Poucos dos q me conhecem pessoalmente tiveram a oportunidade de testemunhar minhas habilidades de cartomante. Não as costumo propagandear ou fazer uso delas por uma série de motivos, reais e imaginados.
Aprendi a tirar as cartas do tarô ainda no Ensino Médio. Na época comprei um set de cartas e 3 livros sobre o assunto: Tarô Clássico, Os Arcanos Maiores do Tarot e a Cabala, e Iniciação à Cabala; e tendo-os lido comecei a brincar de ler a sorte dos meus amigos, de forma desprentesiosa.
Sempre tive noção da responsabilidade do q estava a fazer, por isso em todas as vezes, ao "abrir as cartas" não fazia uma leitura livre, mas me munia do significado das cartas no livro Tarô Clássico e relia a descrição do significado de cada carta antes de interpretá-la no "jogo". E também jamais cobrei de absolutamente ninguém por isso, só o fazia para amigos, e a pedido deles.
Aqueles q conhecem minha militância em defesa da Torah podem estranhar o fato de eu haver lido Tarot pois tal prática é vetada pela Halachá (Lei Judaica) neste versículo:
Levítico 19: 31 Não se dirijam aos necromantes, nem consultem adivinhos, porque eles tornariam vocês impuros. Eu sou Javé, o Deus de vocês.
Antes de mais nada, a Lei Mosaica é obrigatória aos judeus, não aos gentios. Não estou falando q seja lícito tirar o Tarot, pois não é. Aos judeus. Os Noachides não são obrigados a seguir os 613 mandamentos da Torah, apenas as 7 leis de Noé. Mesmo sabendo q eu não era "obrigada" a cessar de praticar "adivinhações", após começar meus estudos de Teologia Judaica, parei de "brincar" de perscrutar os desígnios divinos.
Mas apenas muitos depois fui compreender, visceralmente, pq não devemos tentar divisar as coisas q nos estão ocultas. Parei de tirar o Tarot até para mim mesma, percebendo q não era capaz de compreender e de lidar com o que os arcanos revelavam sobre minha própria vida. E por vários anos meu jogo de Tarot ficou esquecido acumulando poeira.
Até q numa conversa despretensiosa com duas amigas professoras lhes disse que era também taróloga. Mais do q rapidamente ambas ficaram em polvorosa para que eu "lesse seus destinos". Numa ocasião posterior marcamos de nos encontrar na casa de uma delas e solicitaram-me que levasse meu baralho de Tarot. Meio q de brincadeira, levei. Me pediram q lhes abrisse as cartas.
Amiga T. Colega historiadora. Gaúcha, fizera faculdade no Paraná onde, no último ano, engravidara de seu namorado paulista, motivo pelo qual se mudara para minha cidade. Em nossas conversas, ela sempre dizia como tudo o q fazia atualmente era em prol de sua filha, q só se mudara para SP por ela, q aguentava todos os desaforos da sogra por ela, q suportava os desfeitos do namorido pouco dedicado em nome de sua filha. Abri-lhe o Tarot.
Minha primeira frase, após um longo suspiro foi: "As cartas falam uma coisa muito diferente do q vc me disse. Olha, se eu estivesse cobrando, diria o q vc quer ouvir, mas como não estou cobrando, e vc é minha amiga, vou te dizer a verdade: sua filha sequer aparece no jogo." Olhando bem a carta dos enamorados encimada pelo carro e pela papisa disse: "Olha, desculpa a sinceridade, mas pelo q estou vendo aqui vc se mudou e está aqui pq vc ama seu namorado, não por causa da sua filha. Aqui está muito claro: vc ama esse homem. Não é por causa da sua filha q vc está aqui, é por causa do seu namorado."
Ela não fez nenhum comentário, guardou um silêncio pesado e me olhou como se eu houvesse pichado no muro um grande segredo q ela escondia de si mesma.
Amiga R. Filósofa. Estava envolvida com um rapaz q acabara de descobrir q sua outra namorada, da qual R. sabia, estava grávida. Antes de pegar o Tarot ela me disse: "Preciso saber se ele mentiu pra mim, pois falou q queria ficar comigo, e agora a outra está grávida. Quero saber se ele está sendo sincero comigo ou fazendo jogo duplo".
Abrimos as cartas. Sol, temperança, carro, imperatriz. Nenhuma Lua. Eu pessoalmente não gostava do rapaz e cria q R. não fazia bom negócio ao ficar com ele. Contudo, relatei o q o jogo revelava, e nele não havia nenhuma mentira, nenhuma enganação. Abri minha boca e disse: "as cartas não revelam nada sobre mentira, muito pelo contrário, dizem q ele está sendo sincero com vc."
Ela abriu um sorriso como de quem agradece um grande favor, e pareceu aliviada com o resultado da leitura das cartas.
Naquele dia fiz uma leitura do Tarot q eu mesma considerei sem maiores conseqüências. Até uma semana depois.
Em exatos 7 dias minha amiga T. se separou do namorido. Disse-me : "tudo o q vc falou no Tarot fez muito sentido. Eu colocava nas costas da minha filha o peso de decisões q eu tomei não por ela, mas por mim. Depois q vc leu as cartas para mim parei para pensar e vi q vc estava certa. Eu me mudei para cá não pq tinha uma filha pequena, mas pq amava o pai dela. E sabe o q descobri depois de pensar muito nisso? Q não o amo mais! Vou voltar pro Rio Grande do Sul!"
Engoli seco. Percebi minha parcela de responsabilidade no "separar uma família". Sei q não sou responsável pelas escolhas de T., mas talvez eu tivesse lhe dito coisas q ela não estava pronta para ouvir, e com isso me tenha feito parcialmente responsável por sua filha, no futuro, não ter nenhuma lembrança do próprio pai.
A outra amiga, a filósofa R. menos de 2 anos depois se casou com o rapaz sobre o qual havia-me perguntado se era mentiroso e eu garantira q não. Não há como saber, objetivamente, se na ocasião de ele ter engravidado outra ele estava mentindo ou não, mas não deixei de pensar q, caso naquela ocasião, eu tivesse dito q ele mentia, R. não estaria hj casada com ele.
E me caiu muito mal a sensação de q um dia essa amiga pode se virar para mim e dizer: "Casei com o maior 171 pq vc me garantiu q ele era sincero, e quebrei a cara!" Sei q não sou responsável pelas escolhas dela, mas percebi como arvorar-me em ser capaz de "ver o q está escondido" poderia interferir, de forma definitiva, no destino dos meus consulentes, e como eu não estou disposta a arcar o peso dessa responsabilidade.
Desde então, há vários anos, não tiro as cartas para ninguém, nem para mim. E o motivo não foi perceber q eu não fosse capaz de fazer as leituras, muito pelo contrário. Parei de ler as cartas do Tarot justamente por perceber q eu era, de fato, capaz de interpretá-las. Que eu era com elas capaz de ver coisas q os próprios consulentes não revelavam. Que com as cartas eu faria afirmações q interfeririam nas escolhas das pessoas, o q me faria parcialmente responsável pelo seu futuro.
Parei de tirar o Tarot pois não quero mais ver-me responsável por separar uma família q talvez ainda devesse estar junta, ou por possibilitar um casamento q talvez não devesse ter ocorrido. Parei de tirar o Tarot por perceber q não devemos brincar com os desígnios divinos, e que muitas vezes é melhor não saber, esperar as coisas se desenrolarem por si. E também por ver q não é da minha alçada interferir nas escolhas dos outros. Nem revelar-lhes coisas q não estão preparados para compreender.
Olá Fernanda!
ResponderExcluirIndependente do que tenha ocorrido, e como disses que és 'defensora da Torah", como bat noach saibas que a Torah, Midrash falam muito bem acerca da alma de uma mulher, Hashém é quem sabe realmente o futuro de cada um, ams ele concedeu a mulher algo especial de que é sentir forte ou seja ter intuição, mas é preciso saber muito bemcompreender e sabe usar tal intuição, como no caso da história, você usou. A intuição e os aspectos especiais de uma mulher bat noach ou judia, são geralmente colocados em prática, uam vez que tais exemplos de mulheres estão conectadas fortemente a Hashém!!!
Tudo de bom.
De fato eu percebo como mulher um certo conhecimento intuitivo q é desconhecido pelos homens. Adorei seu comentário! Shalom!
ExcluirLi o seu artigo acima e a minha conclusão é a seguinte. Você não fez o dever de casa antes de começar a brincar com o tarô. Você não trabalhou sua própria sobra. Quando a sobra começou a lhe atingir, você culpou o antigo testamento. Isto é, transferiu o que voce mesma deveria ter enfrentado como o fazem as pessoas evangélicas hoje em dia, ou aquelas que pensam que são evangélicas e são tão confusas que constróem um Templo de Salomão, sem saber que isso tudo é do antigo testamento e nao tem nada a ver com a nova versão de amor de Jesus. Aconselho a voce a voltar a trabalhar a sua sobra. Uma boa terapia vale a pena. Aí voce verá que as cartas tambem falavam a verdade para voce mesma.
ResponderExcluirToda regra tem exceção. O taró pode ajudar muito mais do que destruir, da mesma forma que uma religião evangélica, igualmente pode.. Ir para uma igreja e cair na mão de um pastor picareta pode ser muito mais nocivo para a vida espiritual do consulente do que uma consulta mensal de taro ou outro oráculo qualquer. O mundo está cheio de vigaristas em qualquer religião. A unica coisa que o consulente deve observar , por informações, seriam as credenciais do "guru" em foco.
ResponderExcluir.. e um adento. Voce jamais pode garantir 100% que essa ou aquela pessoa é sincera para influenciar na decisão de um casamento. Todos temos defeitos. Creio que você resolveu parar de ler, não por culpar o oráculo, mas pela maneira errônea de aplicá-lo. Não basta apenas saber o significado das cartas para uma tiragem. Há muito mais coisa envolvida.
Excluir.. e um adento. Voce jamais pode garantir 100% que essa ou aquela pessoa é sincera para influenciar na decisão de um casamento. Todos temos defeitos. Creio que você resolveu parar de ler, não por culpar o oráculo, mas pela maneira errônea de aplicá-lo. Não basta apenas saber o significado das cartas para uma tiragem. Há muito mais coisa envolvida.
ExcluirToda regra tem exceção. O taró pode ajudar muito mais do que destruir, da mesma forma que uma religião evangélica, igualmente pode.. Ir para uma igreja e cair na mão de um pastor picareta pode ser muito mais nocivo para a vida espiritual do consulente do que uma consulta mensal de taro ou outro oráculo qualquer. O mundo está cheio de vigaristas em qualquer religião. A unica coisa que o consulente deve observar , por informações, seriam as credenciais do "guru" em foco.
ResponderExcluirTambém tenho facilidade com o Tarô. Certo dia, resolvi perguntar as cartas se este instrumento divinatório me afastava ou me aproximava de Deus. A resposta que obtive foi que me afastava. Então, parei com isso. Não estou dizendo aqui que o Tarô é uma coisa ruim para todos, mas que ele é ruim pra mim. Que é ruim para o desenvolvimento da minha personalidade.
ResponderExcluirOlá Fernanda. Conheço bem esse drama da co-responsabilidade. Também sou taróloga. Mas creio que sua sensação de culpa pode estar um pouco fora de proporção. Você não pode dizer que alguém 'não estava pronto para ver a verdade' simplesmente porque ela lhe foi revelada numa leitura e não pela 'ficha caída pelo tempo'. Até porque não é o tempo que provoca a consciência, mas as circunstâncias, as evidências que reforçam a razão em detrimento da ilusão. Isso pode acontecer pela pessoa enxergar algo com olhos físicos, por dores emocionais, por comentários de outros, etc. O tarô, assim como uma psicoterapia ou terapia consciencial, ajuda a revelar a verdade que já está dentro da pessoa. Ela não acelera Nada, portanto. E até o próprio fato destas pessoas procurarem essas respostas já denuncia sua vontade de trazer essas 'suspeitas' à luz. Somos responsáveis sim por ajudar a pessoa a reconhecer dentro de si as verdades que muitas vezes não assumimos como comportamento. Mas o que elas fazem com este conteúdo é total responsabilidade delas. Aceite esse fato e siga seu caminho (com ou sem o tarô) livre de culpa. Aliás, a sua própria culpa só denuncia o que você mesma projetou nas suas amigas: talvez seja você quem não esteja pronta para lidar com a verdade. E imaturidade, mais uma vez, não se resolve com o tempo. Mas com sabedoria. O tempo nos deixa apenas mais velhos. Mas é a sabedoria que nos deixa mais maduros. Bjs
ResponderExcluirOi Fernanda, tbm vivi a mesma situação. Eu gostava de estudar o tarô de uns anos pra cá, mas tive na adolescencia o cristianismo como religião. Minha mente é confusa sobre as consequências do tarô, mas as poucas vezes que tirei só tive boas cartas e boas leituras. Fiquei feliz em dizer que a pessoa seria bem sucedida em seus desejos, senti que contribui com positividade para que elas tivessem fé e as conhecendo eu sabia que estavam em bons caminhos de trabalho, estudo e crescimento. Mas parei de jogar, percebi que isso acaba gerando ansiedade e pode virar um vício. Não quero ter nenhuma parcela de responsabilidade de iniciar um vício destrutivo em alguém. Sempre tem um primeiro passo sabe.. conheço gente que não faz nada sem consultar as cartas e fico pensando quando que conseguirão ouvir a própria intuição? Joguei meus baralhos fora e estou nessa nova descoberta de me aproximar do divino que habita em mim, para ouvir os desejos da minha alma e não da minha mente egoica. É um processo longo, mas que, sem atalhos, poderá me trazer muita satisfação, para quê a pressa, né?
ResponderExcluirNunca se culpe por ajudar os outros.
ResponderExcluirQuanto a religiões, não julgo nenhuma, mas Deus é amor, e as Inquisições, especialmente a Protestante, queimaram muitos inocentes.
Muito legal sua atitude 👏👏👏
ResponderExcluirVocê vê demonstra ter responsabilidade e amor no coração.
Quem conhece as profecias autorealizadoras (descobri por causa da psicologia) sabe que o tarot é CRUEL e do mal.
Muita gente não sabe como a nossa MENTE funciona mas o tarot mexe 100% com a mente e o nosso emocional e isso é extremamente perigoso.
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Exemplo: alguém diz para uma pessoa:
"você nunca irá casar pois isso não está no seu destino"
ou
"seu caminho no amor ou no trabalho está fechado"
Isso é uma PROFECIA!! E a depender de como a pessoa sentirá isso em seu coração é também uma maldição lançada e profetizada sobre a vida dela.
Se a pessoa tiver a auto estima baixa e ACREDITAR nisso ela vai se sabotar,sabotar os relacionamentos (pode ficar ciumenta/dependente/carente/com medo do abandono) destruindo assim suas relações e trazendo para si o "destino" que a lançaram.
Talvez a pessoa nem saia de casa!!!! Isso por achar que seu destino é estar mesmo só.
A pessoa não tenta afinal porque tentaria?
E sabe o que vai acontecer?Toda vez que um relacionamento der errado a pessoa pode achar que o tarô estava mesmo certo afinal tudo deu errado né?A pessoa não percebe que está se sabotando.
Entende o peso bizarro disso?
O tarot é como brincar com o EFEITO BORBOLETA (não acho que isso seja do bem ou do amor)
NUNCA SABEREMOS O QUANTO A PESSOA ALTEROU O DESTINO DA OUTRA POR CAUSA DA LEITURA.
Não é possível mensurar.
E SE O QUE O QUE ESTAVA NAS CARTAS foi a consequência do que plantaram na cabeça da pessoa?Ou seja destruiu a vida de alguém usando o mundo espiritual.
Fez a pessoa pensar que Deus a ela um destino "cruel".Faz a pessoa se sentir rejeitada por Deus,sem expectativas pois tudo dará errado.
Enquanto que não foi DEUS que fez isso!!!!!
Falar do DESTINO é algo muito pesado e ninguém parece ligar.
Nossos pensamentos afetam nossas atitudes.E nossas atitudes afetam toda nossa vida!!
O tarô mexe a MENTE ,com traumas,sonhos,expetativas,auto estima.
É cruel porque os leitores dizem que são os anjos e guias que estão por trás das cartas então imagina a pessoa ouvir essas coisas vindo de um "anjo" ou do mundo espiritual.Isso é amaldiçoar alguém! Tudo que a pessoa tomar como "VERDADE" terá um impacto na sua mente e nas suas atitudes.
Exemplos de consequências do tarot:
Você diz para alguém:
"Você não conseguirá o emprego" daí a pessoa vai para a entrevista cabisbaixo,não se arruma e não consegue mesmo o emprego.(até aí tudo bem poderia acontecer com qualquer um)
Mas COMO SABEREMOS SE O QUE A LEITORA DE TARO VIU nas cartas FOI A PROPRIA CONSEQUENCIA DA NEGATIVIDADE QUE ELA PLANTOU NA CABEÇA DA PESSOA?Nunca saberemos até que ponto a própria leitora afetou o resultado entende?
Jamais saberemos.
A mente é complexa.
Eu só sei que tenho que tenho NOJO e raiva porque em pequena e grande escala o tarô vai contaminando a mente e o emocional.
Outro exemplo de relacionamentos:
ResponderExcluirA pessoa vê que o relacionamento não dara certo.Dai ela começa a ser grosseira,ciumenta,doida,desconfiada,carente etc derrepente trata o cara mal enfim sabota tudo e realmente o relacionamento se destrói.
Até onde a leitura viu o "destino" e até onde a leitura influenciou o resultado?
Como eu disse é um efeito borboleta
Parece aqueles filmes onde os personagens tentam mexer com O TEMPO o FUTURO e tudo sai dando errado.
ResponderExcluirO tarô me causou pensamentos suicidas e depressão se não fosse a psicologia eu nunca teria compreendido como o tarô,numerologia astrologia são ferramentas terríveis e uma ARMA!!!
ResponderExcluirMesmo nas mãos de pessoas boas.Nao importa! Elas mesmo com boa intenção tem o poder de nos causar um mal terrível usando o taro.Nem consigo descrever como meu EMOCIONAL ficou com tanta loucura.
ResponderExcluirAparentemente suas amigas foram influenciadas pelo o que vc disse que viu nas cartas. Não seria dom, pq não houve premonição de nada..As pessoas são influenciáveis. Eu acredito no dom da premonição mas poucas pessoas as têm....Desculpa a sinceridade
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