes novos que ganhava de Natal, não de aniversário (sendo meu aniversário 5 dias depois do Natal, eu ganhava um presente único, o que sempre me deixava frustrada...)

E eu dava ainda mais valor aos brinquedos que eram "meus", novos, vendo com certo "preconceito bobo" os velhos, herdados. E como eu amava minhas Moranguinhos, meus pequenos pôneis e meus Playmobils inéditos! Tinha até a "casinha da Moranguinho", um grande morango de plástico com 2 cômodos, nos quais mal cabiam uma Uvinha e uma Chocolatinho. Até que...

Até que ganhei o melhor presente de toda a minha infância: uma verdadeira mansão de bonecas.

Meu tio Renê, distante, pois sempre, para mim, morou no Rio de Janeiro, tinha como hobby, tal qual tio Jaci Ignácio, a marcenaria. E numa das vezes em que veio nos visitar em Rio Claro, me trouxe de presente uma obra de suas mãos, feita exclusivamente para mim. A mansão de bonecas.

Toda feita em madeira fina, mas forte. Com 2 andares mais um sótão. Telhado vermelho removível, pintado de vermelho, com "Fernanda" delicadamente pintado entre florzinhas na frente.

O primeiro andar tinha hall de entrada, mais 5 cômodos, mobiliados com pequenos e delicados sofazinhos, poltroninhas e mesinhas. Com uma pequena escada feita de palitos de sorvete, que dava acesso ao segundo pavimento.

O segundo andar, com 6 cômodos, que eu fazia de quartos, mobiliados com caminhas, pequenos e fofos armarinhos, mesinhas de cabeceira, tudo de madeira, feito artesanalmente, só para mim, e mais uma escadinha de palitos de sorvete, que levava ao sótão, que seria o terceiro andar.

Na frente, a casa tinha uma uma linda fachada com janelinhas, e a portinha de entrada, que abria e fechava. Atrás, não tinha "parede dos fundos", a casa era vazada, me permitindo amplo acesso a todos os cômodos.

Eu tinha o kit Playmobil do ônibus escolar, com professora, motorista e uns 20 aluninhos. E minha casa de bonecas era tão imensa que eu brincava de orfanato, separando os 6 quartos entre meninos e meninas, fazendo do sótão o "quartinho do castigo", e das salas do primeiro andar, quartos de brinquedo e salas de aula, além de cozinha e refeitório. 

Também minhas Moranguinhos cabiam muito bem na casinha, seus acessórios e móveis ficavam muito bem nela.

Eu sabia, desde que a ganhei, o quanto minha mansão de bonecas era única, e especial, pois tinha sido feita SÓ PARA MIM, personalizada com meu nome. E brinquei com ela à exaustão, horas a fio, anos seguidos.

Quando me mudei para São Paulo, aos 9 anos, foi com certo muxoxo que a deixei para trás, e dela senti muita saudade. Sem que eu fosse consultada, logo a deram, sem me dizer seu destino. E me senti muito triste quando voltei de visita e não mais a encontrei.

15 anos depois me mudei novamente para Rio Claro, já formada na faculdade, professora. Alguns meses depois separei roupas e objetos dos quais não mais fazia uso e me recomendaram que os levasse à "Casa das Meninas", uma espécie de "orfanato", mas não propriamente isso, pois abrigava crianças que não estavam disponíveis para adoção, mas também não podiam ser devolvidas à família biológica. Num certo "limbo" judicial.

Cheguei, fui à recepção e, colocando 3 sacolas sobre a mesa, disse:

- Vim fazer uma doação.

A funcionária sorriu, deu uma conferida no conteúdo e me perguntou:

- Não gostaria de conhecer nosso trabalho?

Olhei ao redor, e com certa curiosidade, aquiesci com a cabeça. Ela se levantou, e foi me mostrando os cômodos do prédio:

- Esse é nosso refeitório, essa nossa cozinha, essa nossa sala de estudos, essa é nossa brinquedoteca.

Entrei e imediatamente meus olhos resvalaram num telhado vermelho, com aquele mesmo "Fernanda" delicadamente pintado entre florzinhas. Me aproximei. Era ela mesma: minha mansão de bonecas, cercada por 4 meninas sorridentes, entretidas em sua brincadeira.

Já não tinha as escadinhas de palito de sorvete, e poucos dos móveis originais restavam. Estava já bem surrada, pichada de canetinha no exterior, mas ainda inteira. E para minha maior felicidade: em pleno uso, 15 anos depois! Ver aquelas 4 meninas, juntas, aproveitando minha velha mansão de bonecas me trouxe uma alegria incontível, ao ponto que virei para a recepcionista que me acompanhava na visita e disse:

- Está vendo esse "Fernanda" pintado no telhado? Essa "Fernanda" sou eu. Essa casinha de bonecas era minha quando eu era criança. E estou muito feliz que ela esteja aqui.

Ela sorriu.

- Sério? Então muito obrigada, Fernanda, essa casinha de bonecas é o brinquedo preferido das meninas daqui. Elas brincam dia e noite, se deixarmos.

Não consigo pensar num destino melhor para ela. Sempre que me lembro de minha mansão de bonecas, a felicidade de a ter tido é exponencialmente multiplicada pelas dúzias de sorrisos que ela ainda dá às meninas do orfanato. E isso também me alegra.

Será que também brincam de orfanato, e na mansão de bonecas colocarem uma mini-casa de bonecas? E se eu fui uma boneca com a qual alguém brincou, e quando se cansou, simplesmente dispensou? E se todos fomos, somos, títeres?




sábado, 12 de janeiro de 2013

De como comecei a fumar



O tabagismo futuramente será considerado uma das mais sui generis excentricidades da espécie humana. Me aventurando na insidiosa senda da futurologia, creio q o futuro será dominado pela ditadura de tudo q é saudável e politicamente correto, e não haverá mais fumantes.

Fumar era um vício meso-americano, rapidamente trasladado ao Velho Mundo, como coisa "sofisticada", de gentis-homens. Já no século XIX, tb as mulheres "da alta sociedade" começaram a fumar, munidas de longas piteiras cheias de charme. Ao fumar publicamente, uma mulher apresentava uma declaração de liberdade, auto-determinação, expunha sua verve avant-garde.

Já no século XX, aparentemente "todos" os homens eram fumantes. Poetas, escritores, nobres, jornalistas, artistas, políticos. Fumar era "chic", marca dos boêmios e bon-vivants. Não havia "área de fumantes" pois podia-se fumar em todos os lugares: corredores, elevadores, salas de reunião, aviões, restaurantes, hospitais (célebre é a imagem do pai, ao nascimento do filho, distribuir charutos a todos os amigos; e da mesma forma q é "falta de educação" ser servido numa taça e não beber, era receber um charuto e não fumá-lo).

Nas fotos de grandes eventos históricos, era freqüente vermos todos os "figurões" da política munidos de seus cigarros e charutos, posando alegremente. Àquela época, ostentar um charuto era símbolo de status e elegância, como tb eram a bengala, o monóculo e a cartola.

Foi no ocaso deste cenário histórico, ao fim da Guerra Fria, q principiei a fumar. O ano era 1997. Eu tinha 14 anos e começava a "sair de balada" com minhas amigas de escola. Queríamos ser "prafrentex", modernas, antenadas, transgressoras, rebeldes. E era necessário demonstrar isso exteriormente, através de nossas roupas, atitude, linguajar, penteado, postura.

Éramos adolescentes, e para provar a nós mesmas q não mais éramos crianças, queríamos degustar pequenos aperitivos da "vida adulta": salto alto, saia curta, decote, bebida alcoólica, beijar os rapazes, sair à noite e fumar. Queríamos deixar bem vincada a linha q nos separava de nossos pais "chatos e antiquados". E ter pequenos segredos entre nós era parte importante disso.

Diz-se q os adolescentes são altamente influenciáveis pelos "amigos", e é verdade. Quando a primeira de nós começou a fumar, o hábito se disseminou rapidamente em todo o grupo, como um vírus. Entramos "na onda" da galera. Do grupo de 5, 3 tornaram-se fumantes convictas, uma fuma bem de vez em quando, e a outra jamais pegou gosto pelo cigarro.

Dei meu primeiro trago num cigarro na boate Stravaganza, situada à rua Henrique Schaumann, em Pinheiros. Fui lá algumas vezes, na companhia de Thaís, Maristela, Gisele e Aline. Tínhamos todas a mesma idade, na plena efervescência hormonal de nossos 14 anos. Queríamos "pagar de gatinhas descoladas" e, como todos os "transgressores e rebeldes" fumavam, nós tb queríamos.

Naquela época fumávamos Gudang Garang, cigarro de cravo interminável com filtro adocicado. O maço era caro e o comprávamos coletivamente, fumando só para "fazer charme" para os garotos. Logo a diversão ocasional transformou-se em hábito quando entramos no Ensino Médio.

Àquela época só havia 2 tipos de Marlboro: o vermelho "estoura peito" e o "light", dourado. O maço custava algo como 1 real e sessenta centavos, o q naquela época era dinheiro, com o Real valorizado. E assim já aos 15 anos comecei a comprar meus próprios maços de cigarro.

Todo o meu quarteto do colegial, completado por Chico, Romeu e Maristela, era fumante. Apenas eu tinha dinheiro, ou coragem, pra comprar maços de cigarro. Em nossas muitas aulas vagas, ficávamos sentados num canto do pátio fumando, e eu vendia-lhes cada cigarro a dez centavos. Sob protestos de q eu seria algum tipo de mercenária por lucrar 2 ou 3 centavos em cada um, me repassavam a moedinha, e ríamos, fumando despreocupadamente, sem sermos incomodados pelos inspetores de alunos. Curioso perceber q no dia de hj, no mesmo "José Marques da Cruz", se um aluno acender um cigarro leva uma suspensão, e nós há 13 anos podíamos fumar livremente no mesmo ambiente... Outros tempos, nem tão longínqüos...

Ao entrar na faculdade de História na USP, foi reconfortante sentir-me acolhida numa sociedade de fumantes; na qual tal hábito, além de sinal de boemia e vanguardismo, era a marca da intelectualidade. Não só a maior parte de meus colegas eram fumantes, como até os professores fumavam, sem reservas, enquanto davam suas aulas. A certa altura do curso, afixaram nas salas de aula avisos de "por favor, não fume". Na primeira aula posterior à adição do aviso, o professor entrou, sentou, aproximou o lixo no qual costumava jogar as cinzas, mirou a placa, deu de ombros, nos fitou e falou em voz alta:

- Que me multem!

Outro professor, mais sensível, na mesma situação, começou a aula da seguinte forma:

- Há entre vcs pessoas q se incomodam com a fumaça do cigarro?

Uma meia dúzia levantou a mão, e ele concluiu:

- Então, por favor, sentem no fundo da sala, pois eu vou fumar.

Simples assim. Até 2005, 2006, "chato" era o não-fumante q reclamava do fumacê alheio. Todos fumavam em ambientes fechados, restaurantes, aviões, e até então todos encaravam a fumaça com naturalidade, como uma das "coisas da vida", q podemos não gostar, mas toleramos, como hj se faz com pessoas q falam em voz alta no celular, ouvem funk sem fone de ouvido e comentam sobre a tabela do campeonato brasileiro.

Hj, poucos anos depois, é um absurdo, e completo anátema, algum fumante exercer seu hábito em qualquer "ambiente público fechado" ou mesmo aberto. Não se fuma mais nos escritórios, boates, restaurantes, barzinhos. Se antes fumar era "chique" hoje virou algo q nos aliena, afasta, "quebra o clima", segrega.

Fumar antes era fator de integração social. Hj, os fumantes precisam se retirar da baladinha, ir pra fora, fumar na calçada, no frio e na chuva, enquanto o "agito rola solto" lá dentro. Se antes fumar era coisa de gente moderna, transgressora, sofisticada, hoje fumar virou coisa de gente antiquada, excêntrica, antissocial, segregada.

Hj em dia, em quase nenhum lugar mais se pode fumar, e nos q se pode, é comum q quando acendemos um cigarro os estranhos ao lado nos fulminem com um olhar de reprovação, torçam o nariz e se afastem como se fôssemos leprosos, deixando subjacente a frase: "vc é muito folgado e está contaminando o meu ar!"

A ditadura do politicamente correto está fazendo um ótimo trabalho em transformar todos nós em mauricinhos e patricinhas bunda-mole, garotos-propaganda da "geração saúde". Se hoje, quando assisto a filmes e seriados dos anos 1990 nos quais todo mundo fuma em todos os lugares, até eu estranho e acho graça, apenas posso imaginar a surpresa dos q viverem daqui a 50 anos diante da mesma situação. E a hilaridade q será no futuro assistir a "The X-Files" (Arquivo X, série protagonizada pelos agentes do FBI Fox Mulder e Dana Scully) com meus netos e responder à cândida dúvida:

- O q é esse bastão q solta fumaça q o Canceroso segura em todo lugar?

Estou certa q o tabagismo entrará para a História como uma "excentricidade" prescrita, e no futuro ninguém mais poderá fumar, em nenhum lugar... Este é o chato mundo q estamos a construir...

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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Meu fim do mundo



O fim do ano de 2012 foi bastante especial. Foi a última vez, creio, em q nos permitimos entrar numa onda milenarista apocalíptica. Nos documentários e noticiários não se falava em outra coisa além de q em 21 de dezembro de 2012 acabava-se o calendário maia. E assim, ou o mundo seria destruído ou entraria finalmente na "era de Aquário", ou no décimo quarto Baktum.

Desde pelo menos 1999 e o "Bug do Milênio" o Ocidente ficou meio "em suspenso" esperando se o "Juízo Final" chegaria nessa época, ou posteriormente, a curto prazo. Agora, no princípio inócuo de 2013 creio q já podemos estar relativamente seguros q não estamos diante das convulsões dos finais do tempo. Nada de tempestades solares, nada de agitação das placas tectônicas, nada de alinhamento galático, nenhum cavaleiro do Apocalipse ou anti-Cristo...

21/12/2012 foi um dia bonito e ensolarado, sem nada demais. Nenhum evento significante, nenhum eclipse, não faltou luz, as redes de comunicação funcionaram. Um dia como qualquer outro.

Por menos "esotérica" q eu tente ser, tb eu estava com certa "paúra", ou "temor" de q os maias estivessem certos. Tendo isso em vista, procurei não passar vontades em 2012. Fui profundamente auto-indulgente. Comi, bebi, falei e fui em todos os lugares q tive vontade. Aceitei convites q em outros tempos teria recusado. Gastei dinheiro em coisas q em outros tempos não teria comprado. Mas tudo meio como se fosse brincadeira.

Eu não acreditava verdadeiramente q 2012 seria o fim. Não cheguei a "curtir a vida adoidado", não saí muito de minha zona de conforto, não fiz nada do q me arrependa, não saí gastando prodigamente. Sequer enchi o tanque do carro, estoquei comida nem zerei meu saldo bancário. Eu poderia ter gasto até o último centavo do meu parco dinheirinho, mas como esperava q viesse um 2013, não o fiz. Sabiamente.

Aproveitei o fim de 2012 amplamente, como pode ser visto nesses álbuns do Facebook https://www.facebook.com/media/set/?set=a.384984961573088.86920.100001847635503&type=3 e https://www.facebook.com/media/set/?set=a.413768972028020.93023.100001847635503&type=3 Mas minha maior surpresa se deu na noite de Reveillon, na passagem de 31/12/2012 para 01/01/2013.

Eu estava em Sampa hospedada na casa de minha amiga Mainá Prada. Fomos numa festa ma-ra-vi-lho-sa e voltamos lá pelas 4 da matina. Fim de ano impecável. Até q ao meio dia do dia primeiro de janeiro meu telefone celular tocou. Era minha madrinha Maria José Tomasella reportando q a casa da minha avó, na qual eu moro em Rio Claro, tinha sido arrombada e roubada justo na noite de Reveillon, enquanto eu muito sorridente e despreocupada brindava a virada do ano a 180 kms de distância.

No começo, muito surpreendida, foi difícil imaginar o q teria acontecido. Pela descrição q me fizeram, a casa teria sido completamente destruída, e eu não esperava encontrar "pedra sobre pedra" ao chegar. Às 5 da tarde já estava em casa pra conferir os danos. E, para meu alívio, eram menores do q o tom alarmista de Maria me tinha dado a entender.

Todas as TV's, DVD's, videocassates e até meu PC de mesa estavam incólumes. Nada havia sido vandalizado. Absolutamente nada foi quebrado gratuitamente, sequer as porcelanas e vidros jogados pelo chão, tudo estava inteiro.

Ao ser informada q tinham entrado justo na noite da Virada, eu havia pensado q tinha sido um grupo de baderneiros pra fazer farra, quebrar tudo, espalhar cocô pelas paredes, rasgar e tacar fogo nos papéis. E comecei a calcular antecipadamente todo o trabalho q eu teria pra sustar todos os cheques, providenciar segunda via de todos meus documentos, o desgosto de encontrar meu diploma rasgado, minhas fotos de infância destruídas, meu PC quebrado com um taco de baseball e daí pra pior...

Nada disso se verificou. Nem chegaram a abrir todas as caixas guardadas. Não levaram nenhuma folha de cheque. Nem mexeram nos meus documentos. De mim, roubaram uma câmera Polaroid, alguns brincos, anéis, correntinhas e uma coisa q tinha muito valor, monetário e emocional.

O item mais precioso q me levaram foi uma barra de ouro. Não direi seu peso pra ninguém crescer o olho, mesmo q não a tenho mais. Mas perdê-la foi um golpe bastante duro, pois quem ma deu não está mais entre nós para dar-me outra.

Eu estava no comecinho da faculdade quando ao visitar Rio Claro meu avô, a quem chamo carinhosamente por "Morzinho" desde meus 5 anos, me chamou para seu quarto. Fechou a porta atrás de si, o q era bastante incomum, me pediu para sentar e disse:

- Fernanda, o q vamos falar agora é segredo. Não conte pra ninguém, menos ainda pra sua avó. Há muitos anos comprei uma coisa pra vc e acho q chegou a hora de eu te entregar. Não é muito, mas é de coração. Guarde pra quando vc precisar e eu não estiver mais aqui.

E me entregou uma barra de ouro. Pequena, cabia na palma da mão. Mas era pesada como chumbo. Eu sempre soube que era a neta favorita do meu avô, e não precisava de nenhum presente para confirmar isso. Mas aquele gesto secreto, q não deve ter sido replicado com nenhum outro filho ou neto seu, independentemente de seu valor em dinheiro, me tocou profundamente.

Me senti mais do q especial, e q Morzinho se preocupava comigo, com meu futuro e bem estar. Q mesmo quando estivesse ausente, ainda prosseguiria a zelar por mim. Não chorei em sua frente, pois ambos éramos "duros na queda". Mas depois, sozinha no meu quarto, com aquele naco de chumbo brilhante como o Sol entre meus dedos, me emocionei. Não no estilo "encontrei o pote de ouro no fim do arco-íris" mas no "há alguém q me ama e quer zelar pelo meu futuro."

Se eu fosse uma "Zé Mané" a teria vendido imediatamente e torrado o dinheiro em restaurantes, baladas e viagens já durante a faculdade. Mas meu avô sabia q eu não sou este tipo de pessoa.

Sendo muito sincera, ao dar-me conta q aquela barrinha de ouro tão pequena valia alguns milhares de reais meu pensamento imediato foi de um alívio imenso na frase "ufa! Agora se eu engravidar num susto, pelo menos posso pagar o parto e sustentar o bebê por 1 ano!" Mas como sempre foi baixíssima a chance de "engravidar no susto" o plano B era: "vou guardar isso pra um dia dar entrada na minha casa própria".

Mas ainda assim essa idéia nunca me apeteceu. No fundo, agora sei, eu jamais teria coragem de me separar daquela barra de ouro, cuja preciosidade era potencializada por seu valor emocional, muito além do monetário. Eu não conseguiria despedir-me dela. Seria como dar embora uma foto antiga, uma farda de gala, as condecorações e medalhas do meu avô, q guardo com reverência.

Sempre soube q optaria pelo "plano C". Se o plano A era vendê-la quando engravidasse e o plano B era vendê-la quando comprasse uma casa, somente o plano C me deixaria contente: jamais separar-me daquele ouro. O plano C era justamente usar aquela matéria-prima para fazer minhas futuras alianças de casamento, ir a um ourives e pedir-lhe q com aquele ouro com valor sentimental forjasse minhas alianças, meu anel de formatura, e joias para presentear pessoas da minha mais alta estima.

A primeira vez em q seriamente pensei em fazer algo com a barra foi quando num coincidentemente feliz 9 de fevereiro nasceu minha sobrinha Ana Letícia Santos. Me ofereci para presenteá-la com seu primeiro par de brincos, q seriam usados para furar seus lóbulos. Sua mãe, minha irmã Patrícia, sempre foi alérgica a bijuterias, só podia usar jóias verdadeiras. Então realmente não seria boa idéia dar à sua neném algo q pudesse resultar num choque anafilático, como um folheado de baixo valor. Só não mandei derreter a barra pra fazer os brincos pois isso chamaria mais atenção e custaria mais do q comprar o parzinho pronto, em formato de coração e com 2 pontinhos de brilhantes, q lhe dei.

Se me arrependo de algo acerca dessa barra de ouro, é apenas disto: de não ter dela tirado o brinquinho de neném q dei a Ana Letícia. Se o tivesse feito, daqui a 15 anos poderia lhe contar a bela história de q aqueles brincos não fôra eu a lhe dar, mas seu bisavô, através de mim, naquela barra de ouro.

Claro q tb me arrependo de não tê-la escondido melhor, de forma a q os ladrões não a encontrassem. Pois se ainda a tivesse, quando no dia do meu casamento colocasse a aliança dela forjada no meu dedo, sentiria consigo a presença física e o gesto amoroso do meu avô. Ou, se jamais me casasse, dela mandaria extrair pingentes q carregaria no pescoço com amor, e ao segurá-los entre meus dedos, evocaria a lembrança da proteção do meu Morzinho.

Aquela barra de ouro era meio q um seguro pra quando eu me visse sem teto, grávida, doente e desempregada, tudo junto. Sem querer ser esotérica, é possível q tenha ficado em minha posse apenas pelo tempo necessário, nenhum segundo a mais. Ao completar 30 anos, já sendo capaz de andar com minhas próprias pernas, pagar meu próprio aluguel, comprar as fraldas pro filho q eu quero ter, com convênio médico, efetiva e concursada, já não preciso mais daquele seguro "para o q der e vier". Hj, o q aparecer, sei q posso encarar. Hj, sei q me basto.

Se eu realmente achasse q o mundo acabaria em 2012, poderia ter vendido a barra de ouro, pedido demissão, viajado pelo exterior e levando uma vida de rainha. Mas em nenhum momento isso passou pela minha cabeça. Pois, se o fim do mundo como o conhecemos era duvidoso, a permanência da alma do meu avô não é. E a vaga idéia de um dia reencontrá-lo e ele me recriminar por ter traído sua confiança e o decepcionado doeria infinitamente mais q qualquer prazer q o dinheiro da venda daquela barra me proporcionaria. Sei q ele não estaria preocupado em me cobrar nada. Mas eu mesma tomaria a iniciativa de lhe dar satisfações, e por maior q fosse sua compreensão, eu jamais me perdoaria, se tivesse feito uso vil do seu presente.

Ao certificar-me q a barra fôra subtraída, além de mortificada, senti uma ponta de alívio. Jamais poderei girar uma aliança no meu anular esquerdo e nela sentir a presença do meu avô. Mas tb cessei de ser assombrada pelo medo de um dia vendê-la e me arrepender amargamente, mesmo q fosse para dar entrada numa casa. Por mais q ela tenha me sido dada como um gesto de amor, sempre me senti profundamente intimidada, e pouco merecedora dela. Mais ou menos como Moshe Rabenu diante da sarça ardente. (Êxodo 3:11). Mas saber q eu contava com ela me ajudou a ter coragem diante das adversidades. Me ajudou a ter verve, gana, confiança, até agora.

Hj sei q por pior q seja a catástrofe q se abata sobre mim, já sou MULHER SUFICIENTE para vencer. A pior parte da tempestade já passou. Já dobrei o Bojador e o Cabo das Tormentas. Calicute é questão de tempo. Sofri um trágico naufrágio, sei.

Mas já sei namorar, já sei beijar de língua, nadar, boiar, lutar, debater, refutar, enfrentar, xingar quando é a hora certa, esculachar, chamar bandido na chincha, reelaborar minha história, enfrentar meus medos, dizer não, superar, falar uma segunda língua, escolher meu destino, dirigir, pilotar, sinalizar em Libras, calcular juros, beber sem passar mal, esnobar os caras errados, ouvir mais do q falar.

Por tudo isso, o roubo q sofri no Reveillon não foi "o fim do mundo". Levaram uma coisa muito valiosa. Mas jamais poderão roubar de mim o q vale muito mais do q qquer carro, apartamento ou prêmio da Mega-Sena: a lembrança do amor inestimável do meu avô e a percepção de q já posso andar com minhas próprias pernas.

Aos 5 anos meu avô me ensinou pacientemente a andar de bicicleta numa Caloi rosa com rodinhas. Susteve meu guidão até q eu fosse capaz de me equilibrar sozinha. Então deslanchei, e dava várias voltas no quarteirão, sorridente e realizada. De forma similar, aquela barra de ouro foi minha "rede de segurança" para eu ter confiança para começar meus malabarismos no mundo adulto. Agora já profissional, já posso me jogar no vazio sem ela. Já tenho musculatura moral pra isso.

Obrigada, Morzinho, por ter continuado a segurar meu guidão mesmo já tendo feito a passagem. O senhor não precisa mais se preocupar. Já sei fazer minhas estripulias sozinhas. E se eu cair, consigo curar minhas feridas e já sei não mais chorar.

Meu pequeno desastre de fim do mundo se abateu sobre mim com um gostinho de recomeço. Minha couraça já tem espessura suficiente pra fazer qquer bala ricochetear.
.




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Lista verificada com mais de 200 celebridades no Instagram


Abaixo vão listados artistas, celebridades, jornalistas, atores, cantores, dançarinos, modelos, fotógrafos, escritores, famosos e formadores de opinião, do Brasil e do exterior. 

Tentei ao máximo verificar se os perfis pertencem de fato às celebridades, caso alguém identifique um perfil falso, ou de fã, por favor avise.

Quem ficar com curiosidade de conferir, meu Instagram é @fernandazero

Moda

Sapatos
@louboutinworld - Louboutin, sapatos
@lillysworld -Lilly's World, sapatos

Jornalismo de moda
@_efashionpolice - Fashion Police on E!, programa de TV sobre moda
@modaestadao - suplemento de Moda Estadão
@glamurama - Glamurama, site de celebridades
@voguebrasil - Vogue Brasil, revista
@ericapalomino - Érica Palomino, jornalista
@joycepascowitch - Joyce Pascowitch, jornalista

Divulgação
@modaalternativa - Moda Alternativa
@figurinomtv - Figurino MTV Brasil
@quetattooloca - Que Tattoo Lôca
@camiseteria - Camiseteria

Estilistas
@stellamccartney - Stella McCartney, estilista
@herchcovitch - Alexandre Herchcovitch, estilista
@lebronstein - Lethicia Bronstein, estilista
@marthamedeirosmoda - Martha Medeiros, estilista
@lojaflaviaaranha - Flávia Aranha, estilista
@jackvartanian - Jack Vartanian, joalheiro
@cavalera - Cavalera, grife alternativa
@tufiduek - Tufi Duek, estilista
@dolcegabbanaofficial - Dolce & Gabbana oficial
@stefanogabbana - Stefano Gabbana, estilista
@reinaldolourenco - Reinaldo Lourenço
@constanzapascolatos2g - Constanza Pascolato
@marcelosommer - Marcelo Sommer

Fotógrafos e produtores de moda
@andreschiliro - André Schiliró, fotógrafo
@priborgonovi - Priscila Borgonovi, produtora de moda, ex mulher de Fábio Assunção
@torquatto - Alexandre Torquato, fotógrafo
@bobwolfenson - Bob Wolfenson, fotógrafo
@mbiaggi - Marco Antonio di Biaggi, cabeleireiro
@ckamura - Celso Kamura, cabeleireiro

Modelos
@iza_goulart - Izabel Goulart, modelo
@fernandamotta1 - Fernanda Motta, modelo
@ammichels - Ana Cláudia Michels, modelo
@lucurtis - Luciana Curtis, modelo
@leacerezo - Lea T, modelo
@anneschoenberger - Anne Schoenberger, modelo
@anabbofficial - Ana Beatriz Barros, modelo
@trentinireal - Carol Trentini, modelo
@renatakuerten - Renata Kuerten, modelo
@yasminbrunet1 - Yasmin Brunet, modelo
@chanelimanxoxo - Chanel Iman, modelo
@giseleofficial - Gisele Bündchen, modelo
@cassiaavila - Cássia Ávila, modelo
@mariweickert - Mariana Weickert, modelo
@candiceswanepoel - Candice Swanepoel
@cabitten - Caroline Bittencourt

*Jornalismo

@istoegente - Istoé Gente, revista de celebridades
@quemacontece - Quem Acontece, revista de celebridades
@tocontigo - Contigo!, revista de celebridades
@eonline - E! online
@tvcultura - TV Cultura
@technoblog - Techno Blog
@olhardigital - Olhar Digital
@huffingtonpost - The Huffington Post
@cnnireport - CNN Report
@wired - Wired magazine
@estadaoacervo - Acervo Estadão
@mashable - Mashable
@viagemestadao - Suplemento de Viagem Estadão
@estadao - jornal "O Estado de São Paulo", Estadão
@jornaloglobo - Jornal "O Globo"
@linkestadao - Suplemento de informática, Link Estadão

@bgancia - Bárbara Gancia, jornalista
@hugogloss - Hugo Gloss, jornalista de celebridades
@deiacorazza - Andréia Corazza, jornalista de celebridades
@franklindavid - Franklin David, repórter de celebridades
@monica_bergamo - Monica Bérgamo, jornalista
@_leo_dias - Léo Dias
@mariliagabrielaoriginal - Marília Gabriela
@fabianascaranzioficial - Fabiana Scaranzi
@fabioramalho - Fábio Ramalho
@fbreal - Fátima Bernardes

*Personalidades variadas

Política
@barackobama - Barack Obama, político
@marcelofreixo - Marcelo Freixo, político
@jeanwyllys_real - Jean Wyllys, deputado federal e ex-vencedor do BBB

Sociedade
@narcisat - Narcisa Tamborindeguy, empresária e socialite
@victoroliva - Victor Oliva, empresário
@alicinhacavalcanti - Alicinha Cavalcanti, socialite
@les3maries - Bia Anthony, ex- esposa de Ronaldo Fenômeno
@helenabordon - Helena (Heleninha) de Bordon, socialite
@lucasjagger - Lucas Morad Jagger

*Música (e similares)

MPB
@falacaetano - Caetano Veloso
@floragil2222 - Flora Gil, esposa de Gilberto Gil
@gilbertogil - Gilberto Gil
@pretagil - Preta Gil
@mariagadu - Maria Gadú, mpb
@marisamonte - Marisa Monte, mpb
@paulinhomoska - Paulinho Moska, mpb
@vanessadamata - Vanessa da Mata, mpb
@robertasaoficial - Roberta Sá, cantora de MPB
@bebelgilberto - Bebel Gilberto, MPB
@galcosta - Gal Costa
@clarafalcao - Clarice Falcão

Samba, Axé, Pagode e Funk
@veveta - Ivete Sangalo, axé
@danielamercury - Daniela Mercury, cantora de Axé
@oleosantana - Léo Santana, vocalista do Parangolé, axé
@claudinhaleitte - Cláudia Leitte, Axé
@alinne_rosa - Alinne Rosa, axé
@marii_antunes - Mari Antunes, vocalista do Babado Novo, axé
@bcbrunocardoso - Bruno Cardoso, vocalista do Sorriso Maroto
@_tomate - Fabrício "Tomate" Cardoso Kraychete, cantor de axé
@psirico - Márcio Victor da banda Psirico
@sigarodriguinho - Rodriguinho, cantor de pagode
@thbarbosa - Thiaguinho, cantor de pagode
@tnalia - Mart'Nália, samba
@triopreto1 - Trio Preto +1, samba
@naldonaveia - Naldo Benny, cantor 
@zecapagodinhooficial - Zeca Pagodinho, cantor de samba e pagode
@bandauo - Banda Uó
@euanitta - MC Anitta, cantora de funk
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@cantorbelo - Belo, cantor
@fariapericles - Péricles Faria
@cantordiogonogueira - Diogo Nogueira, samba
@arlindocruzobem - Arlindo Cruz, samba
@lesapuca - Leandro Sapucahy

Internacionais
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@taylorswift - Taylor Swift, country pop
@katyperry - Katy Perry, pop
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@mtv - MTV americana
@lanadelrey - Lana del Rey, pop
@psy_oppa - Psy, rapper coreano
@justinbieber - Justin Bieber, cantor
@foofighters - Foo Fighters, banda de rock americana
@paramore - Paramore, banda americana
@ritaora - Rita Ora, pop
@ladygaga - Lady Gaga, pop
@carrieunderwood - Carrie Underwood, cantora country
@keithurban - Keith Urban, cantor country
@ddlovato - Demi Lovato, pop
@30secondstomars - 30 Seconds to Mars, banda de rock
@aliciakeys - Alicia Keys, cantora e pianista
@beyonce - Beyoncé Knowles, cantora
@mileycyrus - Miley Cyrus

Rock brasileiro
@patofu - Pato Fu, rock brazuca
@fernandatakai - Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu
@litaree_real - Rita Lee
@criolomc - Criolo, rapper
@digaoraimundos - Digão, da banda Raimundos, rock
@babysucessos - Baby do Brasil, ou Baby Consuelo, cantora
@pedrobaby1 - Pedro Baby, músico
@orappa - O Rappa
@nandoreis - Nando Reis, do "Titãs"

Pop e sertanejo
@wanessaoficial - Wanessa Camargo, pop
@sandyoficial - Sandy Leah, pop
@camargoluciano - Luciano di Camargo, sertanejo
@micheltelo - Michel Teló, sertanejo
@gusttavolimacantor - Gusttavo Lima, sertanejo
@mariano_mm - Mariano, cantor da dupla Mateus & Mariano
@luansantana - Luan Santana
@euanitta - Anitta, cantora
@djzepedro - DJ Zé Pedro
@hugopena_cantor - Hugo Pena, sertanejo
@ferrerodi - Diego "Di" Ferrero, vocalista do NXZero

* Atores, atrizes e personalidades da TV

Diretores e dramaturgos
@walcyrcarrasco - Walcyr Carrasco dramaturgo e novelista
@gloriafp - Glória Peres, dramaturga e novelista
@boninho - José Bonifácio Oliveira Sobrinho, o "Boninho", diretor de TV
@fernanda_young - Fernanda Young

Atrizes e apresentadoras
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@thailaayala - Thaila Ayala
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Artistas internacionais
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* Arte, fotografia e culinária

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@banksyart - Banksy, artista
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*Variados

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@catracalivre
@jerusalempics
@freepeople
@radiojovempan

*Humor
@naosalvo - Personalidade humorística da internet
@comediansclub - Comedian Club, clube de comédia
@johnnyluxo - Johnny Luxo, posta fotos engraçadas de animais
@marcelomedici - Marelo Médici, humorista
@evandrosanto - Evandro Santo, humorista e apresentador
@rodrigovesgo - Rodrigo Scarpa, humorista e apresentador
@marcoluque - Marco Luque, Humorista e apresentador
@marceloadnet0 (zero) - Marcelo Adnet, Humorista e ator
@danilogentili - Danilo Gentili, humorista e apresentador
@pecesiqueira - PC Siqueira, apresentador da MTV
@calabresadani - Dani Calabresa, humorista
@oceara - Wellington Muniz, o "Ceará", humorista
@rafinhabastos - Rafael "Rafinha" Bastos, humorista
@murilocouto - Murilo Couto, humorista
@diogoportugal - Diogo Portugal, humorista
@lapena - Hélio de la Peña, humorista
@tatawerneck - Talita "Tatá" Werneck, atriz e humorista
@cariocadelegado - Carioca do Pânico na TV, humorista
@amandaramal - Amanda do Pânico na TV, humorista
@miamello - Miá Mello, humorista
@sterblitch - Eduardo Sterblitch, humorista
@programapanico - Pânico na TV
@instapanico - Pânico no Instagram
@marcelomansfield - Marcelo Mansfield
@tomcavalcante1 - Tom Cavalcante
@marcelobolinha - Marcelo "Bolinha" do Pânico na TV
@dilmabolada - Dilma Bolada, perfil fake da presidenta Dilma Rousseff
@ingridguimaraesoficial - Ingrid Guimarães 
@leolins_ - Léo Lins
@paulogustavo31 - Paulo Gustavo Barros

*Esporte

@emmofittipaldi - Émerson Fittipaldi, piloto
@realroyce - Royce Gracie, lutador
@radamesmartins - Radamés Martins, jogador de futebol
@ronaldolima - Ronaldo Nazário de Lima, o Fenômeno
@pedroscooby - Pedro Scooby, surfista, e marido de Luana Piovani
@biaebrancaferes - Bia e Branca Feres, as gêmeas do nado sincronizado
@njunior11 - Neymar Júnior, jogador de futebol
@jdscigano - Júnior dos Santos "Cigano", wrestler (lutador)
@alexandrepato_7 - Alexandre Pato, jogador de futebol
@ryanlochte - Ryan Lochte, nadador olímpico americano
@fabiogurgel - Fábio Gurgel, lutador de jiu-jitsu brasileiro
@demianmaia - Demian Maia, lutador
@popobueno - Popó Bueno, piloto
@hulkparaiba - Givanildo V. de Sousa, o Hulk, jogador de futebol
@kaka - Ricardo "Kaká", jogador de futebol
@davidluiz_4 - David Luiz, jogador de futebol
@bruninho1 - Bruno Rezende, jogador de vôlei
@thiagosilva_33 - Thiago Silva, jogador de futebol
@hortenciamarcari - Hortência, ex jogadora de basquete
@juliocesaroficial - Júlio César, goleiro de futebol

*Causas animais

@procuracachorro - Procura Cachorro (perdido)
@procurasecachorro - Procura-se Cachorro (perdido)
@googledog
@celeb_viralata - Celebridade Viralata
@amparoanimal - Amparo Animal
@cantinhoanimal - Cantinho Animal
@adoteumgatinho - Adote um Gatinho
@clubedosviralatas - Clube dos Viralatas
@patinhasonline - Patinhas online
@instadogsbrasil - Instadogs Brasil
@richard_kitty - Gato com heterocromia (um olho de cada cor)
@finnaeus
@samhaseyebrows - Gatinho de sobrancelhas expressivas
@wickedclaudicat 
@venustwofacecat - Venus, gato quimérico (2 gatos em 1)
@dogartbr - Dog Art Br
@focinhoabandonado - Focinho Abandonado
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