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sábado, 22 de junho de 2013

De minha primeira passeata


A História é um campo de eterna surpresa. Por mais que imaginemos que exista alguma teleologia, alguma "mão invisível" a guiar os fatos, eles sempre nos aturdem. São mais rápidos que todas as análises, previsões, planejamentos.

Desde 10 de junho de 2013 , há apenas 2 semanas, os acontecimentos têm atropelado os analistas. Ninguém poderá dizer : "eu avisei", "I saw it coming" porquê ninguém previa os rumos que as passeatas pela diminuição da tarifa de transportes em São Paulo, organizadas pelo movimento Passe Livre, tomariam. Parecemos, hj, à beira da Anarquia, de nossa primeira Revolução, seja popular ou burguesa. Pela primeira vez em nossa História nos vemos diante de mobilizações sociais que abalam governos e convulsionam a sociedade.

Ver a tudo isso, até agora à distância, pela TV e Internet, além de um pouco de frustração por não poder ir à rua, me lembra meu primeiro ano na faculdade de História, na USP. Com frescos 19 anos, cheia de gana, iniciativa, vontade de "mudar tudo".

Assim que comecei a faculdade, pegava todos os panfletos que encontrava, me informando sobre os diversos movimentos sociais nos quais os estudantes se engajavam. Logo no primeiro mês anunciaram uma passeata na avenida Paulista e é claro que eu não podia perder.

Poderia ter sido qualquer o motivo, eu teria ido, tão empolgada que estava. O mote nesta ocasião era a oposição à ALCA, Área de Livre Comércio entre as Américas, uma proposta estadunidense de baixar, ou anular tarifas alfandegárias e impostos de importação.

O pessoal da faculdade, com muita razão, colocou no panfleto de convocação que a ALCA seria uma sentença de morte à indústria nacional, que faliria com a concorrência desleal dos norte-americanos. Me juntei a eles à luta, na rua.

Foi num domingo. Concentração no vão livre do MASP. Fui de metrô. Sozinha, no começo me senti um pouco deslocada. A polícia, avisada, não estava lá para reprimir a passeata, apenas para escoltar, supervisionar e impedir que o trânsito fosse completamente bloqueado. Fizeram um cordão de isolamento nos permitindo ocupar 2 pistas da Avenida Paulista.

Logo encontrei alguns colegas de faculdade, cumprimentados com sorrisos e surpresa: "Vc aqui tb, que legal!". Um deles, não me lembro sinceramente qual, fazia parte da coordenação da passeata e de sopetão, ao trocar meia dúzia de palavras comigo, perguntou todo animado:

- Você não quer subir no carro de som?

Mas é claro!

Me levou até a escada, trocou três palavras ao pé do ouvido com quem a guardava, que logo deu passagem, me permitindo subir a escada metálica, com um certo arrepio da espera do novo.

Lá em cima, além do "puxador" ao microfone, umas 30 pessoas, cheias de ânimo, empunhando cartazes e exibindo faixas, gritando palavras de ordem, agitando os braços ao alto, chamando a multidão. 

E era grande. Só lá de cima vi. Milhares de pessoas ao nosso redor, todas no mesmo compasso: alegria, cidadania, democracia, protesto, luta por melhorias e contra as desigualdades sociais. Ondas de adrenalina coletiva nos estimulavam.

Me senti "no olho do furacão", participando de algo muito especial, transformador, em cima daquele trio elétrico. Me juntei aos demais, cantando com a multidão e ajudando a segurar um longo cartaz de tecido, pintado com os dizeres "Fora ALCA".

Não sei dizer quanto tempo fiquei lá em cima, menos de 1 hora. Quando comecei a sentir minha voz enrouquecer, vitimada pela empolgação, cedi meu lugar a outro manifestante e vi que já era hora de descer. Já estávamos na rua da Consolação.

Prossegui em passeata, procurando outros colegas lá no meio. Encontrei alguns outros, calouros como eu, se sentindo "revolucionários autênticos" ao participar de seu primeiro protesto, como eu.

Vestida com uma blusa branca, nada demais. Ao constatar-me em meio a um mar vermelho, me senti algo deslocada, e como começava a esfriar um pouco, fui até um vendedor ambulante que acompanhava a manifestação com um varal de roupas para vender.

Dei uma repassada nas camisetas e achei uma que preenchia meus anseios: vermelha, com dezenas de pequenos Che Guevaras estampados com a frase "Viva Che". Perfeita. Vesti por cima da blusa branca e comecei a partir de então a me sentir "mais adequada", identificada com a onda coletiva.

Prosseguimos até a praça Roosevelt e na praça da República nos dispersamos. Essa manifestação não foi histórica, não repercutiu, não mudou nada (até hoje a ALCA não chegou ao Brasil, e não parece que vá tão cedo...). Mas me deixou uma marca profunda. Foi a minha primeira.

Na volta, peguei o metrô e, em segurança, voltei para casa. Conseguindo assento no trem, sentei-me com um sorriso no rosto, que coroava a sensação de estar participando de algo maior do que eu mesma. De ser um agente social transformador, que não apenas assiste, mas toma parte nos acontecimentos. Alguém que grita, e faz sua voz ser ouvida, contra o silêncio e a apatia geral.

No dia de hoje, parece, essa apatia do "gigante adormecido" acabou. Há 2 semanas milhares, milhões, de brasileiros saem às ruas, em protestos facilitados pelas redes sociais, azeitados pelas hashtags

#ogiganteacordou #obrasilacordou #vinagre #vdevinagre #passelivre #primaverabrasileira #vemprarua #protesto #manifestasp #changebrazil 

E algo mudou. Todos percebemos. Não sabemos ao certo o teor e a direção da mudança, mas ela está acontecendo. Centenas de cidades se levantam contra a alta no custo de vida, o peso dos impostos, a ineficiência dos serviços públicos, a corrupção institucionalizada, a impunidade à violência, os gastos exorbitantes nas obras da Copa do Mundo de futebol de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Parece que acordamos. 

Me sinto privilegiada em testemunhar acontecimentos Históricos como este.

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sábado, 12 de janeiro de 2013

De como comecei a fumar



O tabagismo futuramente será considerado uma das mais sui generis excentricidades da espécie humana. Me aventurando na insidiosa senda da futurologia, creio q o futuro será dominado pela ditadura de tudo q é saudável e politicamente correto, e não haverá mais fumantes.

Fumar era um vício meso-americano, rapidamente trasladado ao Velho Mundo, como coisa "sofisticada", de gentis-homens. Já no século XIX, tb as mulheres "da alta sociedade" começaram a fumar, munidas de longas piteiras cheias de charme. Ao fumar publicamente, uma mulher apresentava uma declaração de liberdade, auto-determinação, expunha sua verve avant-garde.

Já no século XX, aparentemente "todos" os homens eram fumantes. Poetas, escritores, nobres, jornalistas, artistas, políticos. Fumar era "chic", marca dos boêmios e bon-vivants. Não havia "área de fumantes" pois podia-se fumar em todos os lugares: corredores, elevadores, salas de reunião, aviões, restaurantes, hospitais (célebre é a imagem do pai, ao nascimento do filho, distribuir charutos a todos os amigos; e da mesma forma q é "falta de educação" ser servido numa taça e não beber, era receber um charuto e não fumá-lo).

Nas fotos de grandes eventos históricos, era freqüente vermos todos os "figurões" da política munidos de seus cigarros e charutos, posando alegremente. Àquela época, ostentar um charuto era símbolo de status e elegância, como tb eram a bengala, o monóculo e a cartola.

Foi no ocaso deste cenário histórico, ao fim da Guerra Fria, q principiei a fumar. O ano era 1997. Eu tinha 14 anos e começava a "sair de balada" com minhas amigas de escola. Queríamos ser "prafrentex", modernas, antenadas, transgressoras, rebeldes. E era necessário demonstrar isso exteriormente, através de nossas roupas, atitude, linguajar, penteado, postura.

Éramos adolescentes, e para provar a nós mesmas q não mais éramos crianças, queríamos degustar pequenos aperitivos da "vida adulta": salto alto, saia curta, decote, bebida alcoólica, beijar os rapazes, sair à noite e fumar. Queríamos deixar bem vincada a linha q nos separava de nossos pais "chatos e antiquados". E ter pequenos segredos entre nós era parte importante disso.

Diz-se q os adolescentes são altamente influenciáveis pelos "amigos", e é verdade. Quando a primeira de nós começou a fumar, o hábito se disseminou rapidamente em todo o grupo, como um vírus. Entramos "na onda" da galera. Do grupo de 5, 3 tornaram-se fumantes convictas, uma fuma bem de vez em quando, e a outra jamais pegou gosto pelo cigarro.

Dei meu primeiro trago num cigarro na boate Stravaganza, situada à rua Henrique Schaumann, em Pinheiros. Fui lá algumas vezes, na companhia de Thaís, Maristela, Gisele e Aline. Tínhamos todas a mesma idade, na plena efervescência hormonal de nossos 14 anos. Queríamos "pagar de gatinhas descoladas" e, como todos os "transgressores e rebeldes" fumavam, nós tb queríamos.

Naquela época fumávamos Gudang Garang, cigarro de cravo interminável com filtro adocicado. O maço era caro e o comprávamos coletivamente, fumando só para "fazer charme" para os garotos. Logo a diversão ocasional transformou-se em hábito quando entramos no Ensino Médio.

Àquela época só havia 2 tipos de Marlboro: o vermelho "estoura peito" e o "light", dourado. O maço custava algo como 1 real e sessenta centavos, o q naquela época era dinheiro, com o Real valorizado. E assim já aos 15 anos comecei a comprar meus próprios maços de cigarro.

Todo o meu quarteto do colegial, completado por Chico, Romeu e Maristela, era fumante. Apenas eu tinha dinheiro, ou coragem, pra comprar maços de cigarro. Em nossas muitas aulas vagas, ficávamos sentados num canto do pátio fumando, e eu vendia-lhes cada cigarro a dez centavos. Sob protestos de q eu seria algum tipo de mercenária por lucrar 2 ou 3 centavos em cada um, me repassavam a moedinha, e ríamos, fumando despreocupadamente, sem sermos incomodados pelos inspetores de alunos. Curioso perceber q no dia de hj, no mesmo "José Marques da Cruz", se um aluno acender um cigarro leva uma suspensão, e nós há 13 anos podíamos fumar livremente no mesmo ambiente... Outros tempos, nem tão longínqüos...

Ao entrar na faculdade de História na USP, foi reconfortante sentir-me acolhida numa sociedade de fumantes; na qual tal hábito, além de sinal de boemia e vanguardismo, era a marca da intelectualidade. Não só a maior parte de meus colegas eram fumantes, como até os professores fumavam, sem reservas, enquanto davam suas aulas. A certa altura do curso, afixaram nas salas de aula avisos de "por favor, não fume". Na primeira aula posterior à adição do aviso, o professor entrou, sentou, aproximou o lixo no qual costumava jogar as cinzas, mirou a placa, deu de ombros, nos fitou e falou em voz alta:

- Que me multem!

Outro professor, mais sensível, na mesma situação, começou a aula da seguinte forma:

- Há entre vcs pessoas q se incomodam com a fumaça do cigarro?

Uma meia dúzia levantou a mão, e ele concluiu:

- Então, por favor, sentem no fundo da sala, pois eu vou fumar.

Simples assim. Até 2005, 2006, "chato" era o não-fumante q reclamava do fumacê alheio. Todos fumavam em ambientes fechados, restaurantes, aviões, e até então todos encaravam a fumaça com naturalidade, como uma das "coisas da vida", q podemos não gostar, mas toleramos, como hj se faz com pessoas q falam em voz alta no celular, ouvem funk sem fone de ouvido e comentam sobre a tabela do campeonato brasileiro.

Hj, poucos anos depois, é um absurdo, e completo anátema, algum fumante exercer seu hábito em qualquer "ambiente público fechado" ou mesmo aberto. Não se fuma mais nos escritórios, boates, restaurantes, barzinhos. Se antes fumar era "chique" hoje virou algo q nos aliena, afasta, "quebra o clima", segrega.

Fumar antes era fator de integração social. Hj, os fumantes precisam se retirar da baladinha, ir pra fora, fumar na calçada, no frio e na chuva, enquanto o "agito rola solto" lá dentro. Se antes fumar era coisa de gente moderna, transgressora, sofisticada, hoje fumar virou coisa de gente antiquada, excêntrica, antissocial, segregada.

Hj em dia, em quase nenhum lugar mais se pode fumar, e nos q se pode, é comum q quando acendemos um cigarro os estranhos ao lado nos fulminem com um olhar de reprovação, torçam o nariz e se afastem como se fôssemos leprosos, deixando subjacente a frase: "vc é muito folgado e está contaminando o meu ar!"

A ditadura do politicamente correto está fazendo um ótimo trabalho em transformar todos nós em mauricinhos e patricinhas bunda-mole, garotos-propaganda da "geração saúde". Se hoje, quando assisto a filmes e seriados dos anos 1990 nos quais todo mundo fuma em todos os lugares, até eu estranho e acho graça, apenas posso imaginar a surpresa dos q viverem daqui a 50 anos diante da mesma situação. E a hilaridade q será no futuro assistir a "The X-Files" (Arquivo X, série protagonizada pelos agentes do FBI Fox Mulder e Dana Scully) com meus netos e responder à cândida dúvida:

- O q é esse bastão q solta fumaça q o Canceroso segura em todo lugar?

Estou certa q o tabagismo entrará para a História como uma "excentricidade" prescrita, e no futuro ninguém mais poderá fumar, em nenhum lugar... Este é o chato mundo q estamos a construir...

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domingo, 9 de dezembro de 2012

Testamento e propriedade de copyrights

Declaração de propriedade intelectual e posse de direitos autorais

Em resposta às diretrizes de privacidade e direitos autorais do Facebook, Google, Blogger, Twitter, Instagram e/ou qquer rede social ou site do qual participe, venho por meio desta declarar que são meus os direitos autorais sobre todos os meus detalhes pessoais, escritos - publicados ou não, pessoais ou profissionais, fotos ou vídeos e afins (conforme a convenção de Berna). Para uso comercial do supracitado é necessário meu consentimento por escrito em cada ocasião. Pelo presente comunicado notifico ao Facebook, Google, Blogger, Twitter, Instagram e/ou qquer rede social ou site do qual participe, que estão proibidos de divulgar, copiar, distribuir, disseminar, ou tomar qualquer atitude contrária a mim com base neste perfil e seu conteúdo. As ações proibidas supracitadas também se aplicam a funcionários, estudantes, agentes ou qualquer empregado sob a direção ou controle do Facebook, Google, Blogger, Twitter, Instagram e/ou qquer rede social ou site do qual participe. O conteúdo de todos os meus perfis, feeds, blogs e sites é privado e suas informações são confidenciais. A violação da minha privacidade é punível pela lei (UCC 1 1-308-308 1-103 e no Estatuto de Roma).

In response to all privacy and copyright guidelines of Facebook, Google, Blogger, Twitter, Instagram and/or any social network or website in wich I take part, I hereby declare that my copyright is attached to all of my personal details, writing - published and unpublished, personal/professional photos and videos, etc. (as a result of the Berne Convention). For commercial use of the above my written consent is needed at all times! By the present communiqué, I notify Facebook, Google, Blogger, Twitter, and/or any social network or website in wich I take part, that it is strictly forbidden to disclose, copy, distribute, disseminate, or take any other action against me on the basis of this profile and/or its contents. The aforementioned prohibited actions also apply to all employees, students, agents and/or any staff under Facebook's, Google's, Blogger's, Twitter's, Instagram's and/or any social network or website in wich I take part, direction or control. The content of all my profiles, feeds, blogs and sites is private and confidential information. The violation of my privacy is punished by law (UCC 1 1-308-308 1-103 and the Rome Statute).

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Disposições para a ocasião de meu falecimento (Testamento e doação de órgãos).

Eu, Fernanda Ramos, brasileira, solteira, professora de História, natural de São Paulo capital, em plena posse de minhas faculdades mentais venho publicamente declarar:

1 - Autorizo a doação de todos os meus órgãos e tecidos para fins de transplante após constatada minha morte encefálica.

2 - Autorizo o fim do suporte artificial à minha vida caso eu seja diagnosticada com morte encefálica ou estado de coma prolongado e considerado irreversível.

3 - Autorizo a retirada de amostras de meus corpo para pesquisas científicas, não porém a totalidade de meus restos mortais, que devem, se possível, ser cremados.

4 - Autorizo a retirada de meus órgãos, tecidos e gametas para quaisquer fins, a depender da conveniência, consultadas futuras declarações pessoais e a vontade de meus descendentes, se houver.

5 - Autorizo a manutenção em estado de animação suspensa de parte ou da totalidade do meu corpo, a depender da conveniência e consultadas futuras declarações pessoais, para fins de ressuscitação futura.

6 - Lego às seguintes pessoas, nesta ordem, na circunstância de minha inconsciência, interdição ou incapacidade; minha guarda, a tutoria de meus filhos e bens pessoais, de todos os assuntos do meu interesse, e as decisões concernentes aos meus restos mortais (na ausência de prole própria ou em sua incapacidade): Maria José Tomasella, Romeu Marinho Cardona Ubeda, James Pio do Nascimento Seixas de Carvalho, Ana Letícia Santos, Gisele Rani Martins.

7 - Desautorizo expressamente as seguintes pessoas a tomarem qquer decisão concernente ao aqui exposto: Regina Ramos, José Roberto Ramos (e qquer parente seu) e Cristhiane Ramos. Desautorizo q em meu falecimento ou incapacidade a guarda de minha prole ou minha herança sejam legados a Regina Ramos ou José Roberto Ramos (e qquer parente seu).

Fernanda S. Ramos

P.S. :Tenho "firma aberta" (assinatura reconhecida para fins legais) no cartório do Butantã, à avenida Vital Brasil, São Paulo-SP. Adicionei a este texto minha assinatura, embora tremida, foi o melhor q consegui fazer com apps de doodle, mas creio q será possível, com ela, validar estes documentos no futuro.)
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sábado, 17 de novembro de 2012

Porque sou Sionista

Muitas vezes é difícil, sendo informado pela mídia ocidental, saber se nossos pontos de vista estão sendo manipulados a serviço de interesses políticos aos quais estamos alheios.

Muitas vezes nem os próprios jornalistas vão fundo nas questões sobre as quais fazem reportagens. E frequentemente suas posições apenas ecoam um paradigma político q parece "bonzinho" à primeira vista, mas não resiste a uma análise mais profunda.

No meu curso de História na USP sempre via os alunos "politizados" metendo o pau em Israel, levantando a bandeira da causa palestina e chamando os sionistas de "nazistas judeus".

Nada mais superficial...

O principal motivo desses grupos serem pró-palestina não é simpatizarem com os palestinos, mas serem anti-yankees. Identificam os EUA como "o inimigo capitalista" e todos os seus aliados como inimigos. E quem é contra os EUA como aliados.

Se não se conformassem com uma visão simplista e maniqueísta, iriam mais fundo na questão, se informando sobre quais bandeiras os palestinos levantam. E elas nada têm de "progressistas". A causa palestina propugna a pura e simples destruição do Estado de Israel e, se possível, a morte de todos os judeus. Pleiteiam em Canaã erigir um estado islâmico, daqueles onde a mulher é obrigada a usar o véu e liberdade de expressão merece pena de morte, por apedrejamento.

O Estado de Israel é laico. É a única democracia de todo o Oriente Médio. Em Israel, cristãos e muçulmanos podem professar livremente sua religião, sem perseguições. Em Israel, as mulheres podem andar com a roupa q quiserem, são convocadas para o serviço militar, são livres, até para ser a chefe do poder, como a primeira-ministra Golda Meir está para o provar.

O Estado de Israel não tenciona extirpar os palestinos da face da Terra. Não faz ataques terroristas nem bombardeios aleatórios. Apenas responde, com ataques cirúrgicos, quando atacado pelo grupo terrorista Hamas.

Qualquer pessoa q estude com sinceridade a causa judaico-palestina saberá q, por justiça, Israel pertence aos judeus. Eles são os ocupantes originários daquela terra. Da mesma forma q os indígenas brasileiros, como ocupantes originais desta terra, são os verdadeiros donos e merecem ter suas aldeias demarcadas e respeitadas.

Em 79 d.C. os judeus foram expulsos de Israel pelo Império Romano. Desde então foram estrangeiros na terra alheia, sem cidadania, discriminados, violentados. O ápice do antissemitismo ocidental foi o Holocausto nazista. Este fato, tão recente em termos históricos, demonstra q não há lugar no mundo onde os judeus podem se sentir 100% seguros de poder viver e professar sua cultura em paz, fora Israel, criado em 1948 justamente para abrigar os sobreviventes da "Solução Final".

Israel é o único país judeu do mundo. Quantos países islâmicos há, ou onde os muçulmanos são maioria? 30 ou 40, se não mais. Os palestinos poderiam tranquilamente viver no Egito, na Jordânia, no Líbano, sem serem incomodados. E os judeus, caso não houvesse Israel, poderiam viver tranquilamente nesses países? Seguramente q não, pois mesmo na Alemanha tão avançada, eis o fim q tiveram...

O Sionismo moderno nasceu com o sonho de Theodor Hertzel. Materializou-se com Oswaldo Aranha e ben Gurion. E este sonho, fragilmente concretizado, continua ameaçado. Israel sabe da fragilidade de sua condição, da inimizade de todos os seus vizinhos, do antissemitismo arraigado dos terroristas muçulmanos q manipulam a causa palestina.

É preciso coragem para declarar-se sionista, e pró-Israel. Mas por questão de honestidade intelectual, como historiadora q foi ao fundo da questão, não há como honestamente ter outra posição.

Israel tem o direito de existir!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Brasil é um país cheio de boas intenções

Nascer no Brasil é uma verdadeira bênção, constantemente pouco reconhecida. Não é à toa q inúmeros estrangeiros escolhem aqui morar. Clima tropical, solo fértil, povo acolhedor, oportunidades múltiplas. Seguramente nem tudo é bom, como exemplos: a corrupção, péssimos serviços públicos, pobreza, criminalidade.

Creio q grande parte dos problemas brasileiros são resultado de um descompasso, uma falta de sintonia, entre a "alta cultura" dos eruditos e a "cultura popular" da "plebe", algo profundamente marcado pelas questões étnico-raciais entre "brancos" e "negros".

Tanto "brancos" como "negros" entre aspas pois os "brancos" muitas vezes não são propriamente brancos, mas o querem ser, e os "negros" muitas vezes não se vêm como negros, devido à grande miscigenação e racismo não-declarado; preferindo ver-se como "semi-brancos". Inúmeras vezes me vi diante de pessoas claramente negras q se declaravam brancas, e se ofendiam se alguém lhes dissesse q não eram brancas.

Como dizia um professor meu, "nos EUA uma gota de sangue negro faz de alguém aparentemente branco um negro. No Brasil, uma gota de sangue branco faz de alguém aparentemente negro um branco."

A elite branca brasileira parece posicionar-se sócio-culturalmente como se estivesse numa "missão civilizatória" visando "melhorar, instruir, ou educar" a "plebe inculta e mestiça". E isso pode ser demonstrado por esta elite tentar "iluminar o povo com a alta cultura (européia, é claro)". Neste texto explorarei 2 exemplos disto: nosso hino nacional e nossos parâmetros curriculares federais.

Numa avaliação internacional feita por músicos e maestros, o Hino Nacional Brasileiro foi eleito como o segundo mais belo do mundo, atrás apenas de "La Marseillaise", o célebre hino francês. Seguramente é belíssimo nosso hino. Porém, tem um "pequeno" problema: poucos brasileiros o sabem cantar.

Este hino é cheio de palavras belíssimas, como plácido, fúlgido, impávido, clave, flâmula, brado etcs. Termos eruditos completamente estranhos ao "povão". Sua melodia é riquíssima, mas não reflete nenhum ritmo brasileiro, popular. Não há nada em nosso hino nacional q faça "o povo brasileiro" se identificar com ele. O hino não foi feito pelo povo, nem para o povo. Mas sim pela elite, para a elite.

Muitos acham q o povo brasileiro não conhece nem canta o hino por falta de patriotismo. Creio q o problema é outro. O povo não o canta pois não se reconhece nele, não sente q este hino seja verdadeiramente "nacional", mas apenas representa aquela parcela "branca, educada, elitista" da população. Há um claro descompasso entre as aspirações, o folclore, a lírica e a musicalidade populares, em relação às representações "oficiais" da cultura brasileira. O hino não atende ao povo, por isso ele o rejeita.

Outra demonstração clara do desencontro entre as intenções da elite e as aspirações do povo são os Parâmetros Curriculares Nacionais para a educação pública. Sou professora de História e usarei esta disciplina como exemplo.

O Currículo educacional brasileiro é tão maravilhoso quanto nosso hino. Muito bem-estudado, elaboradíssimo, abarca todo o conhecimento da História Universal, do ponto de vista europeu. Lendo-o me perguntei: "provavelmente quem escreveu isso é PhD em Coimbra, Oxford ou Harvard". E produziu parâmetros visando colocar os alunos brasileiros em condições de disputar vagas nestas instituições.

De acordo com estes parâmetros, eu deveria formar alunos na oitava série, com 14 anos, na posse de todo o conhecimento da História Universal, desde a pré-História até o fim da Guerra Fria. Q maravilha! Quem lê este documento ACHA q isto é posto em prática, transformado em realidade. Vã ilusão.

Os alunos estão "se lixando" para a Grécia, Roma, o Feudalismo, a Revolução Francesa. Nada disso faz parte do seu cotidiano e seu horizonte cultural. Querem aprender coisas palpáveis, práticas, úteis. E essas coisas não fazem parte do currículo.

A disciplina de "História" tenta fazer do aluno um mini-historiador, e não ensinar-lhe sobre cidadania, Direitos Humanos, relações inter-raciais. Não procura, em nenhum momento, ensinar a instrumentalizar o conhecimento histórico para a compreensão do hoje. Não há nenhum conteúdo q me instrua a ensinar-lhes sobre documentos, imposto de renda, política, atualidades, as coisas q os estudantes realmente precisam e querem aprender.

Ao invés de educá-los para a vida e a cidadania, os PCN's me dizem q eu devo prepará-los para o vestibular da USP. O "pequeno" problema é, como todos sabem, q raramente um aluno egresso de escola pública entrará na USP. Seguramente, menos de 1 por sala. E em prol deste 1, q entraria na USP de qquer forma, eu sacrifico os outros 40, q deixam de aprender coisas úteis para "perder tempo" não aprendendo coisas q, para eles, seriam muito úteis.

Outro exemplo é a disciplina de Química, q tenta fazer dum aluno um mini-químico, calculando elétrons, ligações covalentes e mols. Em nenhum momento pretende prepará-los para usar estes conhecimentos no cotidiano. Nada lhes ensina sobre higiene pessoal, limpeza doméstica, farmacologia e interação medicamentosa, agricultura e pesticidas. Os alunos perdem tempo não aprendendo a ser mini-químicos, enquanto poderiam estar aprendendo química instrumental, para usar no dia-a-dia, beneficiando sua saúde.

Os burocratas, q ganham como juízes, e trabalham em Brasília no ar condicionado, representantes da "elite branca" não vêm a realidade pois nunca deram sequer uma aula na rede pública. Quem realmente sabe do q está falando, pois lida cotidianamente com a realidade existente e não imaginada, freqüentemente manifesta os problemas curriculares.

Apenas para obter como resposta q o currículo é ótimo, foi elaborado por um PhD pela Sorbonne, e q se ele não funciona é por incapacidade dos professores. Meio q dizem "quem são vcs, meros professorinhos da rede pública, para achar q podem dizem para nós, professores doutores, o q deve ser ensinado?"

Respondo: "nós somos aqueles q têm CONHECIMENTO DE CAUSA para falar disso, somos nós que ensinamos, somos nós q sabemos o q funciona e o q é ruim. Vcs, burocratas de terno italiano e sapatos Louboutin, não têm a menor idéia da realidade. Vcs criam leis para um país q não existe." Estes burocratas podem estar cheios de boas intenções, mas elas mais atrapalham do q ajudam quem de fato trabalha no dia a dia escolar.

É necessário romper com essa noção de q a elite deve "civilizar" a plebe inculta. O povo não precisa "ser civilizado na cultura européia", mas instrumentalizado para serem agentes interventores e conscientes na realidade brasileira.

Não é o povo q tem q "melhorar" para poder cantar nosso elaboradíssimo hino. É o hino q tem q ser mudado para refletir a cultura, e o povo brasileiro. Não são os estudantes, nem os professores, q têm q "melhorar" para cumprir o currículo. São os PCN's q têm q melhorar para atender as demandas dos alunos, para ensinar-lhes coisas úteis, cotidianas, e não abstratas, distantes, estranhas à cultura brasileira.

As "boas intenções" são ótimas até falharem no teste da realidade. Até percebermos q elas apenas aparentam ser boas. Na verdade são perniciosas, pois nos fazem desperdiçar anos e anos digressando sobre Roma enquanto os alunos não sabem a diferença entre o CPF e o RG, não têm a menor idéia do q é carga tributária, quais são seus direitos trabalhistas e pq são obrigados a votar a cada 2 anos.

Como diz o famoso ditado "de boas intenções o inferno está cheio", pois não basta ter "boas intenções"; é necessário q, no teste prático, elas sejam validadas como boas. Se o teste prático não as valida, estas intenções mais são uma camisa de força q limita as ações dos professores, q se vêm como um Napoleão de hospício, digressando longamente sobre assuntos q, para os alunos, são tresloucados, irreais e inúteis.


domingo, 21 de outubro de 2012

Aprendendo com a diplomacia de Oswaldo Aranha

Poucos conhecem a importância da ação deste diplomata brasileiro na criação do Estado de Israel. Todos os anos é realizada a Assembléia Geral da ONU, q sempre é inaugurada com o discurso do presidente do Brasil. Isso não ocorre por a ONU considerar q o Brasil seja "importante", mas por tradição, em honra à ação de Oswaldo Aranha, q foi a primeira pessoa a discursar na Assembléia Geral, quando de sua fundação.

Sem a ação positiva de Oswaldo Aranha, a resolução da criação do Estado de Israel talvez nunca tivesse sido aprovada pela ONU, e hj não haveria Aliyah (retorno dos judeus a Eretz Israel). O protagonismo de Oswaldo Aranha é relatado neste texto, q cito em parte.

"Tão logo abriu a sessão, Oswaldo Aranha percebeu que com aquela presença no plenário, a proposta da UNSCOP não iria alcançar o elevando quórum necessário para sua aprovação. Estava se desenhando no horizonte a tão temida quarta-feira negra: a rejeição da partilha. Os judeus depois de uma vivencia de 1.812 anos sem-Estado teriam perdido a primeira grande chance de soerguerem-no na Palestina britânica, anos depois de poderem recriar o seu país na terra bíblica. Momento sumamente sombrio, depois tantas perseguições, tanto sofrimento. Pesado silencio dos judeus se contratava com a exaltada alegria dos inimigos da Partilha.

"Mas numa faísca de iluminada lucidez, Oswaldo Aranha encontrou uma saída legitima para impedir a implosão do direito de autodeterminação dos povos. Aconselhou aos membros da Agência Judaica sair em busca do aumento do número de oradores inscritos na sessão. Assim, quando os inimigos de Israel começaram a exigir em coro a imediata votação, Oswaldo Aranha declarou solenemente: “Senhores, temos uma lista de oradores”. E exatamente no horário marcado para encerramento da sessão, Aranha solenemente se levantou e disse: “Senhores, nós tivemos um longo e dramático dia sobre as demandas históricas sobre o que foi proposto. Suspendo a sessão até a manhã de sexta-feira (no dia seguinte, quinta, era feriado nacional, Dia de Ação de Graças...).

"Com o singelo e simples conselho, Oswaldo Aranha conseguiu evitar que ocorresse a quarta-feira negra para os judeus. Destarte, no dia de 29, sábado de quando veio a ocorrer a votação, resultou a aprovação da proposta da Partilha, com 33 votos a favor, 13 contra, 10 abstenções. Nahum Goldman, membro da delegação, declarou que Aranha salvara a Partilha. Posteriormente, seria outorgado a ele, post-mortem, em sinal de agradecimento de Israel, a medalha Ben Gurion." fonte: http://www.visaojudaica.com.br/Novembro2007/artigos/19.html

Reflexão:

Não são apenas pessoas com cargos de destaque q carregam a responsabilidade de fazer a coisa certa na hora exata. Cada um de nós tem capacidade e somos apresentados à possibilidade de ajudar aos outros, quando a oportunidade se apresenta. Da mesma forma q Oswaldo Aranha teve lucidez e paciência para esperar o momento correto de agir para ter o melhor resultado possível, devemos ter sua perspicácia e inteligência para saber o momento e a forma correta de fazer as coisas.

Para quem não sabe, a definição de "política" é: "a arte de conviver com os diferentes" ou "a capacidade de conciliar interesses divergentes". Não são só "os políticos" q fazem política, todos nós a praticamos, ou deveríamos, em prol da harmonia, da convivência, do "bem geral". Se Oswaldo Aranha não tivesse a inteligência e o senso de oportunidade de adiar a votação sob sua responsabilidade, ou se tivesse dito "na verdade, não quero votar hj pois hj a resolução seria pró-Palestina e eu sou pró-Israel", não haveria Israel.

Diplomata experiente ele sabia, como um toureiro, q enfrentar o problema de frente, em desigualdade de forças, teria um mal resultado. Da mesma forma q o toureiro usa sua capa para direcionar o ataque do touro para longe de si, por saber-se mais fraco fisicamente, Oswaldo Aranha "deu uma volta" nos anti-sionistas. Sabia q não poderia enfretá-los de "peito aberto", mas poderia usar sua diplomacia e senso político para esperar a melhor oportunidade para agir. E assim, vencer.

Quando cada um de nós se vê diante de um touro raivoso, mais forte e violento q nós, partindo para o ataque, enfrentá-lo diretamente numa batalha física não é a melhor estratégia. Devemos ter paciência, inteligência, saber o momento correto de dar um passo atrás e o de dar um passo à frente. Um touro pesa mais de meia tonelada, tem chifres de 1 metro e a testosterona de 30 homens. Um toureiro pesa 70 quilos. Porém tem algo q o touro é incapaz: a capacidade de controlar seu medo, sua raiva, de "prever" o comportamento dos outros, e agir não movido pelo instinto, pela emoção, mas pela razão, estudo e técnica.

Muitas vezes, quando "os outros nos atacam" ou falam mal de nós sentimos um ímpeto imediato de "colocar os pingos nos is", de "lavar nossa honra", movidos pelo instinto de auto-preservação, pela raiva, pelo medo. Ora, isso é enfrentar "o touro" de frente, em desvantagem de forças.

Ao perceber q a votação na quarta-feira negra seria contrária à criação do Estado de Israel, Oswaldo Aranha não manifestou sua discordância, não teve medo, não se precipitou. Sabia q naquele momento ele estava em desvantagem, respirou fundo, agiu de maneira política, adiou a resposta, e a decisão.

Quando nos vemos em uma discussão, tal como os debates q temos na comunidade Bnei Noach ( https://www.facebook.com/groups/246079458738548/ )e alguém publica algo q não gostamos, não devemos reagir movidos por nossos instintos. Devemos respirar fundo, agir politicamente, ter senso de oportunidade, paciência, diplomacia.

Numa frase: se qquer pessoa escrever algo q vc não gostou, espere pelo menos 24 horas antes de responder.

Isso fará a adrenalina baixar, vc pensar bem, ponderar as palavras, agir com inteligência, "manobrando o touro" disposto a usar da violência e, no caso humano, do desrespeito e falta de efucação. Como diz uma frase famosa "nunca devemos discutir com um ignorante, pq ele te arrasta ao nível dele e ganha por experiência".

Oswaldo Aranha não discutiu com os ignorantes. Teve "jogo de cintura", maturidade, temperança, para lidar com a situação.Contemporizou, esperou, e munido das armas corretas, racionais e lícitas, agiu num momento mais favorável e ponderado. O resultado de sua diplomacia é inestimável.

Q todos possamos aprender com o exemplo deste grande homem! Q saibamos ser diplomáticos, esperar o momento correto de agir e escolher as palavras corretas para atingir nossos objetivos. E q eles sejam bons!

terça-feira, 15 de maio de 2012

O inferno das boas intencoes

"De boas intenções o inferno está cheio". Esse é um dito popular muito conhecido e q guarda uma ampla sabedoria experimental. Normalmente isso é dito quando alguém faz uma coisa cujo resultado ruim não foi previsto. Quando alguém faz algo pensando q está a fazer algo bom, mas os desdobramentos da ação são negativos.

Pela vida, fui me deparando com inúmeras situações em q o ditado se verificou. E creio q em muitas delas isso foi resultado do descompasso entre duas coisas essencialmente diferentes: a teoria e a prática. Na teoria, tudo e fácil, pois o papel aceita tudo. No papel, todos os projetos parecem ótimos e factíveis. Todas as novas idéias parecem ser capazes de iniciar uma revolução.

Porém, quando saímos da bolha de papel acadêmica e nos deparamos com o dia a dia, rapidamente aprendemos q "na prática, a teoria é outra" e q todos aqueles lindos projetos elaborados em linguagem grandiloquente não servem para nada.

Quando alguém falha em perceber isso se verá lançado ao inferno das boas intenções. Como sou professora, da rede pública, usarei exemplos deste universo.

Cada vez mais o ambiente escolar tem sido contaminado pela cultura empresarial. Economistas, administradores e mesmo pedagogos q nunca pisaram numa sala de aula da rede básica, cheios de boas intenções e sem nenhuma noção do q é a "realidade" frequentemente acham q está ao seu alcance modificar radicalmente o ensino público.

Cada novo secretário de educação quer "mostrar serviço", deixar sua marca, declarando na imprensa q dará um "choque de gestão" q elevará o patamar de qualidade da rede de ensino... Um intenção ótima... E infernal. Infernal pq esses "choques de gestão", via de regra, servem apenas para desorganizar o q já existia e desorientar os verdadeiros gestores, q não estão sentados num escritório com ar condicionado, mas q ralam no dia-a-dia da escola.

A cada novo gestor, vêm novos decretos, novas regras, novas siglas, novo material didático. Muita novidade ao mesmo tempo. Tudo isso até poderia ser bom, não fosse o detalhe da inconstância política, pois quando dá-se o tempo de todas as "novidades bem-intencionadas" serem digeridas, o antigo secretário já "caiu" e outro assumiu seu posto.

E é claro q o novo secretário tb quer "mostrar serviço, deixar sua marca e fazer seu choque de gestão", o q envolve descartar todas as iniciativas do seu predecessor. Desfaz-se tudo, remudam-se os decretos, as siglas, o material didático, desnorteando mais uma vez todos os profissionais q efetivamente trabalham na sala de aula.

E a cada nova mudança, inventam mais relatórios e formulários, cuja intenção teórica é ótima, mas q na prática resultam em "roubar" tempo precioso, do qual professor faria muito melhor uso se nele trabalhasse em prol de seus alunos, e não preenchendo papéis inúteis, q nunca ninguém vai ler.

Não duvido q cada novo secretário ou ministro da Educação tenha a melhor das intenções ao iniciar seu "choque de gestão". O q duvido é q qualquer um destes "choques de gestão" resulte em qquer melhora na educação. A única pessoa capaz de fazer a Educação pública melhorar é o próprio professor. E enquanto houver a percepção pelo professor de q os políticos q nos gerenciam desconfiam de nossa capacidade, nos desrespeitam em nossos direitos trabalhistas, não nos valorizam, nenhuma iniciativa de mudança de gestão resultará na melhora do ensino.

Ademais, como a carreira do professor é longa, rapidamente descobrimos q, ano vai, ano vem, muda o secretário de educação, e com ele as políticas de educação; portanto, nenhuma delas é "realmente séria" e se simplesmente ignorarmos ou "fingirmos q estamos seguindo as novas diretrizes", o secretário mudará antes q alguém perceba q as "novas/antigas diretrizes" não foram efetivadas. E quando isso se dá, a gestão q era nova já é velha, e não precisa mais ser obedecida.

Além dessa balela de q seria possível de cima, com um decreto, melhorar a Educação, há o problema do próprio currículo. No Brasil, temos os PCN's, Parâmetros Curriculares Nacionais. Muito bem intencionados. No papel, a Educação brasileira é ótima. Na teoria, nossos alunos aprendem um currículo muito mais vasto e diversificado em relação mesmo ao q é ensinado nos países desenvolvidos. Partirei do exemplo q me é melhor conhecido: a disciplina de História.

De acordo com os PCN's, eu formo meus alunos de 14 anos no Ensino Fundamental com todo o conhecimento sobre a História Humana, desde a pré-História até o século XXI. Quer dizer, eu assino um papel q afirma isso. Um papel q não tem nenhuma correspondência prática. Por acaso acho q o currículo brasileiro do ensino de História seja ruim? Não, ele é ótimo. Na verdade, seria ótimo. Para a Suíça. Para a Suécia. Para a Finlândia. É um currículo vasto, profundo, completo... E infernal.

Infernal pois, para seguir este currículo, gasto centenas de horas digressando sobre a Revolução Francesa, o Feudalismo, a Cultura greco-romana. Conteúdos ótimos, mas com resultado pífio. Meus alunos decoram os fatos e datas para a prova, e após ela rapidamente esquecem tudo. O q ensino é abstrato, longínquo, impalpável e, portanto, desinteressante.

Os alunos deixam de aprender coisas realmente importantes para seu cotidiano, q não fazem parte do currículo, mas exige-se q aprendam conteúdos intrincados e vários patamares acima da sua real capacidade, ou interesse, de aprendizado. Para os burocratas, ministros e secretários, q nunca deram aula na rede básica, o currículo é ótimo. Para o professor, q lida com a realidade, o currículo é uma "jaula de ouro" q prende não uma Fênix, mas um pardal.

Já passou da hora dos políticos q têm a ilusão de serem capazes de dar um "choque de gestão" terem um "choque de realidade" e descobrirem q suas boas intenções podem até ser ótimas, porém q não será na canetada, com um decreto, q a realidade mudará. Não precisamos de novos paradigmas administrativos. Não precisamos de relatórios e de rankeamento. Precisamos de valorização. Q a voz dos q efetivamente conhecem como se dá o processo educativo seja ouvida, não q um economista venha dizer ao vigário como se reza a missa.

Nem sempre boas iniciativas são realmente boas. Raras teorias vencem o teste da prática, da realidade. E, se vc é político de carreira, economista, administrador ou mesmo pedagogo de escritório, pare de achar q os papéis q vc assina com novas diretrizes melhorarão a Educação, pois eles não irão: apenas desorganizarão o q já está aí, na verdade atrapalhando o real processo educativo.

Na prática aprendi q os secretários de Educação não têm em vista a melhora da Educação: objetivam usar essa pasta como um trampolim para suas ambições políticas pessoais. Intenção, convenhamos, nem tão boa assim. Achar q os professores irão simplesmente aquiescer como cordeiros a este propósito é ilusão. Secretários, ministros, vêm e vão. E com isso todas as suas "boas intenções" vão pro lixo. E a Educação enquanto isso segue girando em falso, sem saber aonde vai, qual é seu propósito, completamente sem norte nem melhora.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Família Suplicy, os Kennedy’s brasileiros

Numa República, por princípio, não deveriam se formar dinastias familiares. Mas quem disse que vivemos numa verdadeira República, ou que qualquer lugar já a tenha posto em prática em sua forma idealmente prescrita? Muitos são os casos de grupos familiares serem sucessivamente alçados ao poder pelo voto popular. E muitos são os políticos que embora não descendentes, proclamam-se herdeiros de figura política ancestral e reverenciada.

Alguns exemplos brasileiros. Em SP temos o ilustre caso dos 3 irmãos Andrada e Silva: José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos . No Maranhão temos o exemplo deletério da família Sarney. Na Bahia, os Magalhães. No Rio de Janeiro os “Garotinho”.... Em Minas, nasce a dinastia Neves, de Tancredo e Aécio.

A formação de dinastias republicanas não é fenômeno exclusivamente brasileiro. Nossos hermanos argentinos têm certo pendor peronista, recentemente materializado na dinastia Kirchner. No Peru, temos Alberto e Keiko Fujimori. Se Fernando Lugo encaminhar seus filhos à carreira política, faltarão cargos eletivos suficientes no Paraguai para os múltiplos filhos do presidente ex-bispo... Nos EUA são muitas as famílias com vários membros de destaque. As mais óbvias são os Clinton e os Bush.

Historicamente, só para citar famílias sem “sangue azul” é iconográfico o caso de Napoleão Bonaparte e seu sobrinho, Luís Napoleão, que subiu ao trono como Napoleão III. Mesmo contemporâneo, é também histórico o exemplo de Cuba, com Fidel Castro sucedido por seu irmão Raúl. Na Coréia do Norte, a família de Kim Jon-Il encaminha-se para a terceira geração no poder “republicano”...

Porém ocasionalmente algumas dinastias políticas revestem-se de certa aura taumatúrgica. Tal ocorreu nos EUA em relação aos Kennedys. Especialmente por seus dois mais destacados membros, John e Robert, terem se tornado arquetípicos mártires da América.

A Cultura política brasileira é toda outra. Políticos brasileiros não são assassinados por cidadãos malucos, ou por Conspirações da CIA, mas por simples jagunços e pistoleiros. Os políticos brasileiros não costumam ter mortes grandiosas. Pelo menos desde o suicídio de Getúlio Vargas. Minto. Desde o desaparecimento de Ulysses Guimarães, que fosse mais jovem e com “apelo midiático”, teria memória muito mais celebrada.

Político sui generis no desolador cenário político brasileiro é o “eterno” Senador por São Paulo Eduardo Matarazzo Suplicy. O “Matarazzo” já é toda uma declaração a respeito da classe social de qquer um que porte este sobrenome no estado de SP. Numa frase curta, os oriundi Matarazzo obtiveram o titulo nobiliárquico de “Conde” sob o Império de Pedro II.

Eduardo Suplicy encarna uma verdadeira bandeira em prol da retidão. Sua persona emana segurança, dignidade, republicanismo. Outra característica maravilhosa do senador Suplicy, apanágio das pessoas muito bem-resolvidas, é que ele não tem medo de rir de si mesmo, não se sente na necessidade contínua de “manter a compostura”. Suplicy tem “compostura” intrínseca e pode, portanto, impunemente, prescindir de qquer “pose”. É figurinha carimbada e carinhosamente reverenciada nos programas de humor jornalístico. Não teve medo de vestir a sunga vermelha de super-homem que Sabrina Sato lhe ofereceu via Pânico na TV (e que o programa, em respeito ao Senador e para não complicá-lo na hilariante “Comissão de Ética do Senado” não levou ao ar, deferência que nenhum outro político receberia...)

Recentemente, participou de um “detector de mentiras” no programa CQC - Custe o que Custar. Na matéria ele era apresentado como “um político que nunca mente”. Aplicaram-lhe o teste com várias perguntas espinhosas, às quais qquer político se furtaria em responder. Não alguém seguro de uma honra imaculada. O detector acusou mentiras? Rsrsrs... Claro! Uma das perguntas foi se o casamento com Martha Suplicy foi “fácil”. Após pensar, disse que sim. Mentira! Quem conhecer 1 só casamento fácil que atire a primeira pedra. Outra pergunta foi se alguma vez ele teve vontade de “dar na cara” da Martha. Após ponderar, disse não. Mentira! Confrontado com o resultado, explicou em seu reticente tom de bom-moço: “Posso até ter pensado, mas nunca, jamais, realizei nada neste sentido”. Verdade! Quem nunca teve vontade de esmurrar aos mais próximos que atire a primeira pedra. De todas as perguntas de escopo político, Suplicy graduou-se com louvor. E com verdade. Afirmou claramente nunca ter recebido presentes de lobbistas. VERDADE!!!!

Detalhe pertinente das diferenças entre EUA e Brasil é que um político como Eduardo Suplicy, apesar de todos os seus méritos pessoais e sua ética imaculada, jamais teria uma carreira de destaque entre os preconceituosos e mui conservadores yankees. Seria guilhotinado por sua família. Nos EUA esposas de políticos devem ser donas de casa modelo, no máximo, políticas que serem-lhes apenas de sombra. E seus filhos, mauricinhos engravatados. Eduardo Suplicy foi casado longamente com uma sexóloga e seu filho mais famoso (seu Júnior) é também o punk mais famoso do Brasil: Supla.

Na década de 1980 Marta Sulicy ficou famosa por apresentar um programa na TV sobre sexo, ao lado de Marília Gabriela. Também na década de 1980 Supla chocava o Brasil com seus ilhoses, seu cabelo moicano e suas músicas horrendas. Uma esposa que fala sobre obscenidades na TV e um filho aparentemente drogado seriam suficientes para fadar ao fracasso a carreira de qquer político americano. Creio que o sucesso de Suplicy no Brasil diz algo de bom sobre a tolerância cultural de nossa nação.

Mesmo assim parecia algo meio “fora de lugar” o roqueiro multi-colorido Supla naquela que poderia ter sido a família Dó-Ré-Mi brasileira. Mas se há algo de curioso e reflexivo na vida é que o mundo dá muitas, muitas voltas. Quem hoje está por cima, amanhã está por baixo. Quem hoje é desprezado amanhã será honrado. E ninguém sabe para que rumo a roda da vida há de nos levar.

Para a família Suplicy isso se deu no programa “Casa dos Artistas”, o Big Brother com famosos que foi ao ar no Brasil pelo SBT de Sílvio Santos. Cujo casting contava com o pseudo-artista Supla. Até sua entrada nesse programa, todo o Brasil tinha uma visão pré-concebida de Supla como um “punk”: rebelde, grosseiro, violento, mal-educado. Uma fruta podre uma família de bem, depondo contra seu pai enquanto “bom gestor” e sua mãe como “psicóloga”, e contra ambos como políticos. Supla era o turn-off, o ponto baixo na biografia de seus pais. Até que o Brasil o conhecesse.

Em “Casa dos Artistas I” o Brasil teve uma das poucas boas surpresas políticas de sua história. Supla revelou-se um verdadeiro gentleman: educação principesca, gentileza, razoabilidade, pontos de vista esclarecidos, ausência de preconceito, disposição em ajudar, conversar, aconselhar, personalidade afável. Quem assustava por sua aparência cativou ao Brasil por sua docilidade. Desde o começo do programa até seu último episódio, Supla era o franco favorito. E teria ganho. Na verdade ganhou. Supla e a família Suplicy foram os grande vencedores da “Casa dos Artistas”, embora Eduardinho Júnior não tenha ganho o prêmio, para surpresa de todos, no último minuto.

Recomendo a todos assitir ao episódio final deste programa. Foi eletrizante. Ao longo dos meses de episódios de confinamento, vimos nascer um romance inspirador entre o garoto rebelde mais querido do Brasil e o membro menos conhecido dentre os “artistas” selecionados: a atriz Bárbara Paz. O grande público nunca ouvira falar dela. E, junto com Supla, o Brasil foi aos poucos se enamorando desta gaúcha de triste história. Lindo foi o entrosamento de ambos. E muitos telespectadores viram-se diante de uma história moderna de “Cinderella”.

Supla teria ganho, não fosse ele rico. E não tivesse o Brasil percebido que, para ele, ganhar algumas centenas de milhares de reais não faria diferença a um Matarazzo. Já para a neo-princesa seria determinante. Ninguém, muito menos a própria Bárbara, achava que ela ia ganhar. Isso fica claro ao assistir ao episódio final, com ela quase dissolvendo-se no sofá, o rosto marejado displiscentemente manchado de delineador. Após a revelação final do ganhador, lindíssima foi a cena de ela sendo recebida pelo rei e pela rainha-mãe, então prefeita de São Paulo. E terno foi o gesto de Marta ao ajeitar a maquiagem na nora que só então conhecia, mas por quem o Brasil inteiro já se apaixonara.

Não fosse o programa “Casa dos Artistas” o Brasil continuaria apensar: “Como um cara tão bom como o Suplicy não deu um jeito no Supla?” e “Como uma psicóloga pode criar tão mal um filho a ponto de ele virar punk?” Mas veio a Casa dos Artistas e a gentileza e fino trato de Supla demonstraram cabalmente ao Brasil como as aparências enganam.


Update 10 anos depois:

Eduardo e Martha Suplicy divorciaram-se. Ela casou-se com um argentino. Curiosamente, isso não resultou num suicídio político. Hoje já estão separados.
Em 2010 Martha foi eleita Senadora por SP. Portanto, dos 3 Senadores a que SP tem direito, hoje 2 atendem pelo sobrenome Suplicy.
O namoro de Supla de Bárbara Paz não durou muito. Hoje ela é uma respeita atriz, casada com o diretor de cinema, curiosamente também argentino, Hector Babenco.
Hoje em dia Supla apresenta, ao lado de seu irmão "mais cool" João Suplicy, o programa jovem e musical "Brothers". Supla continua a cultivar o look "Punk", apesar de já passado dos 40 anos de idade...
Nenhum dos filhos do casal Suplicy parece inclinado a enveredar pela carreira política.

A única música de "sucesso" de Supla é "Japa Girl". Gravada na década de 1980.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O swing de Shakira pode ser a arma definitiva para a paz mundial?

Gostaria de deixar claro logo no início que não sou fã de Shakira nem acompanho sua carreira com atenção. Porém, como a qualquer terráqueo, é-me impossível ignorá-la, onipresente que é na cultura pop.

Shakira Mebarak é a mais lucrativa commodity colombiana. Talvez ela personifique a mais vistosa contribuição da Colômbia ao planeta, suplantando Fernando Botero, Gabriel García Márques, o café premium e até a cocaína.

Porém Shakira não é uma “cantora colombiana”, é uma artista pop internacional cujo local de nascimento é mero detalhe. Shakira personifica o melting pot étnico da América Latina. E a liberdade sexual da mulher ocidental.

Seu começo de carreira foi o de uma “cantora colombiana”. Cantava em espanhol temas românticos, juvenis, despretensiosos. Em 1996, ao conhecê-la através de seus “Pies Descalzos”, Shakira não soava muito diferente de Paula Toller, Adriana Calcanhotto, Ana Carolina, Zélia Duncan, Marina Lima, Cássia Eller, Jewel, Natalie Imbruglia, Dido, The Cranberries, Sinead O’Connor, No Doubt. Diria até com uma versão juvenil, menos séria e talentosa de Marisa Monte. Sem esquecer a matriz de todas as cantoras ocidentais pós 1985 e a própria inventora do girlpower antes que o próprio termo fosse cunhado: Madonna. Que, mesmo começando como um clone da então famosa Cindy Lauper, provou que tinha muitas cartas na manga, como Shakira.

Em anos de Alanis Morissette, Shakira soava como uma versão latina desta rebeldia adolescente, deste girlpower ascendente, pois também eram tempos de Spice Girls. Neste começo de carreira Shakira não tocava musical ou imageticamente em sua ascendência turca, ou melhor, sírio-libanesa. Isto era um detalhe. Shakira era uma cantora hispânica, e cantava baladas em temas sonoros latinos.

Porém com o lançamento em 2001 de “Laundry Service” o tom e os temas de Shakira mudaram. O ponto de inflexão se deu a partir do lançamento da ainda em espanhol “Ojos Así”. A partir de então Shakira “deixou de ser latina” para tornar-se internacional, sem fronteiras. Com esta música Shakira uniu as duas pontas até então soltas de sua identidade: sua herança oriental, árabe, com sua circunstância ocidental, latino-americana. E começou a cantar em inglês, tornando-se palatável e atraente a então inexpugnáveis audiências, pouco afeitas à variedade cultural e receptivas a uma cantora em língua espanhola.

A partir de seu encontro com a Sony internacional do pigmaleão pop Tommy Motolla, Shakira sacou a carta que guardava até então insuspeita na manga: o balanço de seus quadris. E a cantar claramente que seus “Hips don’t lie”. Mais do que swingar seus quadris, coisa que qualquer Spice Girl, Jennifer López ou Beyoncé pode fazer, Shakira ia muito além: exibia dotes de dançarina bem versada na secreta especialidade islâmica da dança do ventre. Mexendo e tremendo sensualmente músculos de que as ocidentais sequer conheciam a existência.

E é este detalhe que a faz uma interlocutora fluente e uma mediadora eficaz nas conversas entre Oriente e Ocidente que, esperamos, virão impedir o “Clash of Civilizations” preconizado por Francis Fukuyama e materializado nos atentados de 11 de setembro. A própria data com apenas dia e mês excede explicações adicionais sobre o fato aludido. Não, não me refiro à queda de Salvador Allende no Chile. :p

O “convencimento” se dá pela força ou pela persuasão. Desnecessário dizer que a persuasão é muito mais eficaz e perene que o cerceamento violento. E Shakira é um trunfo do Ocidente que poderia ser muito bem apresentado no truco vale-doze da Política da Boa Vizinhança.

A Política da Boa Vizinhança foi posta em prática pelos EUA nas décadas de 1930 e 1940 como ação afirmativa de sedução cultural da América Latina. Visava arregimentar os países latino-americanos para a esfera de influência cultural e política dos EUA, em oposição aos regimes totalitários europeus. Os EUA queriam vender uma imagem de modernidade, futuro, democracia, liberdade. Mas para convencer aos latino-americanos a aderir nesta joint venture eram necessários interlocutores/mediadores locais. Era necessário encontrar, lapidar, valorizar e divulgar artistas latinos plastificados e pasteurizados à moda dos EUA.

No Brasil os dois expoentes máximos desta política foram Zé Carioca e Carmen Miranda. Zé Carioca, papagaio criado sob medida por Walt Disney para incluir em seu panteão mítico um “amigo” brasileiro. Filme clássico e significativo desta época é o “Você já foi à Bahia?” no qual o rabugento Pato Donald desfila sobre paisagens brasileiras que são grandes clichês. Porém, que de certa forma davam aos brasileiros a impressão de serem aceitos, assimilados carinhosamente pelos EUA.

Exemplo maior e melhor é o da portuguesa de nascimento e brasileira por vocação Carmen Miranda em seu tutti-frutti hat. A pequena notável tornou-se uma interlocutora fluente e uma mediadora eficaz nas conversas entre Brasil e Estados Unidos. Diz-se, não sei se folcloricamente, que em sua época Carmen Miranda foi a mais bem-sucedida artista “americana”, id est, que seu sucesso seria auto-sustentável independentemente de jetons e jabás político-culturais. Que ela não faria sucesso como uma “curiosidade tropical passageira”, similar a uma cantora folclórica. Como o Abba seria uma “curiosidade folclórica nórdica passageira”. E Laura Pausini seria uma “curiosidade folclórica-pop italiana passageira”. Mas como uma artista sem fronteiras, internacional. Tal qual Shakira é hoje.

O convencimento pela força pode ser posto em prática com “leis afirmativas” ou negativas/deletérias, como é o caso recente na França. A França tentou proibir, via lei, que a muçulmanas residentes, ou de passagem por seu território, usem vestes muçulmanas que cubram-lhe o rosto, como o niqqab, o hijab e a burka. Como toda proibição e tentativa de legislar laicamente sobre a religião alheia, é óbvio que tal medida é abusiva e está sendo alvo de muitos protestos, principalmente da parte de mulheres muçulmanas que sentem-se aviltadas e cerceadas em sua liberdade religiosa. Com mais do que razão.

Acompanhando as vozes que defendem a liberdade da muçulmana cobrir-se tal qual a da cristã descobrir-se subjaz uma pergunta sem resposta: a mulher muçulmana se cobre e se esconde espontaneamente por fervor religioso ou a mulher muçulmana cobre-se por opressão, falta de escolha e de liberdade?

Tentar obrigar as mulheres muçulmanas a despirem-se de seus véus é contra-producete e abusivo. Não é pela força que se efetiva o convencimento, mas através da persuasão cultural insidiosa, quase muda, insuspeita, que transcende argumentos racionais, pois em termos religiosos não os há.

Não é através da asserção plúmbea, por decreto, que o Ocidente convencerá as muçulmanas a “rasgar” ou prescindir do véu. Mas através da sedução horizontal, sibilante, acetinada, atrativa. É aí que Shakira e o balanço de seus quadris podem ser muito mais efetivos que a derrubada de Saddam Hussein e a aniquilação da Al Quaeda. O swing de Shakira faz muito mais pela assimilação e integração entre Oriente e Ocidente que qualquer arma de destruição em massa ou ação de espionagem.

Shakira tem o poder de, sendo uma mulher de origem árabe, mostrar a suas primas que ainda residem no Oriente Médio o quanto o Ocidente pode dar poder e liberdade às mulheres. A mensagem é tão mais eficaz quanto não pré-fabricada em linha de montagem com ISO 9000. Insuspeitamente, ao incluir o swing árabe único dos quadris e a sonoridade libanesa ancestral em suas músicas Shakira tornou-se um modelo, um quase tipo-ideal hegeliano da mulher muçulmana que rasgou o véu e ressemantizou sua herança cultural de forma a valorizar a liberdade, a identidade, a sensualidade, a beleza poderosa da condição feminina.

Como diz um rapper em uma de suas músicas:

“I didn’t know someone could dance like this, she makes a man want to speak Spanish. Como se llama? Bonita. Mi casa, su casa.”

Para convencer o mundo muçulmano a aderir à cultura Ocidental, muito mais efetivo que panfletar a Constituição Americana ou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão seria divulgar massivamente entre os jovens muçulmanos as músicas e, especialmente, a imagem de Shakira. Ao vê-la poderosa, bem sucedida, bem resolvida, rebolar livremente seus quadris enquanto marmanjos babam por ela homens muçulmanos pensarão “Quero uma mulher como ela” (a la o single posterior das descartáveis Pussycat Dolls “Don’t you wish your girlfriend was hot like me?”)

Porém, mais importante que sua potencial e certeira sedução sobre os homens é seu exemplo sobre as mulheres. Vendo-a, as muçulmanas sedentas por liberdade terão um ícone imagético, uma silhueta paradigmática. Se verão, à manivela, diante de uma ampliação de seu campo proximal vygotskyano cultural. Após ver Shakira, linda, loira, sorridente, conquistar o mundo exibindo a secreta arte árabe da belly dancing jamais a esfera mental de uma muçulmana reprimida voltará a ser a mesma. Pois a partir de então ela verá, diante de si, e sem palavras, uma mulher árabe como ela, mas livre, exposta e feliz, colocando o mundo, e os homens, a seus pés.

Após esta exposição fica o seguinte como sugestão às agências internacionais que agem no mundo islâmico. Conjuntamente com a ajuda humanitária ofertada às muitas zonas de guerra e conflito social, junto às doações de comida, remédios e alimentos, forneçam também CD’s e DVD’s de Shakira. O swing de seus quadris contribuirá muito mais para a “paz entre as nações” e a conciliação entre cristãos e muçulmanos que toneladas de donativos, ou centenas de decretos, leis e ações afirmativas ou negativas/deletérias. As relações Oriente-Ocidente, mais do que guerras e bombas, precisam de uma bem arquitetada reedição da Política da Boa Vizinhança para que o modo de vida ocidental torne-se palatável e sedutor ao Mundo Muçulmano.

O balanço dos quadris de Shakira é capaz de muito mais do que fazer um homem querer aprender espanhol. É capaz de convencer muçulmanas de viver à Ocidental e a rasgar o véu. Com girlpower.

Para ouvir:

Estoy Aqui

Te espero sentada

Te necessito

Se quiere, se mata

Piez descalzos, sueños blancos

Ciega, Sordomuda

Hips Don't Lie

Ojos Así

Whenever, Wherever

Underneath Your Clothes

La Tortura

Beautiful Liar, parceria com Beyoncé

Waka Waka – 2010 Soccer World Cup Theme

Loca

Rabiosa

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Dos atos públicos em pijamas

A moda é uma das maiores curiosidades da cultura humana. Nenhum outro animal jamais sentiu a necessidade de cobrir-se por motivos culturais, climáticos ou higiênicos (como até os naturistas algo fazem).

O uso de trajes não é universal a todas as culturas, tenhamos em perspectiva o choque indumentário-cultural dos Conquistadores espanhóis e portugueses ao desbravar as terras americanas; e a clássica observação da carta de Pero Vaz de Caminha de que os índios, de corpos e narizes bem-feitos, “não cobriam suas vergonhas”. Esse detalhe avolumou a noção da América como o jardim do Éden redescoberto, onde “não existe pecado ao sul do Equador”.

Essa noção da ausência de roupas ligada à inocência remete ao relato edênico, no qual igualmente Adão e Eva “andavam nus e não se envergonhavam” e o fato de eles imediatamente cobrirem-se após terem seus olhos abertos pela degustação da árvore do conhecimento. Portanto, desde o mito fundador da civilização judaico-cristã ocidental, as roupas são um detalhe sempre presente.

Atualmente não percebemos outro detalhe histórico fundamental para a compreensão deste tópico. Vivendo a, creio, quarta Revolução Industrial, e muitas vezes esquecemos o mote da primeira, que transformou o mundo: o tear mecânico. E o que fazem teares mecânicos? Tecidos, para fazer roupas. Mais especificamente, roupas baratas, acessíveis a virtualmente “todos”.

Qualquer um de nós, mesmo que de classe C, ou média baixa, tem um guarda-roupa tão vasto que seu número de peças equivale-ir-se-ia ao guarda-roupa inteiro de 10 famílias de mesma classe social da época pré-industrial. Antes dos teares mecânicos, a produção de roupas era tão onerosa quanto a dos livros pré imprensa de Gutemberg.

Antes do tear mecânico, os tecidos eram entremeados artesanalmente, à mão. Um processo lento e caro. As pessoas tinham poucas, e preciosas, peças de roupa. Talvez agora vcs compreendam pq em alguns filmes medievais os defuntos eram despidos, e sepultados sem roupas. Não faz sentido sepultar um morto com algo valioso, que ainda pode ser usado.

É fácil perceber essa penúria fashion nas pinturas de pessoas com sua mudança. Se pré-industrial, uma simples trouxinha. Se pós-industrial, algumas malas. Se pós-Globalização, volumosas malas.

Só para adicionar um toque de pimenta: eu mesma já fiz piada a respeito de Jesus usar “vestido”. Rsrsrsrs. Jesus nunca usou um vestido, ele usava túnicas. Mas se uma peça usada por Jesus fosse hoje posta à venda seria etiquetada como um “vestido hipponga”. E se Jesus fosse teletransportado ao hoje, os transeuntes desavisados teriam certeza pelo seu senso fashion que ele seria algum tipo de hippie, ou vegan, ou os dois. E ele encontraria irmãos com igual trajar apenas, talvez, em Alto Paraíso de Goiás.

À época de Jesus as próprias calças não existiam pois os modelistas não haviam ainda desvendado como fazer uma cava entre as pernas que não resultasse na roupa rasgar-se quando seu trajante se sentasse. Podemos ter um instantâneo das tentativas e erros da moda pelo figurino do filme clássico de Franco Zefirelli Romeo and Juliet, adaptação da peça de William Shakespeare. Até a era industrial, sequer os sapateiros haviam tido a brilhante idéia de fazer os pés dos calçados complementares e assimétricos. Sim, isso significa que Louis XIV, apesar de seus saltos altos, não tinha em seus sapatos o “pé direito” e o “pé esquerdo”: ambos os pés eram idênticos.

Hoje, que os tecidos são baratos, e adicionalmente as roupas e sapatos são costurados por semi-escravos asiáticos, e podemos ter dezenas de peças de roupas. E mais do que isso, diferentes tipos de roupas para diferentes ocasiões, não só para atos públicos como para a intimidade do lar.

Tecer mais um comentário sobre os maravilhosos vestidos da haute couture desfilados nos red carpets do jet set internacional seria chover no molhado, e está longe do que pretendo. A questão fashion que ora abordo é do como ou pq choca e desperta muita atenção o fato de algumas pessoas, eventualmente, apresentarem uma bandeira política através do trajar pijamas: roupas exclusivas para o ambiente privado.

Foi curioso pesquisar a trajetória dos pijamas para embasar este texto. Descobri que “pijama” ou pajama vem do persa payjama (ايجامه ), e que originalmente refere-se ao que chamaríamos no Brasil por ceroulas: uma peça acima da cueca ou calcinha, e usada abaixo da calça exterior. Quase uma “combinação” feminina, como a que faltou a Lady Diana Spencer usar em suas famosas fotos de ainda noiva.

Minha bisavó, mesmo nos anos 2000, quase centenária, fazia questão de usar, abaixo do vestido, uma combinação de tecido fino. Resquício das épocas em que os trajes eram como cebolas, com várias camadas de pano.

O “pijama”, portanto, seria referente à parte de baixo, calça ou ceroula, da roupa. Já a parte de cima da sleepwear, descobri, é todo um capítulo aparte, com diversas denominações, formatos ou mesmo origens.

Para as damas: peignoir, robe de chambre, miss Elaine, “baby doll”, nightgown, camisole, kimono, négligé.

Para os cavalheiros: pijama, robe de chambre, smoking jacket, nightgown, roupão, e, surpreendentemente, banian. Desconhecia eu o termo português, e o descobri por sua derivação inglesa banyan, referente ao pijama típico dos Iluministas.

Ampla e variada é, portanto, mesmo a moda das roupas destinadas a quase ninguém ver: criadas para o uso privado do quarto de dormir. Por isso é que trajar publicamente tais gowns desperta a atenção pública e, em mim, particularmente, esta reflexão.

Muito refleti e cheguei à conclusão que são dois os motivos essenciais que levam às pessoas exibir-se publicamente de pijamas: o desprezo e arrogância; e o passar a mensagem de certa fragilidade e inocência.

O sentido de fragilidade e inocência extraí dos casos públicos de Michael Jackson e Getúlio Vargas. O Rei do Pop pois compareceu a uma sessão do Tribunal do Júri californiano em que era acusado de pedofilia rajando pijamas e smoking jacket. Do grandiloqüente pai dos pobres brasileiros pois suicidou-se trajando um listradinho, deixando o bolso da lapela transfixado e manchado de pólvora, sangue e uma torrente de lágrimas da Nação. Especialmente Getúlio, que deu-se ao trabalho de deixar como “Suicidal Note” o longo texto em que afirma “Deixo a vida para entrar na História”, poderia ter escolhido quaisquer trajes para seu último ato. Seria, talvez, mais melodramático, se o fizesse de black-tie, com a faixa presidencial que carregou por quase 20 anos. Mas não. Trajava, em seu último ato, ao entrar para a História, um pijama. Quis, como Michael Jackson, apresentar uma declaração de inocência, afirmando com seu pijama ser era uma vítima surpreendida em “calças curtas” ou “mangas de camisa”.

Os sentidos de arrogância ou desprezo depreendi das aparições de John Lennon, Hugh Hefner e Mark Zuckerberg. Não tacho a John Lennon de arrogante, longe de mim, mas seu episódio “Bed”, protestando, de pijama listrado, ao lado de Yoko Ono, pela paz, traz subjacente certo desprezo pela própria, desculpem-me, “Nova Ordem Mundial”. Já o octogenário Hugh Hefner, sempre em seu indefectível Smoking Jacket de veludo com seu monograma bordado, transmite uma certa superioridade que só alguém que viveu, e ainda vive, uma longa e mui realizada vida pode ostentar. Hugh Hefner traja continuamente pijamas pois está acima de críticas. Sabe que, por sua idade e realizações, pode zombar de suas próprias, e várias, namoradas. Enquanto cada uma delas gasta por dia algo como 3 horas entre depilação, maquiagem, cabelo e escolha de trajes, ele sequer se preocupa: comparece às próprias festas “de arromba” em pijamas e, no fundo, ri-se que todos pareçam ignorar completamente tal fato. E que, não importa quais sejam suas roupas ele pode “traçar” qquer mulher presente.

Mark Zuckerberg é um capítulo àparte. A cena de “The Social Network” em que ele comparece de chinelo Adidas e um pijama quase roupão (de banho) a uma reunião de negócios em que seriam negociados milhões de dólares é uma sacada ESTUPENDA de David Fincher, se não for mesmo real. A “declaração”, ou statement de Zuckerberg em tal situação para seus interlocutores era:

- Vc, que gastou 5 mil dólares neste terno, 200 dólares nessa camisa, 150 dólares nessa gravata e 700 dólares neste par de sapatos de couro italiano, sabe de uma coisa?: eu venho aqui com pijamas de 30 dólares do K-Mart só pra deixar claro pra vc, mauricinho, que eu sou tão genial que estou acima de críticas. Vc tem que se arrumar para MIM. EU, não preciso me arrumar para vc.

Essa moda-pijama derivada de John Lennon, Michael Jackson e, principalmente, Mark Zuckerberg é a epítome de um processo de começou com a abolição dos espartilhos, das anquinhas, das cartolas, combinações, coletes, paletós, gravatas e até, atualmente, dos soutiens.

Traduzido para os pés: passamos dos sapatos de couro e salto alto para os tênis, e dos tênis para as sandálias, e das sandálias para os chinelos, e dos chinelos para as pantufas. E creio que isto é bom.

Creio que é ótimo que progressivamente o conforto e o despojamento sobrepujem-se à aparência, à pose, às cuidadosas e caríssimas toillettes.

Creio que a moda-pijama veio para ficar com os filhos dos yuppies e que cada vez mais as pessoas passarão mais horas no conforto de seu lar e de seus robes de chambre. Cada vez mais veremos menos sapatos e mais tênis. Menos gravatas e mais pólos. Menos renda, menos cetim. Mais cotton e mais fleece. Talvez a aparência esteja, progressivamente, cedendo lugar à essência; ou o invólucro esteja sendo relegado pelo conteúdo. Estamos ficando mais informais e próximos.

Qualquer um (não, talvez os semi-escravos asiáticos), pode comprar os trajes usados por Mark Zuckerberg em sua reunião de negócios supracitada. Já, apenas 10 pessoas poderiam igualar-se em trajes aos emissários dos reis de Portugal e Espanha ao assinar o Tratado de Tordesilhas. Creio que isso diz algo de bom sobre a evolução da civilização judaico-cristã Ocidental. E ainda mais positivas são as presenças dos Sefarad Eduardo Saverin e do Ashkenaz Mark Zuckerberg.

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