domingo, 31 de julho de 2011

Dois axiomas universalmente verdadeiros

“Axioma” deriva de “Axis”, ou “Eixo”, algo em torno do que as linhas retas pautam-se, um parâmetro a partir do qual a realidade é estabelecida, fixada.

O Axioma diferencia-se do Dogma por “Dogma” carregar a questão da necessidade de uma declaração cega de fé e o axioma proclamar-se uma verdade auto-evidente, reverificável, qquer que seja o prisma analítico.

A rigor, em nosso mundo, não existem axiomas verdadeiros, apenas aparentes. Tal qual nenhum círculo que possamos desenhar descreverá uma circunferência perfeita. Tal qual nenhuma reta que tracemos será, ao fim e ao cabo, verdadeiramente retilínea. Pois, como afirmou Pitágoras “Não existem retas reais”.

Nós gostamos de ter conosco certas certezas que pautem nossa vida, que nos tragam conforto e estabilidade, sejam Dogmas ou Axiomas. Ou mesmo coisas muito inferiores a isso, certezas às quais chegamos sozinhos, conclusões tiradas de nossa parca experiência de vida.

Quando jovens, muitos de nós cultivam certezas tolas do quilate:

- Só me arrependo do que não fiz.

- Live fast, die pretty. (Viva rápido, morra bonito)

E outras besteiras deste tipo que nos dão a falsa impressão de termos algum tipo de controle sobre nossa vida. Eu mesma, quando mais jovem, cultivei como certezas infindáveis baboseiras que hj, na maturidade, sei melhor adjetivar. E embora certa de que nada que eu possa afirmar como verdade verdadeiramente o seja, mas dando prosseguimento à inescapável espiral de ilusões na qual giramos em falso, escrevo este texto para divulgar dois axiomas que até agora não pude comprovar irreais.

E que possuem certo substrato pseudo-humorístico.

*Verdade Universal Número 1*

- Nunca diga que alguém não serve para nada, pois ao menos de mau exemplo ela serve.

Sabedoria de botequim? Com certeza, porém parem para pensar sob diversos ângulos. Perceberão que tudo, todos, qquer acontecimento, mesmo que deletério, serve ao menos de lição para que a burrice não seja repetida. Por isso Historia magistra vitae est. (A História é a professora da vida), pois ao observar o resultado das ações do passado podemos repensar sobre nossas ações presentes para não chafurdar na mesma lama de outrora.

*Verdade Universal Número 2*

- Nunca diga que alguém não vale nada, pois todos nós carregamos US$ 1.000.000,00 (um milhão de dólares) em órgãos.

Verdade chinfrim de fim de noite? Com certeza. Porém tal frase descreve a mais absoluta verdade. Conforme vivemos num mundo sob a “Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão”, não existem “açougues” de carne humana. Ou existem?

No Brasil, a venda ou aluguel de material biológico humano é ilegal. Uma mulher não pode alugar seu útero como “barriga de aluguel”. Um homem não pode vender seu esperma. Nos EUA, nada disso é ilegal. Muitas mulheres se sustentam como barrigas de alugue, doadoras de óvulos ou mesmo de sangue. Coisas que se regeneram naturalmente. A venda de órgãos, porém, é ilegal.

Retirar órgãos com função fisiológica é irracional e podemos nos perguntar pq alguém faria isso. No “lado A” da vida as pessoas podem fazê-lo por um motivo altamente meritório: salvar a vida de alguém. Doar a medula óssea, parte de seu fígado ou mesmo um de seus rins para um parente, ou mesmo desconhecido, é um dos atos de maior abnegação conhecidos em nosso mundo. Prescindir de um órgão “por amor” ou “por caridade” é socialmente visto como um ato de extrema bondade. Quase que um “passe livre” para o “Céu”.

Porém, o mesmíssimo ato, abrir mão de um órgão para salvar a vida de outra pessoa, é visto como um anátema, um crime contra Deus, se a equação envolver recompensa monetária. Doar um rim é lindo. Vender um rim é crime. Não estou a questionar isso. Apenas a apontar como o envolvimento de dinheiro em questões corporais é um anátema em nossa sociedade.

Mas um rim, sozinho, no mercado negro de órgãos não vale um milhão de dólares. Esse é o valor estimado do conjunto dos órgãos transplantáveis retirados de um corpo humano adulto e saudável. Mas como alguém poderia saber disso? Por acaso alguém já se vendeu inteiro, no esquema “Me retalhem, e dêem o um milhão de dólares para minha família”?

Não sei. Mas por conta de diversas reportagens ouvi essa cifra. E fiquei sabendo que esse é o valor que o governo chinês aufere da venda dos órgãos dos múltiplos condenados à pena de morte neste país. Isso deveria ser, e é, chocante. Que algum governo reconhecido internacionalmente trate seu sistema carcerário como um açougue de cortes finíssimos, com um repositório diversificado de órgãos esperando chegar o pedido de compatibilidade, que ao dar Bingo! determina a execução do apenado-doador.

Talvez isso seja apenas mais uma lenda urbana, tal qual a de alguém que acorda sem os rins numa banheira cheia de gelo. Mas posso afirmar de forma axiomática que ouvi relatos verdadeiros de pessoas transplantadas que compraram órgãos humanos de origem chinesa no mercado negro.

Tristes são as poucas verdades verificáveis nesta vida.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Você já se descobriu um coadjuvante elencado a contragosto numa farsa?

- Fernanda, eu nunca te fiz nada, pq vc mandou aquelas fotos para a minha namorada?

Certa feita meu sangue gelou diante de um amigo ao ouvir dele esta frase dita numa entonação de desapontamento completo. Meu sangue gelou não pq me vi “pega no pulo”, surpreendida num mal-feito. Mas pq eu não tinha a menor idéia do que ele estava falando.

* Digressão necessária *

Festa de aniversário de um colega de faculdade. Sempre tive alma de historiadora, e sempre carreguei a tiracolo em ocasiões especiais uma máquina fotográfica para “eternizar” lembranças significativas. A festa foi ótima, tiramos várias fotos hiperfestivas, hj presentes online.

A certa altura da madrugada “dei P.T.” (perda total). Para quem não conhece a expressão, “perda total” é o termo utilizado pelas Cias. de Seguro para se referir aos veículos acidentados que não valem a pena o conserto. Ao ser considerado “perda total”, um veículo acidentado não será consertado, mas inutilizado, reduzido a sucata. Popularmente, “dar P.T.” em alguma ocasião, especialmente nas que envolvem o entorpecimento alcoólico, significa algo entre “passar mal” e “ficar careta”. É quando alguém percebe que já passou do ponto, já bebeu demais. Às vezes a própria pessoa não percebe que “deu P.T.”, e os amigos ao auxiliá-lo dizem rindo-se ao seu redor “Ele/a deu P.T.”.

No aniversário acima referido, eu dei P.T. A certa altura da festa o sono me assomou incontrolavelmente, e apesar da techneira bombando na orelha, recostei-me ao lado no sofá e caí no sono. Num inferninho com “som ambiente” a mais de 100 decibéis. Sim, eu dormi.

Não era a primeira vez que eu “dava P.T.” numa festa. Já algo escolada nas frugais intermitências da vida, sabia que nessa situação havia 2 coisas essenciais a resguardar: minha “castidade” (afinal, tb diz a expressão que ** de bêbado não tem dono) e a minha bolsa. Quanto à “castidade”, por estar num ambiente público, entre amigos, fiquei tranqüila. Quanto aos itens da bolsa, sempre é mais complicado. Portanto, fiz minha bolsa de travesseiro.

No terceiro sono, lá para o fim da balada, fui acordada aos cutucões por minha amiga L.

- Fernanda, acorda! Vc tá perdendo!... Me empresta a máquina!

Como eu sabia que minha câmera fotográfica estaria segura com ela, quase sem acordar abri a bolsa sob minha cabeça, tateei até achar o case e lhe repassei a máquina com uma recomendação automática:

- Toma cuidado com ela.

Voltei a dormir. Acordei às 5 e meia da manhã com a balada encerrando-se e meus amigos equacionando as caronas. Consegui uma até o Shopping Eldorado com minha amiga M.

Nessa época, creio que em 2005 ou 2006 já tínhamos o Orkut, mas seu álbum era limitado a 12 fotos. Portanto, nossa prática comum era socializar as fotos dessas ocasiões através de nossos e-mails. No dia seguinte, como era praxe, selecionei as melhores fotos, e as não comprometedoras, e as enviei ao mailing list coletivo dos colegas de História USP 2002.

Até aí tudo blz. Sempre procurei não dar upload nem divulgar fotos de meus amigos que eu não gostaria de ver divulgadas caso eu mesma figurasse no instantâneo surpreendido. Mas houve uma reclamação. Meu amigo R respondeu ao e-mail:

- Pô, eu não apareço em nenhuma foto! Não tem nenhuma foto minha?

Eu não havia reparado, e repassando as fotos vi que de fato, apesar de presente, ele não aparecia em nenhuma das fotos que eu divulgara. Tornei às fotos não selecionadas e encontrei 2 nas quais ele aparecia. Abraçado a outra colega nossa. O detalhe é que meu amigo R tinha namorada. Que não era a moça que aparecia a seu lado nas fotos. Detalhe adicionar é que essas fotos não haviam sido tiradas por mim, mas por L, no intervalo no qual eu dormia.

Para justificar-lhe que eu não havia de propósito o excluído de nossos registros, respondi apenas e tão-somente a ele em seu e-mail pessoal:

- Até tem foto sua, mas são essas, e achei melhor não socializar.

E anexei as duas fotos dele enamorado de nossa colega comum.

Para mim o assunto morrera por aí. Até que, uma semana depois, ao chegar num barzinho na Vila Madalena para assistir ao show da banda de outro amigo da faculdade, fui recepcionada por R com a fase citada no intróito do texto:

- Fernanda, eu nunca te fiz nada, pq vc mandou aquelas fotos para a minha namorada?...!

À meia voz esganiçada e quase escapando, respondi-lhe com os olhos arregalados:

- Mas que fotos?!

Sentamo-nos. Numa entonação semelhante a de um pai que descobre que seu filho é estelionatário ele explicou-me o que se passava.

- Lembra daquelas duas fotos de eu com a M? Pois é, minha namorada anteontem veio histérica me pedir explicações sobre elas. Me mostrou um e-mail anônimo que recebeu com aquelas 2 fotos anexadas. Exatamente as mesmas fotos que vc me mandou. Pq vc fez isso comigo?!

Acho que esse foi um dos maiores constrangimentos a que já fui submetida. Completamente sem jeito, gesticulando como um jogador de futebol que alega não ter cometido pênalti, disse-lhe com toda a sinceridade que a surpresa absoluta me franqueou:

- R... Olha, eu nem sei, nem nunca soube, o e-mail da sua namorada. Eu mal a conheço, não sou amiga dela. Eu mandei aquelas 2 fotos só pra vc... Putz, não sei se meu PC tá com algum vírus, ou o quê aconteceu, mas EU NÃO MANDEI AQUELAS FOTOS PARA A SUA NAMORADA, e nem teria pq fazer isso, vc é meu amigo!

Ele fez um muxoxo que só me preocupou ainda mais. Apenas 2 pessoas tiveram acesso àquelas 2 fotos, que eu nem batera: eu e ele. E como ele seguramente não as havia encaminhado à sua namorada, a única pessoa que o poderia ter feio seria eu.

Mas ele não sabia que também não fôra eu a mandá-las. Isso estragou minha noite tal qual o vinagre talha o leite. Tal qual a Lua rasga o breu. O fato virou a polêmica da ocasião, debatida em todas mesas, com os comentaristas dividindo-se entre os que acreditavam e os que duvidavam de minha inocência.

Sentei-me ao lado de L. Quase tão desolada quanto eu e crente em minha inocência ela disse:

- Fê, eu sei que nem foi vc que bateu essas fotos, fui eu!

Percebendo minha aflição, outro colega nosso, A, muito respeitado por sua sagacidade, me abordou:

- Fê, fica tranqüila, eu sei que não foi vc que mandou essas fotos. O R. não tem a menor idéia, mas a namorada dele deve ter guardada a senha do e-mail dele. Entrou e viu o e-mail que vc mandou para o R e encaminhou este e-mail para si mesma. Usou uma conta fantasma para simular ter recebido anonimamente estas fotos para poder confrontar ao R. Eu já disse isso pra ele, mas ele não acredita que a namorada dele seria capaz disso.

Engraçado. Era mais fácil para ele crer que eu, que não tinha nenhum interesse na dinâmica de seu relacionamento, estava interferindo nele maliciosamente do que crer que sua namorada, que já estivera seguramente presente enquanto ele digitava suas senhas, e que tinha pleno interesse no relacionamento, o estava a manipular.

A intervenção de A algo me aliviou e conforme a noite prosseguiu os colegas foram se convencendo da minha inocência, baseados sobretudo no fato de que eu jamais demonstrara interesse em ficar com R. Será que se eu acaso já tivesse demonstrado tal interesse eu seria automaticamente considerada culpada?

Não sei. Só sei que me surpreendi inadvertidamente elencada a contragosto como coadjuvante numa farsa arquitetada pela namorada de R. Que a teceu completamente indiferente aos efeitos colaterais da “ficção anônima” que inventou, e sobre quem a sujeira desta mentira poderia respingar.

Desta feita fui eu. Fiquem atentos. Pois todos nós eventualmente nos descobriremos coadjuvantes elencados a contragosto numa farsa. Personagens manipulados nas biografias e mentiras de outréns.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Você está preso num mundo tridimensional?

O assunto desta postagem é extremamente intrincado, complexo, inefável até. É algo que não pode ser objetivamente analisado, não é táctil, olfativo, saboroso ou visível. Apenas pode ser “intuído” pelo “sexto sentido”, o “olho da mente”, a capacidade de abstração.

O tema deste texto são as dimensões existentes contrapostas às dimensões apreensíveis pela experiência humana. “Dimensões” são espaços, lugares, sítios. Um traço, tal como este “-”, é unidimensional, possui apenas o eixo convencionado como “X”, largura. Um conjunto de dois traços, como este “L“ é bidimensional, pois além da largura do eixo X possui a altura do eixo Y, conforme convencionado no plano bidimensional cartesiano.

Um cubo é tridimensional, pois além da largura e da altura possui profundidade, o eixo Z. Assim era a vida até 1905. O Ano Miraculoso nos trouxe a quarta dimensão, o tempo. O tempo revelou-se um tipo de distância. Percorrível, ao menos em tese. Estas 4 dimensões são para nós fáceis de compreender, pois as experimentamos com nossos sentidos.

Então chegou a Teoria das Cordas. A ciência, até então tão newtoniana, quadradinha e “bonitinha”, começou a explorar noções mais análogas à Teologia do que à Física. Multiversos, realidades paralelas, recriações cíclicas, energia escura...

A Teoria das Cordas, se correta, professa que o Universo tem muito mais dimensões que as 4 que observamos. Para alguns seriam 9 dimensões. Para outros 11. Teoricamente postuladas Matematicamente necessárias. Mas onde estão elas, e pq não as percebemos? De acordo com esta teoria estas dimensões “extras” estão a menos de meio milímetro de nós, bem aqui, porém não podem ser acessadas. Estão enroladas, redobradas sobre si mesmas, ensimesmadas, e seria necessária uma energia até agora impossível para abrir os pequenos buracos de minhoca que permeiam nosso mundo.

Estas demais realidades ao nosso lado estão numa brana diferente. Bem aqui. Mas intagível. Podemos matematicamente calculá-las. Quem sabe um dia cutucá-las, ou viajar até elas, sem sair do lugar. Não há como, pela nossa experiência humana, eu explicar “para onde pulam” essas dimensões extras tal qual pula para a frente a dimensão extra dum quadrado transformado em cubo. A única analogia possível é a de pessoas que não vivem e nosso mundo tridimensioal, mas num Universo menor, chapado, ao qual falta a terceira dimensão.

Sim. Muitos humanos vivem presos num Universo bidimensional, ao menos em sua experiência visual. Não conhecem do que se trata a tridimensionalidade, tão corriqueira para todos nós. Assim como nós humanos não temos a menor idéia de como são as demais dimensões emaranhados no nosso mundo. Assim como um daltônico jamais será capaz de apreciar as diferentes tonalidades do verde.

Humanos enxergam em 3D pela visão binocular, estereopsia. Por termos dois globos oculares em posições diferentes que constróem uma imagem única, em perspectiva. Até o Renascimento todas as manifestações artísticas planas da Humanidade eram chapadas, bidimensionais, sem profundidade, em 2D. Até que veio Fillipo Bruneleschi e inventou o “ponto de fuga” e as projeções tridimensionais imagéticas num plano bidimensional. Percebemos então que utilizando-nos da ótica, da geometria e da perspectiva, poderíamos inferir o 3D a partir do 2D. Visão em 3D inferida a partir do 2D é a realidade “presa à bidimensionalidade” que muitos humanos experimentam, sem o saber.

Veio ao meu conhecimento o caso de Susan Barry. Ela nasceu estrábica, ou “vesga”, com os globos oculares desalinhados. Aos 2 anos passou por uma cirurgia corretiva e deste então esteve segura de que o problema fôra corrigido. Já adulta, numa aula de neurofisiologia ouviu seu professor dizer que cérebros de estrábicos se condicionam a um mundo 2D, bidimensional. O sangue deve ter gelado em suas veias tal qual o de alguém que se descobre figurante numa farsa. Susan correu para fazer testes de visão 3D. Falhou em todos.

Descobriu-se, já adulta, inadvertidamente, presa num mundo bidimensional. Mais curioso do que isso é que, após os 48 anos começou a fazer uma terapia oftalmológica e de repente, inadvertidamente, o mundo começou a “pular” em sua direção. As coisas ganharam textura, saliência, relevo. Ela aprendeu a passar dum plano 2D para um plano 3D.

Todos nós estamos presos num mundo tridimensional submetido ao tempo, assim como Susan estava presa num mundo bidimensional, e os daltônicos estão presos num mundo sem cor. Será que algum dia poderemos acessar as dimensões “extras” entremeadas no tecido de nosso espaço-tempo?

Algum dia nos desprenderemos de nosso cubo sensório tridimensional? Algum dia transcenderemos a realidade apreensível por nossos 5 sentidos e começaremos a enxergar o que não pode ser visto por nossos olhos, mas apenas abstraído por nossa capacidade cognitiva, nosso “sexto sentido”?

P.S.: A visão monopsista também se desenvolve em pessoas cegas de apenas 1 olho. Talvez vc tb deva fazer um teste de visão em 3D.


The Verve - Space and Time


Os Extraterrestres existem?


Artigos científicos no Beit Chabad


Cabalá - As Sefirot e a Teoria das Cordas, por Tev Djmal


Cabalá e Misticismo - Sefirot, as dez emanações divinas

sábado, 16 de julho de 2011

Das Relatividades

Por “Relatividade”, assim, com érre maiúsculo, humanos esclarecidos compreendem uma alusão à “Teoria da Relatividade Geral” proposta por Albert Einstein, que demoliu o universo copernicano.

Até o Renascimento o Ocidente compreendia o Universo como uma cebola, cujo miolo seria a Terra, e em cujas esferas superiores circulariam as estrelas e o “Céu”. O nome científico para isso seria o Geocentrismo, a noção de que a Terra seria o centro do Universo.

Então veio Nicolau Copérnico e apresentou o Heliocentrismo, a noção de que não a Terra, mas o Sol seria o centro do Universo. Como tudo, ambas as noções são historicamente determinadas. O Geocentrismo pelo paradigma teológico de sua época. E o Heliocentrismo pelas possibilidades científico-tecnológicas de então.

Albert Einstein foi capaz de transcender os limites tecnológicos de sua época. Propôs teoricamente algo que, em seu tempo, não fôra até então observado. Inclusive, após a proposição de sua teoria, houve uma corrida de astrônomos atrás de um bom registro fotográfico de um eclipse solar, que poderia confirmar, ou cabalmente descartar, a proposição até então estritamente teórica de Einstein, de que a gravidade deforma o tecido do tempo-espaço. Que não são separados, mas manifestações de um mesmo continuum, percebido de 2 formas diferentes em nosso Universo tridimensional.

Se eu sou capaz de criar uma imagem que ilustre rapidamente uma implicação prática e observável da Relatividade Geral de Einstein, aqui vai: ela professa que o transcorrer com compasso espaço-temporal é relativo à velocidade e às forças gravitacionais à qual o observador está submetido. Tomemos como exemplo um astronauta que orbita a Terra. Em relação a nós, ele está acelerado a uma velocidade superior, portanto, o tempo para ele transcorre num compasso mais lento. Se antes de ir ao espaço ele sincronizou seu relógio de pulso com alguém que permaneceu na Terra em seu retorno, necessariamente, o relógio do astronauta marcará alguns segundos ou minutos a menos que o de quem permaneceu preso à Terra. E quanto maior foi o tempo da viagem espacial, maior será a discrepância entre os mostradores. Para fins práticos, todo astronauta viaja algumas frações de segundo para o Futuro ao (pelo menos parcialmente) desprender-se das amarras da gravidade terrestre.

Porém a Relatividade não é uma Lei apenas Física, mas verdadeiramente Universal, em todos os níveis da experiência observável humana. Pretendo explorar alguns exemplos variados a seguir.

1 – Luminosidade.

O que é o “claro” e o “escuro”? Depende da abertura de nosso diafragma ocular. Se vc esta num ambiente à plena luz e entra num quarto escuro, imediatamente vc nada vê, fica completamente cego. Porém, alguns segundos depois seus olhos calibram melhor o diafragma e vc começa a enxergar, mesmo que a ausência de luminosidade não se altere.

2 – Do paladar.

Numa festa de aniversário, já te serviram bolo com refrigerante? Isso não é horrível?!

Isso é horrível pela Lei Universal da Relatividade. Refrigerante, doce, é bom para acompanhar comidas salgadas pois há um contraste atraente entre ambos os sabores. Porém o bolo é mais doce que o refrigerante. E ao beber um gole de refrigerante depois de mastigar um pedaço de doce, o refrigerante não nos parece mais doce, e sim amargo. Pois comparadas as duas “doçuras”, o refrigerante perde.

3 – Da beleza.

Venho por meio desta confessar um “guilty pleasure” do qual me arrependerei. “Guilty pleasure” é um “prazer culposo”, algo do que vc gosta mais sabe que é ruim. Confesso. Não me orgulho, não recomendo, mas confesso: assisto ao programa “Keeping up with the Kardashians” e a seus desdobramentos “Kourtney & Khloe take Miami”, “Khloe and Lamar” e “Kourtey & Kim take New York” no E!, Entertainment Television. São reality shows que mostram o cotidiano dessa família, famosa por conta da exposição de Kim.

Para quem não faz parte do meu Universo, um breve resumo. Os anos 2.000 viram florescer a tendência dos “Reality Shows”. Começamos com o Big Brother, e de repente o voyerismo assumiu o controle da TV. Figuras secundárias deste fenômeno são os paparazzi. Paparazzo em italiano significa “mosquito”. Este termo foi aplicado, creio que por Fellini, para referir-se aos fotógrafos de celebridades que incomodam como mosquitos aos famosos, ou não, que perseguem.

Não foi apenas nos anos 2000 que soubemos deles. Em 1997 muito foi alardeada a possibilidade de ter sido um paparazzo, num Fiat azul, o causador do acidente que matou Lady Diana Spencer.

Dentre várias celebridades incessantemente perseguidas, um dos melhores exemplos é o de Britney Spears. Enquanto adolescente, ela foi a “princesinha do Pop”. Ao atingir a maturidade, casar-se e tornar-se mãe, foi sucessiva e impiedosamente flagrada nas piores situações possíveis. Magra. Gorda. Com calcinha. Sem calcinha. Careca e cabeluda. Até agrediu com um guarda-chuvas um fotógrafo. Namorou outro. Chegou a ser flagrada dentro de uma ambulância, na Emergência do Hospital.

Em diversas ocasiões festivas, Britney foi fotografada ao lado de “It Girls” de Los Angeles, mas desconhecidas pelos “simples mortais” ao redor do mundo. Duas delas começaram a ser famosas apenas após flagradas na companhia festiva de Britney Spears: Paris Hilton e Kim Kardashian. E se transformaram imediatamente em duas “famosas” por serem “famosas”. Britney ao menos cantava (ainda que mal). Mas e Paris e Kim?

Pelo sobrenome pode-se fazer a ligação de Paris à cadeia de hotéis Hilton, da qual é herdeira. Kim é filha do famoso advogado de O. J. Simpson Robert Kardashian, e é enteada do atleta olímpico Bruce Jenner.

Para quem nunca viu Kim Kardashian, uma forma de imaginá-la é lembrar-se da princesa Jasmine do desenho “Alladin” da Disney. Porém Kimberly Kardashian é, fisicamente, o que a princesa Jasmine não é, em beleza, à décima potência. Nem um desenhista da Disney seria capaz de projetar, idealmente, uma beleza tão perfeita quanto a que Kim Kardashian tem, tangilmente. Nas palavras de Kelly Osbourne, comentarista do “Fasion Police on E!”: Kim Kardashian é a mais bela mulher que já pisou a face da Terra.

Sua beleza é simplesmente perfeita. Não apenas seu rosto é maravilhosamente bem calculado por algum sumo matemático, como seu corpo é maravilhosamente bem-torneado, com um derriére que de tão avantajado parece até artificialmente turbinado.

Pq qquer uma dessas observações é pertinente à Relatividade? Por conta de Kourtney Kardashian. Kourtney também é uma mulher maravilhosamente bela, com um corpo bem-feito. Quando apenas Kourtney aparece na tela, sua beleza nos atinge maravilhosamente.

Até que Kim apareça.

Embora Kourtney seja uma mulher belíssima, quando contraposta no mesmo frame a Kim, não há como, visualmente, perceber que na presença da irmã perfeita a beleza de Kourtney se apaga tanto quanto a doçura do refrigerante contraposta ao sabor do bolo.

Houvesse Kourtney nascido em qquer outra família, seria “a mais bonita das irmãs”. Porém teve a má sorte de receber como sua caçulinha “a mais bela mulher que já pisou a face da Terra” e diante disso, relativamente, jamais poderá considerar-se realmente bonita. Muito mais corpos gravitarão ao redor de Kim do que ao redor dela.

4 – Do progresso tecnológico.

Sinceramente, qquer ser humano que reclame da existência hj é um grande bunda-mole. O avanço tecnológico da Humanidade facilitou nossa existência de tantas maneiras que um viajante do tempo que chegasse hj vindo de 2 mil anos atrás ficaria rapidamente convencido que grande parte do que ele almejava por uma “vida paradisíaca”, nós já desfrutamos.

Alguns exemplos brasileiros.

Os pioneiros paulistas precisaram, por séculos, escalar manualmente a “Muralha”, a Serra do Mar que divide a Baixada Santista do Planalto Paulista. A árdua escalada durava dias ou até semanas. Hoje, num dia sem trânsito, chega-se de São Paulo a Santos em menos de meia hora, de carro, pela Rodovia dos Imigrantes. Também por séculos, para transportar a produção do planalto paulista ao porto de Santos, eram necessárias tropas de mulas e semanas de viagem. (Por isso foi escrito o livro “Rio Claro” de Warren Dean). Já adiantado o século XIX, algumas horas de viagem de trem. Hoje, de carro, da minha casa no coração do interior paulista, eu dobro apenas 4 esquinas e levo 2h15 para chegar à Marginal.

Duas palavras que transformaram o mundo: energia elétrica. Quantos poetas forçaram seus olhos para ler preciosos e raros livros à luz de velas? Hj todos nós temos à plena luz e à ponta dos dedos via Internet qquer livro que queiramos.

E ainda assim reclamamos.

Nunca nos daremos por satisfeitos pois todas as nossas noções de comparações são historicamente determinadas pelo que nos cerca. Um viajante do passado ficaria maravilhado com todas as nossas facilidades modernas. Nós, porém, acostumados a elas, não lhes damos valor, nem nos sentimos presenteados por termos a nossa vida tornada infinitamente mais fácil pela tecnologia.

Tenho a consciência de testemunhar um momento de transição histórica propiciado pelo avanço da tecnologia. A informática transformará completamente as relações humanas, e apenas engatinhamos nesse sentido.

Estamos saindo da vida analógica para a digital. Testemunhamos a transição para a realidade 2.0, para a Grande Revolução do Admirável Novo Mundo.

Valerá a pena a espera.

domingo, 10 de julho de 2011

Pneumotórax - Manuel Bandeira

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.


Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.


...............................................................................................................


— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
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