terça-feira, 22 de maio de 2012

Diferencas entre os bnei Noach e os bnei anussim

A Teologia judaica é uma filosofia riquíssima q serviu de base para a cultura ocidental. A religião judaica tem uma raiz racial, ou seja, os praticantes do Judaísmo se identificam, mais do q como um grupo religioso, uma comunidade com uma origem étnica q remonta às 12 tribos de Israel.

A história dos hebreus foi cheia de percalços, incluindo 2 expulsões de sua terra e a submissão a diferentes poderes imperiais. A primeira expulsão, ordenadas pelos Assírios, levou à dispersão das tribos e "sumiço" de 10 delas, restando as de Judá e Benjamin, e poucos remanescentes da tribo de Levi.

A Diáspora ordenada pelos romanos resultou numa dispersão prolongada dos judeus; q foram assim divididos, a grosso modo, em 2 grupos "étnicos": os askhenazim (alemães) da Europa central e os sefaradim (espanhóis) da Península Ibérica e norte da África.

Diferentemente da maioria da religiões, o Judaísmo não é proselitista: não procura converter à sua fé adeptos de outras religiões. Embora qualquer um possa se converter ao Judaísmo (embora esse processo seja difícil), ninguém nunca verá judeus fazerem propaganda de sua religião aos não-judeus tendo em vista convertê-los ao Judaísmo.

Muitos gentios (não-judeus) nisso vêem q o Judaísmo não contempla nem tem nenhuma preocupação com quem não é judeu, como se os gentios estivessem excluídos de sua concepção religiosa do mundo, o q é um erro.

A Teologia judaica professa q Deus fez 2 alianças, sucessivas e diferentes com os homens. Uma ampla, com todos os homens. Outra específica, exclusiva, com os descendentes de Jacó/Israel. A aliança com todos os humanos foi firmada com Noé. A aliança com a nação de Israel, apenas com os q estiveram presentes na revelação do Sinai e seus descendentes, é a aliança de Moisés.

Talvez falte aos gentios o conhecimento de q, de acordo com o Judaísmo, não são só os judeus q "vão para o Céu" (o termo correto seria "terão parte no mundo vindouro"), e q isso significa q Deus "pega mais leva" ou "cobra menos" dos gentios do q dos judeus. Dos gentios, os bnei Noach (noachides, noahides ou "filhos de Noé") Deus exige o seguimento de apenas 7 leis, enquanto q aos judeus é exigido o seguimento de 613 leis.

O movimento bnei Noach não se destina a converter ninguém ao Judaísmo. Busca divulgar as 7 leis da aliança noética para a elevação ou retificação de toda a Humanidade. Busca divulgar q os "tementes a Deus" e os "justos entre as nações" também têm seu espaço na concepção de mundo judaica.

Este texto não ficaria completo sem citar quais são estas leis.
1) Creia em D'us. Não sirva a ídolos.
2) Não blasfemar.
3) Não roubar.
4) Não matar.
5) Não cometer adultério
6) Cumpra as leis do país
7) Não coma um membro de um animal vivo e não seja cruel com animais.

Para saber mais: http://www.chabad.org.br/interativo/FAQ/sete.html

O movimento bnei anussim (filhos dos forçados) é muito diferente do bnei Noach. Enquanto todo ser humano sobre a terra é um filho de Noé, os bnei anussim são um grupo étnico-cultural específico, e muito diversificado. Existem bnei anussim de todas as cores: brancos, negros, asiáticos e até indígenas.

Também chamados de criptojudeus, a depender do lugar os bnei anussim também são chamados de marranos, neofiti, xuetes, cristãos-novos, ladinos, conversos, daggatuns, dönmeh, falash mura, lemba, judeus de Paradesi, Cochin, Malabar ou Kaifeng, entre outras denominações. Embora haja variações particulares, podemos afirmar q, embora os grupos referidos por estas denominações não pratiquem o Judaísmo como ele é configurado nos dias de hoje, fazem parte do grupo étnico hebreu.

São judeus, mas não são judeus. Fazem parte da etnia q descende dos hebreus, porém não praticam o Judaísmo rabínico, haláchico. E não deixaram de praticar o Judaísmo por sua livre escolha, mas pq desde a Diáspora e a disseminação do Cristianismo, ser judeu era perigoso. Especialmente na Europa, praticar abertamente o Judaísmo equivalia a uma sentença de morte nas mãos do Tribunal do Santo Ofício, a famosa Inquisição católica. Para salvar a própria vida, muitas comunidades judaicas se converteram à religião q lhes era imposta.

Contudo, em suas tradições culturais estes grupos de forçados (anusim) carregam diversos "marcadores" cuja origem é a prática do Judaísmo. Tradições como acender velas na sexta-feira, recusa em ingerir carne de porco, métodos de abate de animais, jeitos específicos de limpar a casa e lidar com os mortos, casamentos endogâmicos, diversas tradições familiares seguidas por séculos sem q muitas vezes seus descendentes saibam q estes costumes na verdade revelam uma herança calada.

O Brasil é um lugar especialmente rico em tradições criptojudaicas. Inconscientemente, muitos brasileiros eternizam em seus costumes populares reminiscências q revelam nossa origem insuspeita. Elementos folclóricos q muitas vezes consideramos oriundos dos portugueses na verdade revelam a origem cristã-nova de nossos antepassados.

Expressões e tradições tais como "chorar a morte da bezerra", "fazer mesura", dizer "que massada", "a carapuça serviu", "pedir bênção, ou 'bença' dos pais" antes de sair de casa, dizer "Deus te crie" quando alguém espirra, dizer q "apontar as estrelas dá verruga", antes de beber derramar um pouco da bebida "para o santo", todos estes costumes "brasileiros" são de origem cripto-judaica.

Além destas tradições orais, outro tipo de "marcador" pode ser usado para auferir se uma pessoa descende de judeus: o sobrenome. Sobrenomes referentes à religião cristã, referentes à flora, referentes a profissões e lugares. Muitos apelidos familiares q achamos ser de origem portuguesa revelam essa herança insuspeita. Citarei apenas alguns sefaraditas. Se vc tem qualquer um dos sobrenomes citados a seguir, é quase certo q vc é um bnei anussim:

Amorim; Azevedo; Álvares; Avelar; Almeida; Barros; Campos; Carneiro; Carvalho; Cruz; Dias; Duarte; Ferreira; Franco; Gonçalves; Lemos; Lopes; Machado; Martins; Mattos; Meira; Mello; Mendes; Miranda; Mota; Nunes; Oliveira; Paiva; Pardo; Pilão; Pina; Pinto; Pessoa; Ribeiro; Rodrigues; Rosa; Salvador; Souza; Torres; Vaz; Viana; Vargas; Andrade; Brandão; Brito; Bueno; Cardoso; Carvalho; Castro; Costa; Coutinho; Dourado; Fonseca; Furtado; Gomes; Gouveia; Marques; Prado; Mesquita; Mendes; Pereira; Pinheiro; Silva; Soares; Teixeira; Teles, Ramos, Oliveira; Pereira; Ferreira; Pimentel; Abraão.

Esta lista deve surpreender a muitos, pois a maioria desses sobrenomes (retirei os menos conhecidos) é muito comum entre os brasileiros, a maioria dos quais os carrega sem saber sua origem. Todos são citados em autos-de-fé inquisitórios como pertencentes a judeus ou são ainda hj ostentados como sobrenomes tipicamente judeus, fora do Brasil.

Para os q acham q estou exagerando, existem estimativas de q, durante o Brasil Colonial, cerca de 1 terço dos habitantes da colônia de origem portuguesa eram além disso, cristãos-novos. Q emigraram de Portugal para sua colônia americana por perseguição religiosa. Em Portugal eram discriminados e perseguidos por serem cristãos-novos e viram na emigração para a colônia uma forma de escapar à perseguição do Tribunal da Santa Inquisição. Na mesma medida em q os puritanos ingleses emigravam para as colônias britânicas na América para fugir à perseguição religiosa no Velho Mundo, cristãos-novos portugueses se mudavam para o Brasil; para fugir à perseguição religiosa.

Durante a colonização da América portuguesa, seus residentes tiverem um breve suspiro de "liberdade de culto" durante a ocupação holandesa do Nordeste, e neste período de liberdade estes criptojudeus puderam "sair do armário" e reviver suas tradições, chegando a erigir a primeira sinagoga em solo americano, a lendária Kahal Zur Israel, na "rua dos judeus", em Recife, Pernambuco. Finda a ocupação holandesa, os q não emigraram para fundar Nova Amsterdã (New York city, a "big apple", Nova York) retornaram à sua condição de judeus ocultos.

O movimento bnei Anussim procura divulgar entre os descendentes destes judeus forçados a se converter sua origem judaica, objetivando reintegrá-los à comunidade judaica, bem como reconduzi-los à prática do Judaísmo como religião.

Detalhe nem tão pequeno assim é q ser descendente de judeus, mesmo q comprovadamente pela tradição familiar, pelo sobrenome ou mesmo por um teste genético não torna ninguém imediatamente um judeu, na religião. Todos os filhos dos forçados são muito bem-vindos em se reintegrar à comunidade dos seus antepassados. Porém uma etapa essencial faz-se necessária: a conversão. Ou melhor, a "conversão de dúvida".

Mas muitos estranharão pq alguém q comprove ser descendente de judeus ainda assim precise passar por uma rígida, criteriosa e economicamente proibitiva conversão (impossível em território brasileiro atualmente) para poder ser plenamente aceito em sua comunidade ancestral. Isso acontece pois no processo de assimilação às comunidades geográficas nas quais residiam, perderam-se os registros genealógicos e a maioria dos anussim "se misturou" às comunidades locais, trazendo elementos étnico-culturais variados, comumente considerados idólatras. Não há como comprovar sua descendência matrilinear direta. Portanto, mesmo nas comunidades criptojudaicas fechadas, não há como ter 100% de certeza de q sua descendência judaica pela linha materna é ininterrupta. Por isso os filhos dos judeus forçados precisam se converter pela Halachá para retornar à comunidade judaica.

Espero com este texto ter contribuído para esclarecer q os bnei Noach são todos os seres humanos sobre a terra, e q desta forma todos os gentios são contemplados pela religião judaica e não precisam "virar judeus" para terem seu lugar no mundo vindouro. Apenas precisam observar as 7 leis transcritas acima.

Adversamente, os bnei anussim são um grupo étnico composto por todos os descendentes de judeus q, por diversos motivos, foram obrigados a "deixar de ser judeus", ao menos na "casca externa". Existem bnei anussim loiros, ruivos, negros, indianos, chineses, latinos: de todas as cores do espectro humano. Porém, abaixo das diferenças aparentes em seu fenótipo, todos integram a etnia judaica. E por serem descendentes das tribos de Israel, estão sendo, progressivamente, trazidos à lembrança de suas raízes. E, caso os descendentes destes forçados sintam q no fundo de sua alma bate um coração judeu, encontram nos seus primos distantes um convite: retornar às suas tradições, reviver a herança dos seus antepassados, fazer o caminho de volta: retornar à nação judaica e à prática do seu Judaísmo ancestral.

Portanto, embora o Judaísmo não procure, de nenhuma forma, converter gentios em judeus, no caso dos bnei anussim é diferente. Converter um filho dos forçados em judeu não é converter um gentio em judeu: é reconverter um hebreu, um israelita, em judeu: reintegrar à comunidade judaica pessoas q pertencem a essa ancestralidade mas foram obrigados a abdicar de sua religião para salvar sua vida, na época q "Judaísmo" era crime. O movimento bnei anussim busca resgatar judeus, q muitas vezes nem sabem q são judeus, trazê-los ao conhecimento de sua herança e reintegrá-los à sua comunidade étnico-religiosa.

5 comentários:

  1. Quanta bobagem, vocês ortodoxos/ashkenazim só divulgam o que é do interesse de vocês: "conversão de dúvida ou conversão",mas não divulgam que segundo Rambam,Yossef Caro (Shulchan Aruch) ,Solomon Duran e Sadaya Danan que são tidos como grandes estudiosos das leis judaicas,não há obrigação dos b'nei anussim fazer conversão à religião dos seus antepassados; em nenhuma parte da Torah ou Tanach lemos que a ascendência judaica de alguém é feita pela linha paterna e muito menos pela linha materna,pelo contrário está escrito: "Eu os introduzirei na terra prometida a seus Pais Abraão,Isaac e Jacó", receberão a terra dada a seus Pais Abraão,Isaac e Jacó","o Messias receberá o trono de Davi seu Pai",não lemos nada sobre "nossas mães" Sarah,Rebeca,Lia e Rachel;essa halachá absurda foi criada pelos sacerdotes e membros do Sanhedrin sobreviventes da última guerra dos judeus com os romanos,que foi idealizada pelo rabino Akiva e o revolucionário Bar Coziba,Filho da Mentira,que Akiva quis fazer ser o Messias e devido a essa política desastrosa dos dois muitos judeus foram mortos e centenas de mulheres foram estupradas pelos goyim romanos,daí essa halachá estúpida;muitos dos ortodoxos/ashkenazim descendem dos filhos dessas mulheres violentadas pelos romanos e tentam esconder ou justificar que possuem 100% de DNA judeu. Se só é judeu quem é filho de mãe judia,Davi e Salomão,seus descendentes não eram judeus pois sua bisavó Rute era moabita e Boaz,seu companheiro era filho de Raabe,a prostituta cananéia,Boaz,seu pai e avô...descendiam de Peres filho de Tamar,outra cananéia;o filho e sucessor de Salomão,Roboão,era filho de Naamã,uma amonita e como os falachas,judeus negros,são judeus se sua ancestral a rainha de Sabá era etíope? A regra só se aplica aos b'nei anussim é isso? Nenhuma halachá,não importa de quem seja,está acima das leis dadas por D'us aos nossos antepassados no Monte Sinai ou estar em desacordo com elas;as halachoth existem em função da Taroh e não a Torah em função de alguma halachá. Os ortodoxos desobedecem às leis de D'us para seguir leis criadas por homens e satisfazer suas vaidades.

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    1. De fato a halachá da ascendência matrilinear ou patrilinear não garantiria ao nosso grande rei David, a paz esteja com ele, que ele fosse um judeu 100%, contudo é, e inclusive cumpre o critério que um rei de Israel deve se escolhido entre seus irmãos! Mas a coisa continua ainda mais grave, pois Mashiach ha-Melech será um descendente direto do nosso grande rei David, a paz esteja com ele. E seus irmãos de David são judeus. Essa é a primeira exposição corajosa que leio.Acho que o assunto merece mais debate.

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  2. Posso estar enganado,mas creio que nenhum b'nei anussim sincero se recusaria a se submeter a todo o processo de retorno ou restauração à religião de nossos antepassados: estudo das leis judaicas,imersão na micvá ou Tevilá,aceitação das mitzvot ou Cabalát Mitzvah diante de um Bet Din (Tribunal Rabínico) e no caso dos homens a circuncisão ou Brit Milá,desde que fosse um processo de retorno e não de conversão ao Judaísmo,se as brachot (bênçãos) conferidas fossem aquelas destinadas ao que retorna aos caminhos de seus antepassados e não aquelas destinadas a um goyim (gentio). Aceitar um processo de conversão para satisfazer a vaidade ou ego dos ortodoxos é o mesmo que negar nossa origem,é negar ou não valorizar o sofrimento dos nossos antepassados diante da perseguição católica a eles,é trair toda a luta que tiveram ou travaram para manter os costumes ou tradições judaicas mesmo diante das prisões e mortes;famílias foram separadas,seus bens foram tomados,foram feitas coversões forçadas,obrigados a frequentar igrejas repletas de ídolos,seus sobrenomes judaicos ancestrais tiveram que ser mudados,sofreram todo tipo de humilhação e na melhor das hipóteses foram expulsos dos países onde viviam há séculos e nós,seus descendentes,vamos honrar sua memória,luta e sofrimento aceitando sermos covertidos? O pior é que essa exigência nos é feita justamente por aqueles que deveriam,por obrigação,ser solidários com o sofrimento,com a luta e história dos nossos pais diante da Inquisição,afinal seus pais também foram perseguidos durante o Holacasto nazista;o que notamos é que a Inquisição não terminou para os b'nei anussim,só que agora os intolerantes,segregacionistas,preconceituosos e "perseguidores" são pessoas do nosso próprio povo,os judeus ortodoxos.

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  3. Interessante... Meu avô materno sempre dizia isso, que os nossos antepassados teriam sido judeus, ninguém fala sobre isso na família, parece um assunto proibido. Já meu avô paterno não come carne de porco, e em uma pergunta da irmã dele sobre se ele se lembrava de como o pai deles "abatiam os carneirinhos", ele cortou assunto dizendo que os pais deles tinham costumes estranhos. Fui pesquisar sobre o sobrenome dele e achei 15 referências bibliográficas, entre elas de famílias de "cristãos-novos" que teriam partido de Portugal para Pernambuco (onde meu avô nasceu). E bom, essas expressões citadas são bem comuns na minha família (ambas), em 'pedir a benção' inclusive estende-se as mãos como que sobre a cabeça do indivíduo. Outra expressão comum é 'passar a mão na cabeça', estudando sobre esta expressão descobri que também viria de cripto-judeus. Agradeço o artigo, achei bem educativo, e de fato não concordo com alguns pontos descritos no texto, mas é a verdade. Desde que tenho começado a estudar a origem de minha família, tenho cada vez mais a certeza dessa origem, e me alegro muito diante disso, mas sempre questionando os detalhes para não ser falacioso.

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  4. O Judaísmo é um só, e na verdade não importa se alguém é asquenazi ou sefaradi. O importante é sabermos que nós brasileiros somos descendentes distantes de judeus, mas infelizmente perdemos essas referências ao longo do caminho. Esse é o meu caso também. No coração me sinto judia, mas não tenho como comprovar através de documentos que meus antepassados eram judeus forçados a serem cristãos. A solução é continuar servindo a Deus Unico. Conversão não importa.

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